Thursday, September 29, 2005

Sobre a solidão I

Há alturas em que todos queríamos estar sozinhos e sair deste ou daquele local e estar num sítio que onde nos sentíssemos protegidos dos outros e mesmo de nós mesmos.
Há aqueles de nós que são claramente um “one man show” – são “solitários” por natureza, habituaram-se a estar sós, a assumirem as suas responsabilidades calando-se, aguentando para si o que de mau se passa e as suas frustrações em vez de as partilhar.
Não se ofendam os meus amigos com o que estou a escrever, não lhes diz directamente respeito mas é um desabafo meu como há muito não fazia neste espaço.
Há alturas em que mesmo o mais férreo dos homens, aquele que sempre foi suficientemente frio para segurar as pontas de vários problemas, de ser, se não o primeiro a chegar quando tocaram a rebate, foi sempre dos primeiros, cede.
Estou farto de ajudar uma série interminável de “amigos” que gentilmente me telefonam a pedir ajuda e que depois se vão embora para “vinho verde e putas” esquecendo-se que nós existimos.
Não me estou chorar, estou-me MESMO a queixar, chegou a altura de alguém me ajudar a mim.
Quantas vezes não liguei a alguém a desejar sorte em momentos importantes na vida dele e a seguir perguntei como tinha corrido? Quantas vezes não perguntei se podia ajudar quando alguém tinha um trabalho importante para fazer e não era capaz porque estava exausto ou o tempo era escasso?
E a mim? Ninguém pergunta?
Sinceramente, queixo-me porque sinto falta de apoio, não estou a ser capaz de tocar todas as campainhas ao mesmo tempo e, mesmo esmagado pelo cansaço, e não pedindo nada a ninguém, às vezes gostava que se lembrassem apenas de me desejar boa sorte ou de me ligarem apenas para saber como estou sem a seguir vir um pedido de favor.
É verdade, também sou de carne e osso e também sinto na pele as dificuldades e queixo-me. Há quem saiba que este texto não se lhes aplica porque têm sido excepcionais, esses, os verdadeiros amigos espero que percebam que não me refiro a eles, mas outros há que há muito tempo que lhes devia ter dito isto: “Bye bye”…

5 Comments:

Blogger Maríita said...

Sabes que tal como tu, me deparei recentemente com esses "amigos" que me telefonam sempre que têm um problema e que precisam de ajuda e que o que querem é um ombro onde chorar e depois, as soon as, a vidinha deles fica restabelecida, deixam de telefonar.
Fartei-me deles, não telefono, não lhes dou tempo de antena, escrevo aqui e no Maríita, e estou num momento de renovação solitária. Tenho pena de alguns deles que acham que são meus amigos e que eu sou amiga deles, alguns morreram e nem se deram conta. Mas sabes como é, fartei-me.
Mas o reverso da medalha é que pessoas como a salta pocinhas que tu tão bem conheces ou a andorinha, estão muito presentes na minha vida. Sempre meio loucas porque têm a casa, a Lua (no caso da Salta Pocinhas), trabalho, formações profissionais, etc. mas arranjam sempre um tempinho para mim e eu, tenho sempre tempo para elas. Depois, aprendi a apreciar alguns dos teus amigos, uns que eu já gostava muito antes como o JAM (Compota), o Xavier, a Joaninha e a Nuxa, outros que vão aparecendo e que vejo que são teus amigos mas que não conheço pessoalmente.
A solidão é uma companheira muito incómoda, mas está sempre lá. Temos que aprender a viver com ela e a aproveitar o que ela tem de bom. A solidão permite-nos conhecer melhor características nossas que não conheciamos, permito-nos reflectir sobre o verdadeiro rumo que queremos para a nossa vida e a partir de certa altura deixa de ser uma companheira incómoda para ser uma excelente companheira.
Beijinhos

September 30, 2005 11:22 AM  
Anonymous Anonymous said...

