Thursday, October 04, 2007

De joelhos

Parece que afinal me estou a transformar num radical sindicalista de esquerda. Tirando a análise ao significado de “radical”, “sindicalista” e “esquerda” tentarei ser mais claro.

Num país em que o número de desempregados é elevado a verdade é que isso favorece abusos por parte dos empregadores – o combinar de horários que dificilmente serão cumpridos porque a carga de trabalho é sempre excessiva ou a descrição inexacta do que se pretende parecem ser cada vez mais “tácticas” dos empregadores.

A estratégia é bastante fácil, se não fizer, não há problema, amigos como dantes mas vamos ali buscar outro para fazer porque como ele precisa e há muitos, vamos fazendo rodar.

A verdade é que por necessidade de uns isto surte efeito e cada vez mais me parece que vão havendo abusos.

Há dias o Ministro da Saúde terá afirmado que a propagação de infecções por bactérias hospitalares se devia à falta de higiene dos médicos que não lavavam as mãos. Esperava eu uma reacção acesa dos médicos, com um protesto veemente mas qual não foi o meu espanto quando, os mais novos, num acto de contrição sem precedentes afinal dizem que sim senhor, a culpa é deles…

É um espanto assistir a isto, desde quando é que os médicos são culpados pelas bactérias ou vírus? Haverá alguém que acredite verdadeiramente que um médico quer contaminar um doente seu? Os agentes infecciosos de natureza hospitalar sempre existiram e existirão sempre, é óbvio que uma higiene adequada do local e do médico diminui o risco de transmissão dos mesmos, mas é isso mesmo – diminui, não impede.

Espanta-me este vergar a uma afirmação “redonda”, infundada e generalista.

Num campo diferente, assistiu-se à mudança de líder no P.S.D. que possivelmente mergulhará numa crise porque os nomes sonantes estão em desacordo. Sou da opinião que há que esperar para ver, pode ser que Luís Filipe Menezes, cujo estilo não me convence, sofra uma metamorfose e afinal seja muito diferente do que se espera. Uma coisa é um facto, o P.S.D. parece também ele estar de rastos, preso ao seu desejo de ser poder o quanto antes e uma certa necessidade de se credibilizar enquanto alternativa.

É talvez uma visão tristonha mas parece-me que Portugal se vai agrilhoando qual Prometeu ao rochedo. Aqui as correntes preocupam-me mais porque são as correntes de um povo que vai sendo quebrado, que vai perdendo a esperança e baixando as expectativas aceitando o mau numa lógica de “quando mal, nunca pior” que favorece ainda mais o “sebastianismo” e a ideia de um “messias salvador”.

Num apontamento final e para quebrar esta visão sombria, duas notas, uma primeira para a selecção de râguebi que não tendo ganho nenhum jogo se bateu com galhardia e ao seleccionador que foi uma lufada de ar fresco pelo realismo com que traçou objectivos e analisou o que se passou. A última nota para a artista Paula Rego, cujo trabalho não sou grande apreciador pela crueza que os seus quadros têm, que expõe em Madrid, no Museu Rainha Sofia, uma retrospectiva da sua carreira – ela que é considerada uma das quatro maiores artistas vivas no campo da pintura.

Afinal, mesmo estando este país aflito, a verdade é que a nossa grande riqueza não se mede em P.I.B. mas sim nas suas gentes que são capazes de ombrear com os melhores.

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