Numa época em que à minha volta vão existindo mudanças significativas, e pela partilha de várias histórias, um grande amigo meu e eu em amena conversa ficámos a pensar se seriam os homens que têm medo do compromisso ou se isso agora seria uma característica feminina.
Tenho assistido a vários amigos meus sonharem com o casamento, com o formar família e vejo-os chegar com ar completamente lívido e espectral porque quando o referem à pessoa querida a resposta é quase sempre a mesma: “Casar? Mas o que te passou pela cabeça? Claro que quero… mas não já… algures no futuro… talvez… ”
A verdade é que eles é que ficam “lixados” porque sentem – como aliás me parece natural – que fizeram figura de parvos e vêem o futuro a desaparecer e são apoderados por aquela sensação de “test drive” – gostam deles mas… há que ver o que acontece.
O que justifica esta aparente frieza feminina?
Há ainda a corrente das mulheres que recusam o nome do marido – também aqui haverá várias explicações.
Pergunto-me se não somos todos vítimas da ideia de “Amor Ideal” que alguém inventou e não andamos a deitar fora a felicidade que temos à procura de uma que seja de tal forma forte que arrase connosco e nos faça perder a cabeça. Não haverá aqui demasiada literatura de cordel? Não terá Hollywood algumas culpas no cartório?
Haverão de certeza justificações para estes comportamentos – seja a ideia do tal “Amor Ideal”, as famosas “borboletas no estômago”, a emancipação da mulher entre outras.
Antes que se gerem equívocos, sou defensor da emancipação das mulheres e da sua liberdade, questiono é se este é o caminho. Será que por antes os casamentos serem por conveniência não haverá agora um certo estigma que as leve a uma procura incessante de um amor “larger than life”?
Quanto à questão da adopção ou não do nome do marido, os argumentos são mais que muitos. Parece haver um certo desconforto com a ideia de que usando o nome do marido se fique rotulada de “pertencendo a”. Há ainda o argumento de que como nos casamos cada vez mais tarde, quando casamos o nosso nome já é conhecido profissionalmente e que portanto adoptar o nome do marido implica perder o “capital” conseguido antes em termos de trabalho.
Confesso que não percebo a questão do rótulo “pertencente a” porque uma mulher não é um fio que se use ao pescoço, um carro ou um qualquer objecto, é um ser humano. Não concebo a ideia de um ser humano ser pertença de outro – distingo no entanto o “pertencer” no sentido afectivo que no fundo quer dizer que se está com o outro indefectivelmente, apoiamos o outro “no matter what”, somos o seu apoio em todas as circunstâncias.
Percebo melhor a ideia de que a adopção de um nome pode significar uma perda em termos de “capital” no mercado de trabalho mas contra-argumento dizendo que quer conhece a história dos candidatos e fica apenas a saber que aquela pessoa é ou foi casada com fulano.
Não resisto a uma pequena alfinetada: Não haverá aí um certo acerto de contas com o passado histórico?
Não sou ingénuo ao ponto de achar que todos os homens são correctos ou sequer querem comprometer-se mas não deixa de ser um espanto assistir – por mais do que uma vez – a um aparente medo no feminino do compromisso.
Será sinal dos tempos? Estarão as mulheres a comportar-se como os homens que tanto criticavam?