Luís: CANSA. Cansa muito.Mesmo,mesmo muito, ter, como diz a Maria, cara de retrete e que toda a gente te atire a m%&&/ pra cima.É assim que ela me descreve há anos!E descobri há mto pouco tempo q isto só se deve ao facto de eu estar sp a sorrir e apesar de falar pelos cotovelos, joelhos, pernas e rótulas, as pessoas no 1º encontro acham logo q eu posso ser a melhor amiga deles e pronto! Já está lá a vidinha toda escarrapachada e o choradinho do costume!Era suposto eles não terem tempo pra falar!Helloooo! E tal como tu, CANSEI.Não pk tenha esperado algum dia alguma retribuição (faço-o de coração e peito aberto)e que essa retribuição não tenha chegado. Mto pelo contrário!Mtas vezes chegam mto tarde, nos melhores momentos e mais inesperados, o que não deixa de ser compensatório, embora, como já disse, não seja esse o fim.Cansei porque tal como vós, há alguns que só aparecem pra chorar as mágoas e depois fazem como dizia a Susaninha do Quino ao Manelinho:"sou mto tua amiga, mas não sou amiga dos teus problemas".É nestes momentos em que vemos quem vale a pena ou não.Mas tb temos de entender q nem toda a gente tem uma estrutura forte como a nossa, por mto abalada q ela esteja nos últimos tempos.Mais importante ainda a ter em conta, é que essa limpeza TAO necessária, nao pode ser de modo algum feita rápida e impulsivamente.Mto menos levianamente.Tal como dizes, há mta gente que se fecha e não diz o q lhe vai na alma, e por vezes fecha-te a porta porque já nem ele(a) proprio(a) comportam com eles próprios.Se to disserem desta forma, não os elimines.Se forem Susaninhas desta vida, então chuta pra canto porque não interessam nem ao menino Jesus.E como diz a Maria, morrem e nem sabem disso!Eu confesso-me aqui uma "homicida"!Ao cansar, matei uma porrada deles e nem deram por ela...mas hao-de dar.Temos pena.
Outra coisa q aprendi a duras penas, e tb com a Maria em Espanha, é que nós(pelo menos eu) lá aprendemos, não a viver na solidão, mas sim a conviver com ela.Digo-te q ainda hj qdo vou a Valladolid de visita, choro baba e ranho aos domingos.Pra mim é um trauma e será sempre lembrar-me daqueles domingos horrorosos sem Pais, irmão e amigos.De tal modo k no outro dia, esta marmanjona de 28 anos, pediu qual bebé chorão a um amigo aqui em Lx, q a deixasse ficar lá em casa dele...só um cadinho, assim até às 11 da noite a ver TV.Eu prometi que ele nem me ia sentir e assim foi.Ele nem tinha q estar comigo, eu é k precisava de sentir a outra pessoa em casa.Por isso Maria, desculpa q discorde: a solidão é boa pra nos organizarmos, mas não será NUNCA uma excelente companheira.Qdo mto pode ser uma companheira esporadicamente necessária.E tenho dito ;)

September 30, 2005 1:03 PM  
Blogger Luis said...

Olá Andorinha,
Sabes, em relação às minhas "queixas", não peço nada em troca quando oiço os outros ou os ajudo, faço-o porque quero mas às vezes, só às vezes, gostaria que se lembrassem de mim apenas e só para me "mimar".
Limpezas - essas ocorrem todos os dias e não há nada a fazer. É inevitável que a vida nos separe de algumas pessoas e nos una a outras.

September 30, 2005 4:18 PM  
Blogger João Magriço said...

Já Jesus dizia, mais vale dar do que receber e tudo o que abdicares receberás 100 por 1 ainda nesta vida. Sendo assim, só imagino que a tua vida vai ser espectacular, mais que imaginar sei que vai ser.
Um grande abraço e apesar de "não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti" podes telefonar sempre que quiseres ;-p

September 30, 2005 10:49 PM  
Blogger Maríita said...

Sabes Compota, apesar das tuas palavras serem para o Luís eu sinto-as de uma maneira muito marcante. Sempre tentei ser um bom ser humano, dentro das minhas limitações que são tantas, sempre tentei ajudar o próximo, mas há épocas, e esta é uma delas em que penso honestamente que Deus se esqueceu de mim. Deus está a por-me à prova em todos os campos da minha vida, não escapa um e está a ser muito duro. Há dias, e hoje é um deles, em que eu só queria que alguém me abraçasse e me garantisse que esta angustia vai passar. Tento dar o meu melhor e em troca tenho levado chapada atrás de chapada e tem sido muito duro. Tento manter a esperança e sobretudo a fé que quase nunca me abandona, mas neste últimos dias, tenho questionado se o rumo que dei à minha vida, de tentar sempre ajudar o próximo tem sido o melhor.
Desculpa o desabafo, mas hoje está mais difícil que nunca.
P.S. - Eu tb tenho a certeza que deve haver algo muito especial reservado para o Luís porque apesar do mau feitio que ele tem às vezes, nunca conheci ninguém tão amigo dos outros.

October 02, 2005 3:25 PM  

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