Tuesday, January 03, 2006

Inquietações

Não se inquiete quem ler este texto, resultado de uma intensa madrugada.
Depois de ter entrado na minha universidade, dois anos depois, decidi voltar a pegar nos exames nacionais do 12º de física e de matemática. Se no primeiro tinha tido uma excelente nota, o segundo foi um rotundo falhanço face às expectativas. Refiz o exame de matemática com extraordinária facilidade, teria tido uma nota soberba…
Ora bem, aqui está o “segredo” – passou tempo e eu adquiri novos conhecimentos.
Em Fevereiro deste ano cumprem-se dois anos desde de que comecei a alterar-me profundamente. Não sei se para melhor se para pior, nem isso é neste momento relevante.
Neste momento sou capaz de fazer aquilo que antes seria para mim impensável. Assumo muitas mais responsabilidades do que aquelas que previra ou desejava.
Perguntaram-me se eu não tinha pena. Pena de quê? Não há nada de que se ter pena, há sim que aprender com o que a vida nos traz.
Não pretendo pintar um quadro pacífico porque não é a realidade, mas também não é o caos completo.
Tenho feito o que me é possível, o melhor que sei. Não estou com isto a dizer que estou satisfeito, não estou, mas também não sei se posso estar tão insatisfeito como isso tudo.
Ainda tenho que aprender muita coisa, entre elas a perder este terrível sentimento de culpabilidade, de achar que poderia ter feito mais e melhor, quando de facto dependia de outros e não de mim.
Se alguma vez me perguntarem como gostaria que a minha vida fosse recordada, diria que gostaria que fosse como uma faena, galharda, com verdade, com sentimentos vivos.
Não me sinto triste, sinto-me por vezes angustiado e com medo.
Ao contrário de uns e de outros, eu tenho medo – medo de falhar a minha vida, de não ser feliz, de não ser capaz de amar e ser amado. Pode parecer uma estupidez mas tenho medo de repetir os erros de outros.
É talvez este medo que faz com que tenha tamanhos anti-corpos a determinadas pessoas e comportamentos.
O tempo vai passando e eu vou desejando que com ele venha a sabedoria que me permita refazer alguns passos, que faça com que perca alguns medos.
Estou a escrever e a reler este texto – sorri-me. Seria natural que pintasse o meu mundo e os meus pensamentos melhores do que eles de facto são, afinal estaria a fazer uma “propaganda” melhor de mim mesmo. A verdade é que ninguém é perfeito, ninguém está imune ao medo do desconhecido e de falhar.
E subitamente instalou-se uma calma (temporária?) interior que me faz sentir mais tranquilo e mais aliviado.
Estou no entanto numa de São Tomé – ver para crer – as mentiras que me têm tentado fazer engolir são de tal forma esfarrapadas que sinceramente, peço que não me insultem!


"A incredulidade de São Tomé" - Caravaggio

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