Thursday, September 15, 2005

Katrina e os políticos

Se um post a pedir aos políticos que fossem de férias durante a época pior dos incêndios não chegou, agora meus amigos, dêem-me razão e vão-se embora...
Vocês não acertam uma! Não sabem fazer nada a não ser cometer erros atrás de erros. Chega a ser espantoso como é que a Humanidade consegue sobreviver com gente como os Senhores à frente dos destinos do mundo.
Durante e após o furacão "Katrina" a actuação dos políticos e em particular do Presidente George W. Bush, foi um desastre. O ano passado um furacão de categoria 5 atingiu CUBA (um dos países pobres das Caraíbas, o paupérrimo é o Haiti) e verificaram-se avultados danos materiais e meia dúzia de mortos. Porquê? Porque o Presidente de Cuba, mandou toda a gente das zonas costeiras para abrigos nucleares e para o interior da ilha. Nos EUA, o aviso foi tardio e só permitiu que os "ricos" fugissem. Ninguém se tinha lembrado de mandar evacuar antes? Tiveram medo dos prejuízos para o turismo? E as pessoas? Aquelas que não tiveram dinheiro ou hipótese de sair? A minha indignação não se fica por aqui.
Imediatamente após o furacão "Katrina" ter deixado o Louisiana e um rasto de destruição atrás de si, apelos por parte das autoridades deste Estado Federal chegaram a Washington. E o que é que Washington fez? Orelhas de mercador! Quando finalmente entenderam que o que viam no écran de televisão era mesmo verdade e não um filme de Spielberg, já o resto do mundo oferecia ajuda. Entre os primeiros países a oferecerem ajuda estavam dois cuja ajuda tinha que ser imediatamente recusada, Cuba e Venezuela. Cuba porque o Fidel é comunista e a Venezuela porque o Hugo Chavéz é um demagogo. Ok, de acordo, mas eles tinham o que era necessário naqueles momento, ajuda humanitária, médicos e petróleo (um dos maiores defeitos da Venezuela é ter petróleo, talvez um dia eu escreva sobre estes defeitos da América Latina). Uma vez mais os políticos de Washington estiveram mal porque muitas vidas foram ceifadas com mais este compasso de espera.
Agora, temos centenas de mortos, muitos feridos, milhares de deslocados e ainda assim, os políticos não entenderam nada. Não entenderam que não são discursos feitos "in loco", abraços a negros que perderam tudo o que tinham, e promessas (sempre as mesmas promessas) que apagam da memória das pessoas o pânico, as perdas, o frio e o calor extremo, a fome. Meus amigos aquelas pessoas vão viver para o resto dos seus dias com a memória pejada de imagens caóticas e de rostos a desfilarem desfigurados. Os Senhores falam em reconstrução de cidades completas, deveriam ter feito tudo ao vosso alcance para que nada disto se tivesse passado.
Fica o consolo, pelo menos para mim, de que Bourbon Street, imortalizada por Sting (entre outros), estar de pé e de que os seus comerciantes estão lentamente a regressar. Fica o consolo que apesar da capacidade ruinosa dos políticos, o comum dos mortais ser capaz de lhes sobreviver. Dentro de pouco tempo o "Katrina" não passará de uma memória para a maioria do mundo, mas deveria ser dado como exemplo, de tudo o que não se faz e não se deve fazer em termos políticos.

4 Comments:

Blogger Scott said...

Querida Maria,
Acho que tens razão na tua crítica do governo e a sua incapacidade de reagir a uma situação grave. De facto, já assumiram essa realidade. Mas quero salientar que o aviso chegou ainda com tempo de fugir. O problema verdadeiro é mais grave. Os pobres não podiam fugir por falta de transportes. Nem com um mês de antecedência é que dava. Para além da falta de transportes, muita gente não queria sair fosse o que fosse a situação. Só quando perederam tudo é que cederam à necessidade de sair da cidade. Até digo muitas famílias estão a beneficiar da oportunidade de começar de novo. Conseguiram sair de um cíclo vicioso. Como é que eu sei? Será apenas boato? Não. Conheço as pessoas de que eu falo. Apresento aqui apenas um pequeno resumo das histórias q1ue há para partilhar. Foi um desastre, mas um desastre devido a um fruacão de nível cinco. Ninguém se preparou para isso. Não desejava isso para ninguém.

Para terminar... a tua versão da história tem omissões graves. Pois milhares de "evacuados" estão a ser alojados, alimentados, e empregados por gente em todo país. Não posso dizer que o governo fez bem, mas quem precisa de um governo para fazer o que está certo? Nisto concordo com a tese do poste teu. E se os políticos se fossem embora para já? A gente cá está se a safar, obrigado.

September 16, 2005 4:45 PM  
Blogger Maríita said...

Olá Scott,

Tens razão, eu sei que milhares de pessoas estão a ser albergadas em vários estados e por diversas famílias, mas a ideia com que eu fiquei de tudo o que vi na televisão e dos jornais que li, é que o Estado, que deveria prevenir e proteger a população nestas situações, não estava lá.

Obrigada pelo teu comentário. Eu gosto sempre de aprender.
Beijocas!

September 16, 2005 9:24 PM  
Blogger João Magriço said...

Caro Scott,

de certeza que em Cuba o Fidel não deu o aviso e esperou que as pessoas saissem. Eu não estou a par, mas provavelmente mandou o exército evacuar toda a gente. Às vezes não é uma questão de avisar como quem grita lobo, é preciso ir lá buscar as ovelhas, e foi coisa que o Presidente Bush devia ter feito. Pode ser que agora aprendam... ou não.

September 17, 2005 3:04 PM  
Blogger Scott said...

Compota,
Pois é. Uma diferença é que Fidel é um ditador. Os EUA (por mais que não pareça às vezes) é uma democracia e o estado não tem esse poder. Também, se o exército viesse para me tirar da minha casa, eu resitia. Face a situação, o governo não teve as hipótese de Fidel e não devia, segundo a nossa constituição. Mas continuo a concordar com a Maria... por vezes nos fazia bem "perder" os políticos cujos alvos resumirem-se a isto: as próximas eleições. Mas talvez fiquemos com os outros.

September 20, 2005 5:47 PM  

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