Bizarrias
O tópico era a minha tendência (excessiva?) para pensar.
É verdade, ando há muito tempo perdido nos meus pensamentos, fará exactamente dia 5 ou 6 de Fevereiro não sei precisar o dia dois anos. Dois anos em que mergulhei no mais profundo “silêncio”.
Silêncio? Não é que não tenha o que dizer, mas sim porque tenho que pensar naquilo que quero dizer.
Vi nessa data a minha vida mudar de tal forma que só muito recentemente percebi – demorei cerca de dois anos a chegar lá.
Despi as velhas roupas que usava até essa data e fui vestindo outras ao gosto de outros e de ocasiões.
Em Maio/Junho do ano que passou decidi voltar a lutar, voltar a procurar aquilo que quero, reescrever muita coisa que deixei passar.
Não é uma luta com outros, mas sim uma luta por mim, por aquilo que era, por aquilo que é e sobretudo por aquilo que quero ser.
Se tivesse desistido de pensar, a minha vida teria sido um turbilhão em que me afundaria perante a força dos acontecimentos, em que seria mas não existiria.
Escolhi um caminho, diferente de muitos outros, o meu caminho, e só agora percebi que mesmo sendo o meu caminho, tenho muitos amigos que mesmo há distância me vão acompanhando e velando pela minha viagem.
Não posso carregar o peso de outros nos meus ombros, e, creio que ninguém nunca me pediu, eu é que o assumi. Foi como se de repente tivesse sentido que tinha chegado a minha hora de “subir para o palco”. E é, é sem duvida a minha hora, e será sem duvida uma das “finest hours” mas terá de ser conduzida de forma diferente.
Há um mundo que me é exterior e que eu não controlo nem posso controlar, e depois há o meu que tinha relegado para segundo plano e que posso e de facto controlo. É o meu mundo que estou a tentar reorganizar.
Travo uma guerra interior em que estou sozinho, em que levo comigo os meus valores, os valores que alguém me transmitiu.
Faço juízos de valor precipitados, é uma verdade, mas também aviso já estou com menos paciência para falar, estou de respostas ásperas e aos solavancos. Não que esteja irritado com os outros, mas sim comigo mesmo.
Desconfio de quem nunca se exasperou consigo próprio. Há tantas pessoas tão capazes de fazer tudo, de resolver tudo, que conhecem as circunstâncias todas, tudo é explicável.
Mesmo estando de “juízos rápidos” sei que nada é a preto e branco, e olhando para o meu próprio exemplo sorrio-me.
P.S. – O texto é críptico mas apenas porque falo para mim, tento que o alento não se desvaneça.