Thursday, June 23, 2005

O tema recorrente do primeiro amor

Tenho “passeado” por vários blogs onde aparece repetidamente referido o primeiro amor com várias ideias associadas. Se em partes concordo, noutras discordo bastante.
Na minha opinião, o primeiro amor, é aquele que vivemos e experimentamos de forma mais “despida” possível, não vemos qualquer maldade ou qualquer impedimento, o mundo é nosso e do nosso amor.
No nosso primeiro amor apresentamo-nos sem vícios de outras relações, sem segundas intenções e deixamo-nos absorver totalmente pelo encanto que o outro tem, sentimo-nos inebriados com tudo o que há de novo numa relação a dois, a ansiedade de uma resposta, um comentário mais atrevido, um sorriso cúmplice, a doçura de fugir para a praia e, sozinhos, esquecer o mundo, os problemas e os outros. O desejo de estar sempre juntos e o ciúme quando as coisas não correm como queremos e o outro está ausente sabe-se lá na companhia de quem…
O fim do primeiro amor marca-nos profundamente deixando mágoas e, recorrendo à imagem que alguém usou num outro blog, erguemos uma muralha à nossa frente para evitarmos sair magoados de outras relações.
Há quem diga que depois do primeiro amor não é possível voltar a amar, discordo, nunca se ama da mesma maneira porque as pessoas são diferentes e porque nós evoluímos. Mas ama-se, com a mesma intensidade ou mesmo mais, e tem-se a vantagem de não cometer os mesmos erros que fizemos da primeira vez.
Também não acredito que pouco tempo depois de se ter acabado uma relação se esteja em estado de iniciar outra – é preciso tempo para analisar o que correu mal e sermos capazes de, por nós próprios termos estabilidade – umas a seguir às outras é estar a usar as pessoas de forma cruel e apenas olhando para o nosso umbigo.
Mas voltando atrás, levantámos a muralha mas isso não implica que não queiramos voltar a amar, apenas queremos é amar em segurança o que é um contra-senso em termos uma vez que amar é correr riscos, é abrirmo-nos ao outro, deixá-lo ver as nossas fraquezas e os nosso pontos fracos. Ser capaz de deixar o outro entrar na nossa esfera é algo muito difícil, tanto mais se já nos magoámos uma ou mais vezes, mas há que dar mérito a quem tenta escalar a nossa muralha e espreitar para conseguir ver o que de facto há para lá da pedra fria…
Todos passámos ou iremos passar pela desilusão amorosa, faz parte da vida (e eu acabei o meu único amor até ao momento à cerca de um ano por isso falo com “conhecimento de causa”) mas mesmo querendo-nos fechar no nosso castelo, há sempre quem queira espreitar por cima da muralha e se isso acontecer, talvez não seja mau de todo por as cartas em cima da mesa.
O que é por as cartas em cima da mesa?
É dizer claramente ao outro se se está interessado em conhecer ou não.
Dirão os mais conservadores: Isso mata o romance!!!
Não necessariamente, evita confusões e depois, se for para desenvolver a relação no sentido amoroso, pode-se utilizar todo o romance que se quiser, afinal dizer que se quer conhecer não é dar de bandeja que se está apaixonado e que já se sabe que ficará juntos, é apenas dizer que se quer assumir o risco de experimentar conversar, sair, estar juntos e daí ver o que sai, sem pressões de curtes ou de outras cenas.
Se a pessoa gostar de nós e já se tiver desiludido aceita e provavelmente também prefere este “modelo”.
Nisto desviei-me do meu tema, depois de se amar como se amou na primeira vez, pode-se voltar a amar, mas será sempre com algum medo, com algumas reservas, com um pé fincado em terreno que conhecemos não vá a coisa correr mal.
Quando o outro nos faz tirar esse pé porque nos arrebata então estamos de novo a amar, de forma diferente é certo, mas estamos a amar e deixámos a muralha cair perante aquela pessoa.

5 Comments:

Blogger Ginja said...

É isso... :)

June 23, 2005 9:12 AM  
Anonymous Anonymous said...

Luís,
As tuas palavras são um bálsamo para mim. Não existem dois amores iguais porque não existem duas pessoas iguais.
O Sting, aquele que eu adoro, tem uma canção que começa "Inside the doors are sealed to love", esse é o momento em que tudo dentro de nós está em ebulição, os porquês, as dúvidas, as recriminações, mas existe sempre alguém que tem vontade de trapar esses muros. Alguém que é curioso, alguém que não se contenta com a aparência, e então o mundo adquire uma nova luz, um matiz mais doce.
Sabes que não estou bem, mas apesar dos meus maus humores e choradeiras, adoro-te!

June 23, 2005 5:58 PM  
Anonymous Anonymous said...

Pela primeira vez deixo o meu comentário. Luis, a idade vai incrementando o nosso conhecimento, e mto embora a minha seja uns 5 anos pelo menos superior (o k significa mais 5 anos de amores e desamores), acho q não só escreveste bem, como DESCREVESTE especificamente o q se passa em cada relação em que se entra ou aposta. Infelizmente constato q qt mais velhos ficamos, mais alta fica a muralha, é talvez o único acrescento q posso e consigo fazer. Mas concordo plenamente na abordagem da franqueza para a fazer cair, ou melhor será a esta minha altura da vida: descer um pouco.
Ama-se, volta-se a amar, sempre e continuadamente, de modo diferente e cada vez mais completo.O truque está em não importarmos os nossos pensados anteriores falhanços, mas sim as lições aprendidas.Assim semeamos mais, e colhemos melhor.
Gostei, repete!
Beijinhos
Sofia Castro

June 23, 2005 6:09 PM  
Anonymous Anonymous said...

O grande desafio é esse: não nos escondermos! Termos a coragem de baixar defesas, e ousar encontrar o que estiver do outro lado. «If you never try, then you´ll never know». Viver anestesiados não é solução...procurar tranquilidade, sossego...isso não existe! A vida é tudo menos estática, inerte. Ela desafia-nos constantemente. Resta saber se estamos dispostos a aceitar o desafio (sabendo à partida que umas vezes se ganha, e outras se perde). Eu continuo a achar que vale a pena a aposta! =)

June 24, 2005 3:11 AM  
Blogger Ginja said...

"Quem casar com a carochinha" ?

June 24, 2005 10:51 AM  

Post a Comment

<< Home