Lágrimas

Hoje na minha universidade vi uma rapariga discutir com um rapaz e acabar lavada em lágrimas. Decidiu esconder-se para que não foste vista e acabou fechada na casa de banho durante um bom bocado.
Não percebo, como nunca percebi, porque é que as lágrimas têm que ser escondidas e muito menos ainda, consigo friamente perceber como é que nos magoamos tanto uns aos outros.
Disse friamente porque quando estou mais cansado ou envolvido de alguma forma com outras pessoas percebo que se chore.
Não sou daqueles que dizem que um homem não chora, porque choramos e às vezes mesmo muito. Já chorei por desaires amorosos, pela enorme frustração de querer mudar a minha vida e não conseguir, pelo simples facto de achar que um amigo ou amiga não se protegeu como devia e que está a sofrer (sofrer das múltiplas formas que se pode sofrer). Mas também já chorei de alegria…
Não percebo porque é que nos magoamos assim.
Quando gostamos de uma pessoa, e ela não corresponde é óbvio que isso nos dói por muito que tenhamos o desplante de dizer que não.
Quando os afectos entram (e acabam sempre por entrar) aparecem as expectativas e com elas as ilusões que quando não são correspondidas se transformam em mágoas que nos deixam marcas profundas e que mais tarde numa discussão nós atiramos friamente, quase com desprezo por forma a magoar o outro e assim contabilizar “um ponto a nosso favor”.
Os afectos são essenciais não haja duvida mas acabam por retirar o discernimento que temos quando estamos calmos e sem aquela ânsia de dizer algo que mexa com o outro e que ao mesmo tempo seja aquilo que o outro “quer ouvir”.
Quando gostamos de alguém, transcendemo-nos, transfiguramo-nos parece que tudo é diferente, os minutos que estamos com essa pessoa parecem que se evaporam e os minutos que estamos afastados ou sem noticias parecem meses intermináveis. O Amor é talvez o relógio mais enganador que há.