Friday, June 23, 2006

Gares

Há uma sensação tão peculiar quando se viaja e se chega a um destino onde esperamos encontrar alguém que conhecemos.

Chega-se cansado da viagem mas feliz com a ideia de encontrar aquela ou aquelas pessoas que nos recebem de braços abertos e com todo o carinho.

Detesto viajar sozinho, gosto de ir aos locais com pessoas que para mim sejam especiais.

E neste momento quero viajar sozinho, quero ir por mim a alguns lugares. Quero ir para regressar, para ser recebido de braços abertos, para sentir que mesmo indo para aqui ou para ali, que o meu lugar neste mundo é aqui. Gostava de ter algumas pessoas a receberem-me no cais no dia em que regressasse mesmo que essas pessoas pouco percebam o quão importante se tornaram para mim.

Queria ir para voltar, mas voltar mais convicto da escolha e do caminho, para fechar “e ses” que ficaram há muito na minha cabeça.

Não sei explicar porquê, aliás sei mas a explicação não cabe neste espaço, mas nunca me senti tentado a fazer as malas e ala que lá vou eu para os caminhos do mundo. Tenho a minha família, os meus amigos, as pessoas de quem gosto e pelas quais assumi responsabilidades nem que seja a de estar lá quando precisam – não me faz sentido deixar tudo isto para trás.

Será assim tão estúpido pensar que temos a nossa vida num local e que não faz sentido deixá-la?

Será assim tão descabido querer partir para voltar?

Fará tão pouco sentido querer ir sozinho ou então com alguém com a qual queiramos partilhar alguma parte da nossa vida?






"I hope this old train breaks down
then I could take a walk around
and, see what there is to see
time is just a melody
With all the people in the street
walking as fast as their feet can take them
I just roll through town
And though my windows got a view
Well the frame im looking through
seems to have no concern for me now
so for now I

I need this
old train to breakdown
oh please just
let me please breakdown

Well this engine screams out loud
Centipede gonna crawl westbound
so I dont even make a sound
Because its gunna sting me when I leave this town
And all the people in the street
that i'll never get to meet
if these tracks dont bend somehow
and I got no time
that I got to get to
where I dont need to be
So I

I need this
old train to breakdown
oh please just
let me please breakdown

I need this
old train to breakdown
oh please just
let me please breakdown

I want to break on down
but I cant stop now
let me break on down

But you cant stop nothing
if you got no control
of the thoughts in your mind
that you kept and you know
you dont know nothing
but you dont need to know
the wisdoms in the trees
not the glass windows
You cant stop wishing
If you dont let go
of the things that you find
and you lose, and you know
you keep on rolling
put the moment on hold
the frames too bright
so put the blinds down low

I need this
old train to breakdown
oh please just
let me please breakdown
I need this
old train to breakdown
oh please just
let me please breakdown
I want to break on downbut I cant stop now"


Jack Johnson - Breakdown

Thursday, June 22, 2006

Às vezes…

Gostava de poder cobrir as pessoas de quem gosto e protegê-las…

Parêntesis


“Erros meus, má fortuna, amor ardente
em minha perdição se conjuraram;
os erros e a fortuna sobejaram,
que para mim bastava o amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
a dor das cousas, que passaram,
que as magoadas iras me ensinaram
a não querer já nunca ser contente

Errei todo o discurso de meus anos;
dei causa que a Fortuna castigasse
as minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse que fartasse
este meu duro Génio de vinganças!”


Luís Vaz de Camões

Sunday, June 18, 2006

Arco-íris, duendes e potes de moedas de ouro

Segundo a lenda, se encontrarmos o fim do arco-íris encontraremos um pote com moedas de ouro aí escondido por duendes.

Na Galiza por exemplo, um arco-íris é sinal de uma bruxa a pentear-se.

E a tradição de se poder pedir 1 (ou 3) desejos sempre que se vê um arco-íris?

Afinal estamos só a falar de um fenómeno de refracção da luz que origina aquele espectro de cores – as cores primárias, aquelas que combinadas dão todas as cores que vemos.

É como se sentíssemos necessidade de associar a este fenómeno (bastante simples) um significado especial – revestimo-lo de uma aura de magia…

E a quantidade de arco-íris que vamos vendo na nossa vida? A quantidade de coisas banais que vemos, que sentimos, que pensamos, mas que por uma qualquer razão associamos a algo de especial – quantas vezes não se ouve dizer “Aquele momento foi mágico”?

Sendo no entanto o resultado de uma acção extraordinariamente simples, que podemos recrear em nossa casa de forma simples, tem uma beleza extraordinária.

A força das coisas simples é por vezes imensa – um simples “olá” ou um “bom dia” sorridente podem fazer com que o nosso dia se torne radioso.

Curioso como tudo o que é simples parece funcionar melhor.

Será que fomos feitos para adornos nas nossas acções?

Friday, June 16, 2006

O cúmulo da piada (ou talvez não…)

Anda tudo tão perdido à procura do ideal que se esqueceram do real.

