Saturday, October 01, 2005

Sobre a solidão III

A todos os meus amigos que me ligaram, escreveram, enviaram mails ou sms, este post é para vocês.
Há alturas em que enfrentamos uma solidão tremenda, como Cyrano de Bergerac antes de morrer enumera, a vaidade, a mentira, a decepção a falta de escrúpulos são o que envenena a vida e por muito que lutemos contra eles parece que no fim, eles se multiplicam e reaparecem…
Perguntam-me se estou bem, a resposta segue neste ultimo texto que encerra esta trilogia.
Estou em fase de pensamento. São pensamentos longos e profundos.
Estou também em fase de pouca verbalização, de certa forma estou na fase de conversar com os meus botões, desejando que a almofada seja boa conselheira.
De repente, tudo o que profissionalmente até ao momento mais queria desfez-se, esboroou-se num mar de incertezas, se fosse convidado para a tal firma de transportes, onde todos os que estão na área queriam entrar creio que diria que não.
Quanto a uma série de factores que alguns de vocês conhecem esses não se resolvem com a velocidade que desejaria e infelizmente em muitos casos os meus piores receios têm-se verificado.
Não é nada que não tenha solução, mas daí a que eu tenha capacidade de tirar um coelho tão grande da cartola, isso é que é mais complicado.
Estou farto da minha universidade, das mesmas pessoas, sempre batidas nos mesmos temas, com uma total incapacidade de perceber que a vida tem tanto mais para nos dar.
Digamos que estou em fase semi-rebelde, quero ir-me embora, quero coisas novas, bonitas, agradáveis. Falta-me a vontade de estudar porque não reconheço qualquer mérito à maior parte dos meus professores.
A minha ida ao estrangeiro agudizou a minha vontade de mudar muitas coisas na minha vida, fez-me ver que não vale a pena correr atrás de um fulgurante sucesso profissional se isso me impedir de ter tempo para desfrutar a vida.
Para quê saber o modelo logit de cor, modelos matriciais, ISO 9001 e afins se depois não sei nada de literatura, de pintura, de música?
Se viram o filme “Mediterrâneo”, vão perceber o que vou dizer a seguir: vivo numa ilha em que a realidade é uma mas a do mundo exterior é outra totalmente diferente.
Não sou só eu, todos nós, mas por vários factores, tomei uma consciência mais aguda desse facto e isso incomoda-me brutalmente.
É nestas alturas que sinto imensa falta de ter carta de condução. Se tivesse metia-me no carro e rumava para a praia, onde me sentaria a contemplar o mar.
Diria que há uma insatisfação grande, uma necessidade ainda maior de extravasar o comum, de fazer o extraordinário.
O problema é que muitas vezes não é só transcender-me, é preciso que os outros me sigam e isso é muito mais complicado.
Serão chinesices minhas?
Quanto a pessoas especiais? Fica um sussurro de saudade…

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