Saturday, August 13, 2005

Perdoar

Tenho tido surpresas atrás de surpresas nestes últimos dias, na sua grande maioria foram todas bastante negativas, mas como dizem os meus amigos dominicanos “a todo hay que buscarle la vuelta” coisa que tenho tentado fazer com a maior placidez possível dadas as circunstancias e o meu próprio carácter. No entanto, ontem recebi um telefonema que me deixou muito apreensiva com a minha evolução pessoal.

Uma amiga ligou-me para me contar que se tinha reconciliado com o ex-namorado. Eu vou ser honesta, não digo que fiquei estupefacta porque poucas coisas me conseguem surpreender. Mas fiquei muito apreensiva, por ela em primeiro lugar porque ele é um paspalho (eufemismo) e por mim.

Agora vocês perguntam-se, mas que raio é que a Maria tem a ver com quem as amigas namoram ou deixam de namorar? E a resposta inicial é nada. Mas, neste caso, tenho tudo a haver. Gostava de saber se nas mesmas circunstancias que ela, eu aceitaria uma reconciliação fosse de que cariz fosse. Tenho tido várias dúvidas a esse respeito e penso, porque me conheço, que nunca aceitaria uma reconciliação. Porquê? Bem, em primeiro lugar porque tenho memória de elefante, raramente me esqueço de uma ofensa que me façam. Em segundo lugar, porque dependendo da situação, há coisas que não perdoo. Sou incapaz. Tudo o que para mim possa ser considerado uma falta de lealdade é imperdoável.

Já estou a imaginar as caras de horror espelhadas do outro lado do écran. Não é bem assim, eu não exijo a ninguém em termos pessoais, o que não exija a mim mesma, o que se passa e que eu sou mesmo muito exigente comigo. Há quem diga que sou mesmo a minha pior inimiga.

Então o que é que me fez parar e pensar tanto neste caso especifico? O que me fez parar e pensar tanto é pura e simplesmente a noção de que se calhar não posso ser tão exigente com os outros. Se calhar, eu sou um bocadinho radical, fecho uma porta e não a volto a abrir. Não é tanto que tenha medo do que esta por trás dessa porta, mas sim a nítida sensação de que a maioria das pessoas não muda e que portanto, tendo uma segunda oportunidade de voltar a entrar na minha vida, me magoariam outra vez.

Acho que vou continuar a pensar sobre este assunto mais uns dias, mas não garanto conseguir chegar a conclusões rapidamente. Por outro lado, ninguém do meu passado quis voltar a entrar na minha vida por isso, posso e vou adiar a resposta ao meu dilema.

3 Comments:

Blogger Unknown said...

:) É excelente que consegues analisar-te tão bem a ti mesma, e pôr os teus próprios pressupostos em causa.
Penso que perdoar é essencial porque, caso nos recusemos a fazê-lo, continuaremos ligados à pessoa que nos ofendeu por uma recordação de amargura. Às vezes os sentimentos prendem-nos, mas para o mal.
Perdôo racionalmente, porque é difícil deixar logo de sentir mágoa. Para mim perdoar é uma decisão que deve ser tomada, e não um sentimento. Portanto, perdoar não equivale a esquecer, nem seria bom que assim fosse, pois temos de aprender a conviver com as nossas recordações, sejam elas boas ou más.

August 13, 2005 10:31 PM  
Blogger Maríita said...

Ola Catarina!
Eu consigo perdoar, aquelas pessoas cujo dano que cometeram nao me fez tanto mal que sou incapaz de as olhar na cara sequer. Nao me vingo e ja dei um importante passo na minha vida, porque tive momentos em que me vinguei das pessoas. Mas ainda assim existem casos em que nao sou capaz de perdoar, ou se perdoar, posso desde ja garantir que continuo o meu caminho sem olhar para tras.
Eu sei que tenho que conviver com as minhas recordacoes boas e mas, mas confesso que dou preferencia as boas para poder ter um sorriso nos labios no dia-a-dia, as mas recordacoes servem para que eu me lembre do que e que correu mal, onde e que houve o erro e onde e que confiei demais e devia ter levantado a guarda...
Quando eu falo aqui em perdoar, sao actos que pela sua natureza sao atentados aos meus principios. E apesar dos tempos que vivemos, em que quase tudo e permitido e nada sancionado, os meus principios sao a batuta pela que me rejo, nem sempre muito bem, mas esforco-me.

August 16, 2005 11:48 AM  
Blogger Don KeyShot said...

Apesar de ser um outsider, nao posso deixar de comentar:
Concordo completamente.
Tenho dito! :-)

August 18, 2005 1:28 PM  

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