Mas gosto do pragmatismo: “um homem bonito é para dar umas voltas, um homem feio é para casar” – é o mais doce elogio que se pode fazer não haja dúvida.

Agora fica a questão: e se for o contrário?

Já estou a imaginar:

- “Querida, já namoramos há tanto tempo… E és uma pessoa tão especial, amo-te verdadeiramente… Queres casar comigo?”

- “Ordinário, não me respeitas, a chamar-me de feia!” (com estalo a seguir ou não deixo ao vosso critério)

E é assim que esperam que a gente se entenda?

Monday, June 12, 2006

Fartote


Estou farto que se digam as coisas vazias de significado, que se deixem voar as palavras como se pudéssemos dizer tudo sem qualquer consequência. Estou farto de falar e não ser ouvido, estou farto que me peçam conselho, façam outra coisa qualquer e a seguir me digam; “(…)devia ter seguido o que me disseste…”

Estou farto daqueles “amigos” que sempre que têm problemas ligam e passam horas a descarregar como se eu fosse retrete e quando me vêem mais aflito têm a distinta lata de dizer (via sms que eles não são parvos) “Gostava tanto de te saber ajudar… Mas olha, estou por aqui!”
E se fossem dar de pastar às cabras!!! Iam bem não iam?

Estou farto desta merda do “Parecer bem” ao invés de se ser qualquer coisa. Uns de nós somos bons, outros maus e outros apenas e só indiferentes. Mas hoje todos temos que ter um dom qualquer, ou se não temos inventamos.

Estou farto que me digam, “eh pah, estou tão aflito de trabalho… acho que não vai dar…” – Ya pois, mas independentemente do meu trabalho eu consigo ter tempo para os outros – ESTÚPIDO

Enfim, estou farto…





VOICE OF JUDAS

Every time I look at you I don't understand
Why you let the things you did get so out of hand.
You'd have managed better if you'd had it planned.
Why'd you choose such a backward time in such a strange land?
If you'd come today you could have reached a whole nation.
Israel in 4 BC had no mass communication.
Don't you get me wrong.
I only want to know.

CHOIR

Jesus Christ, Jesus Christ,
Who are you? What have you sacrificed?
Jesus Christ Superstar,
Do you think you're what they say you are?

VOICE OF JUDAS

Tell me what you think about your friends at the top.
Who'd you think besides yourself's the pick of the crop?
Buddha, was he where it's at? Is he where you are?
Could Mohammed move a mountain, or was that just PR?
Did you mean to die like that? Was that a mistake, or
Did you know your messy death would be a record breaker?
Don't you get me wrong.
I only want to know.

CHOIR

Jesus Christ, Jesus Christ,
Who are you? What have you sacrificed?
Jesus Christ Superstar,
Do you think you're what they say you are?




P.S. – Compota, és livre de escrever sobre o que queiras neste espaço e prometo para mais tarde um post com a minha opinião sobre os assuntos.

Saturday, June 10, 2006

Teoria Utilitarista

"Abandonar animais é como abandonar uma criança"

Jane Goodall, a mais conhecida especialista mundial em comportamento dos primatas

(fonte: Público edição 1.06.2006, pág. 25)

Num blog que costumo visitar apareceu um post com esta frase gerou-se uma discussão enorme sobre o pensamento filosófico, principalmente porque o título dizia "burrice adulta".

Do meu ponto de vista não se pode comparar a vida de um animal a uma vida humana, mas preocupa-me que alguém as ponha lado a lado. Podem ser grandes pensadores e óptimas teorias que até parecem ter lógica, mas uma pessoa que diga isto não pode conhecer bem a vida humana.

Sim, é verdade que amamos o nosso animal de estimação. Mas esse amor é alguma vez comparável ao amor que temos por um filho nosso ou de alguém que conhecemos? Não e nunca pode ser posto ao mesmo nível. Por isso (desculpa Luís pelo que vou escrever, mas não posso deixar de exprimir o que me vai na alma) é que se cometem tantas atrocidades na nossa sociedade com as crianças com as leis sobre o Aborto e a Procriação Médica Assistida.

Há uns anos numa campanha contra o aborto, circulava uma t-shirt que resume isto. Um cão e uma gato a dizem a um bebé:
-Não me digas que não existe uma Liga protectora das Crianças...

Thursday, June 01, 2006

Misturadas

Este espaço entra em modo de auto gestão, até dia 15 de Julho estará quase por sua conta. Não pára completamente mas ficará quase parado.

Necessito de todo o tempo para outras coisas…

Entre pesos de locomotivas, inércias de carris, espessuras de camadas de pavimentos, momentos plásticos e outros bichinhos assim dei por mim a pensar em algo que não faz sentido neste naipe.

Será possível amar (no sentido de amor entre homem e mulher) sem sentir paixão?

Deixem-me refazer esta pergunta…

Será possível amar sem ter à pele a paixão?

Será que é possível apaixonarmo-nos, querermos o outro mas ao mesmo tempo controlar a paixão, desejar o outro sem no entanto sentirmos aquela “necessidade” que a paixão tem?