Thursday, April 20, 2006

Casamentos

Há coisas que não entendo. Falar com alguns amigos é no mínimo estranho.

Estava desaparecido há um ano e hoje decide-me ligar sem mais nada. A conversa evoluiu tranquilamente. Onde estava a trabalhar, quais os planos dele de futuro, a namorada, o que ela estava a fazer e claro está a pergunta inevitável:

“E tu? Continuas alone?”

Ok, a pergunta já tinha sido colocada a martelo na conversa, o inglês apenas piorou a situação e o meu humor.

“Sim, continuo.”

O que se seguiu foi um espectáculo, uma tentativa de consolo em que enumera a quantidade de pessoas que conhecemos em comum que estão sem relações amorosas e um “(…) por isso não te importes…”

Importo, mas não pelo que ele imagina. Há tempos para estar com outros e outro tempo em que o que queremos é estar sós.

Estar com outro implica estar bem connosco próprios e isso, depois de algum acontecimento importante, demora algum tempo. O meu equilíbrio pessoal demorou algum tempo a ser restabelecido e ainda não sei se estou completamente decidido a deixar entrar outra pessoa na minha vida.
O enumerar de pessoas que estão sós foi apenas um triste desfiar de penas alheias que sinceramente não me confortam nada, e não procuro esse tipo de conforto, será assim tão difícil entender que às vezes nos sabe bem estar sós? É que não sou adepto da política de para esquecer uma, siga-se outra. Também não quero propriamente uma relação superficial em que não se fale de nada.

Achava eu que isto era o mais fundo que a conversa ia bater até que:

“Estou a pensar casar sabes, daqui a um ano, ano e meio… Namoramos há já quase 4 anos!”

Fixe para ti, eu não estou a pensar casar-me já.

Não estou pronto para me casar, há tanta coisa que tenho que deixar resolvida.

Não é por medo ao compromisso, é porque para assumir um compromisso dessa envergadura é preciso estar-se de corpo e alma, é preciso que ambas as pessoas percebam bem o que isso implica. Não se casa apenas porque é “porreiro” – assume-se um compromisso que é tanto maior quanto depois aparecem os filhos. Casar implica que se assumem várias obrigações, não se pode por e simplesmente casar num dia e separar-se no dia a seguir se as coisas não correrem bem. É uma decisão importante.

No espaço de dois dias é o segundo amigo a falar-me de casamento e estranhamente, eu que sempre achei que namoraria, casava-me, tinha os meus filhos e viveria feliz para sempre sou cada vez mais desconfiado em relação a isso.

Friamente, acho que muitas pessoas não fazem ideia do que é ser-se casado, viver todos os dias com a mesma pessoa, chegar a casa e ainda ter “disponibilidade” mental para o outro.

6 Comments:

Blogger DIV de divertida said...

é isso mesmo...
só se sabe quando se passa por elas...
é muito bom estar só. mesmo que não seja inicialmente por opção.
o sofá só pra nós, não ter de fazer uma comida mais requintada (pra quem como eu que odeia cozinha), usufruir do lado mais fresco da cama no verão, comer pipocas mesmo depois do jantar, não ter de suportar os cabelos deixados na banheira, e...
bom, não teria espaço para enumerar as vantagens!

April 20, 2006 11:24 PM  
Blogger inBluesY said...

obvio que não fazem, tal como não fazem ser pais, ou trabalhar, ter um negócio, enfim Viver... não temos a minima ideia vamos apenas aprendendo, e é quando assim o queremos.

tem coisas boas e outras nem tanto, o tal bom senso.

Concordo no estar bem connosco próprios, peça fundamental.

Agora passados, devemos aprender algo sempre com eles e seguir em frente, não fechar portas, o resto com calma chega, somente o que tiver de chegar, e se correções houver tambem há que aceitar...

mas Hoje em dia é dificil, porque todos temos de ser felizes... missão estranha esta, mas mais uma vez termino a divagar ;)
bjs

April 21, 2006 12:46 AM  
Blogger Maríita said...

Já estava com medo que nas tuas conclusões te fosses casar e eu não soubesse...hum, decididamente um momento gélido.

April 21, 2006 11:21 AM  
Blogger Joanissima said...

: )


Reflexão muito madura, esta tua...
O caminho que estás a fazer é ideal... Importa que te sintas bem contigo, sarado da maioria das feridas, em paz dentro do teu coração... Sendo esse o caminho ideal é também o mais longo e o mais difícil...
Mas, sim, acho que é mesmo por aí...

(Tens que me ensinar como consegues, boa?)

April 21, 2006 12:00 PM  
Blogger João Magriço said...

Meu caro, alguém uma vez me disse que para gostramos de alguém temos de estar bem connosco próprios. Antes dessa parte, nem sequer faz sentido falar em casamento. O futuro Deus o tem, e cabe-nos a nós descobrir... mas um passo de cada vez.
Um abraço

April 21, 2006 3:27 PM  
Blogger LoiS said...

Compota:

Grande verdade essa que escreveste!

Cumprimentos Luís.

April 21, 2006 5:07 PM  

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