Sunday, November 06, 2005

Sobre as Presidenciais III

No ciclo de entrevistas com os até agora conhecidos candidatos à Presidência da Republica Portuguesa, promovida pela TVI (publicidade à parte), ontem foi a vez de Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda.
No registo que já nos habituou, apareceu um Francisco Louçã aguerrido, combativo e com muitas ideias.
Teria sido um “passeio pela avenida” (expressão que tanto se adequa a esta campanha) não fora o muito bom contraponto feito pela entrevistadora.
Francisco Louçã atacou quer Cavaco Silva, quer Mário Soares quer mesmo Manuel Alegre, deixando apenas de fora (coincidência?) Jerónimo de Sousa.
Atacou Cavaco Silva e Mário Soares acusando-os de serem em parte responsáveis pela actual situação uma vez que já exerceram cargos importantes no Estado e não tinham acautelado a situação futura. Distanciou-se deles apresentando-se como a alternativa com perspectiva de futuro, ao que foi desarmado pela entrevistadora que lhe lembrou “O Senhor também já não é, propriamente dito, um jovem nestas andanças, já fez uma série de campanhas eleitorais, apoiou Mário Soares anteriormente e memo no interior do seu partido não parece ter sido consensual”
A alusão a estes factos teve um efeito curioso, porque Francisco Louçã, não os tentando refutar totalmente escudou-se dizendo que o tempo era outro, que as propostas dele eram na área económica, da justiça, do ambiente, etc., referindo que o BE não era dogmático e que por isso os seus militantes podiam apoiar quem entendessem ser o melhor candidato.
A explicação das suas intenções foi um desfiar de ideias apresentadas anteriormente na campanha para as Legislativas ou Autárquicas, ao que a entrevistadora lhe chamou a atenção para este mesmo facto e lembrando-lhe que se criticava Cavaco Silva por poder pretender um sistema presidencialista, as propostas que ele defendia, no actual quadro institucional competiam ao Governo e que portanto parecia que ele defendia o presidencialização do regime.
Numa entrevista morna, com Francisco Louçã a atacar Manuel Alegre por ir votar a favor deste orçamento de estado, não houve nenhuma novidade nas ideias apresentadas por Francisco Louçã que defendeu que se candidatava pela “luta ideológica e o combate contra a direita como sempre fiz ao longo da sua vida” assegurando que baixaria a taxa de desemprego (fica a questão: como pode o Presidente fazê-lo?) mas que a crise viera para ficar e demoraria a passar.
Quando confrontado com a questão de ser visto como alguém que se considera o único representante da esquerda moderna em Portugal, não escapou a responder de dedo em riste e um sorriso “Não, claro que não sou… mas temos que mudar esta paz podre e esta politica mole”
O único ponto em que estou de acordo com ele é na análise que faz do descrédito que os políticos têm vindo a acumular e na pobreza dos debates e de ideias.

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