Tuesday, November 01, 2005

250 Anos Depois

Passam hoje 250 anos do sismo de 1755. Às 9.30h os sinos das igrejas replicarão em Lisboa a lembrar a data à hora exacta em que ocorreu o abalo.
Não consigo achar a ideia “simpática” nem sequer me agrada particularmente.
Foi sem dúvida um momento marcante para Lisboa, alterou grandemente a tipologia da cidade, para Portugal e para o resto do mundo.
Candide chega a Lisboa pela mão de Voltaire nesse fatídico dia. Considerado um sinal divino, a mais luxuosa e rica capital da Europa caiu por terra marcando profundamente o pensamento europeu.
Do pós – sismo surge Sebastião de Carvalho e Melo que foi o único ministro a não abandonar a capital ordenando: “Enterrem-se os mortos e tratem-se dos feridos”. Este personagem até então relativamente menor assume enorme protagonismo tornando-se no ministro mais importante de D. José I que o agraciou com o título de Marquês de Pombal.
Da Sala do Risco saíram os desenhos das fachadas que conhecemos na Baixa, o desenho da malha ortogonal daquela zona da cidade, as decisões para a elaboração de uma rede de esgotos com tubagens ditas “generosas”, a ideia de ruas largas e com passeios. Surgiu ainda a estrutura de gaiola, invenção da engenharia portuguesa, uma estrutura que ainda hoje tem relevância do ponto de vista da resistência a um sismo. Actualmente estudada nos Estados Unidos da América com outros materiais, é uma estrutura considerada muito capaz para este tipo de solicitações.
Ficaram expressões como o “Rés-vés Campo de Ourique”, o “Bota abaixo”, “Santos de casa não fazem milagres” entre outras.
O “curioso” no meio disto tudo é que 250 anos depois, se houvesse um sismo de igual magnitude estima-se que na faixa que vai de Torres Vedras a Setúbal um milhão de habitações ficariam destruídas ou inabitáveis, cerca de 700 mil pessoas permanecem durante o período nocturno em habitações sem capacidade para suportar um sismo.
Regulamentarmente já há enquadramento para estas solicitações para a construção nova mas a reabilitação continua a viver um vazio legal que não contempla a hipótese de sismos.
E afinal por quem os sinos dobram?

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