Friday, January 13, 2006

P.D.C.


Partiste no longo traço do Oceano e eu fiquei ali, à tua espera! Transformei-me em árvore para poder ficar para sempre naquele lugar, à espera, à espera que tu regressasses.
Passaram as estações e eu fui envelhecendo, perdi as minhas folhas, entrei no Inverno da vida e tu nunca voltaste.
Fiquei sempre à espera e acabei por definhar nessa espera inglória.
Por mim passaram os pássaros meus amigos que constituiram familia ali mesmo, empoleirados em mim, à minha beira, mas eu nunca sequer os quis ver, os meus olhos estavam no horizonte, à tua espera.
Vi barcos naufragarem, vi passar tantas pessoas, vi...
Só tu, só mesmo tu é que não regressaste...
Cresci, tornei-me uma árvore robusta, suportei os ventos que me dobraram, mas fiquei de pé à tua espera, alimentei-me da chuva, aproveitei o Sol mas vivi sobretudo daquela esperança que voltasses.
Agora que estou nua, em que já não resisto a mais uma estação, quando todos os que me rodeavam desapareceram porque se mudaram de paragens, porque morreram, porque me disseram "Ela não volta" - e eu mesmo assim fiquei, esperando, desesperando...
E agora, no fim das minhas capacidades e da minha resistência sei que tu não voltas...

Mas quem és tu?

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