Saturday, September 01, 2007

Ao pôr-do-sol

Estou naquela fase da vida em que os amigos começam todos a casar ou a falar disso com uma insistência preocupante. Os mais adiantados até já falam nos filhos…

Pessoas que ao fim de um mês de namoro marcam data de casamento, outras que ao fim de um ano estão casadas – tudo me parece vertiginosamente rápido.

Sempre acreditei que me apaixonaria loucamente, teria um namoro fulgurante, casava e tinha 2 a 3 filhos. Também acreditava que acabaria a universidade e um ano depois estava casado…

E, num instante, o meu optimismo esfriou, vejo as pessoas atarefadas a preparar tudo para os seus casamentos e eu só penso que estou longe, muito longe de me sentir preparado para casar e ter filhos.

Há dias discutia com a minha irmã por causa de uma amiga comum que tinha filhos que passavam o dia em casa dos avós. Não que seja contra os avós entenda-se até porque de todas as pessoas que conheci, nenhuma se equipara ao Homem que era o meu avô. Acho é que há momentos para os avós e outros que são dos pais.

Aceito que me digam que há que trabalhar para pagar as contas e que portanto o tempo é curto e também não aceito que se diga que se não há tempo então não tenham filhos. Acho é que tem que haver um ponto de equilíbrio. Os filhos não podem sê-los aos fins-de-semana, são-nos a tempo inteiro.

Sendo homem, segundo a teoria vigente, tenho a vida facilitada. Ora, aqui há uma potencial diferença, não sei se quero uma carreira fulgurante, se quero chegar ao topo e quando lá chegar, olhar e perceber que me casei, que tive filhos mas que nunca fui com eles ao médico, que nunca fomos ver o Sporting ao estádio ou que nunca assisti a uma das aulas de ténis nem trocámos umas bolas.

Parece que de repente sinto medo da ideia de me casar – tanto mais irónico quanto sempre imaginei que esse seria um dos meus fitos – há qualquer coisa na ideia de viver para sempre com uma pessoa, de formar família (pelos métodos tradicionais) que me faz dar dois passos atrás. Não sei se me sinto preparado, não acho que esteja capaz de me suportar a mim e a uma família.

O suportar não é apenas a questão financeira, que é de facto importante, mas é a disponibilidade mental, ainda há muita coisa que preciso, de “menino” que não “saiu”. Acho que me considero imaturo…

E vejo os outros todos avançarem com uma certeza impressionante, com um desejo ardente, sem qualquer receio ou temor.

Não entendo se é facilitismo da parte deles ou complicação da minha parte – será que têm a noção do que realmente está em jogo? Terão a noção que não há depois lugar aos pequenos amuos de: “vou para casa, depois se quiseres alguma coisa liga!” – é que bem vistas as coisas, estarão em casa com a pessoa de quem se querem afastar.

Será que percebem que uma criança é para a vida? Que o deixarem-na “abandonada” com os avós, os tios ou outros terá um preço importante no futuro da mesma?

Será que no meio disto tudo não há uma certa severidade minha e no fundo uma certa inveja pelo arrojo demonstrado por outros?

São várias as minhas dúvidas nestes aspectos da vida…



"Cat's in the cradle" - Harry Chapin

1 Comments:

Blogger Unknown said...

As tuas dúvidas são legítimas, e é bom reconheceres que provavelmente não estás preparado para teres uma família tua. Não é nada fácil. A maioria das pessoas provavelmente não pensa mt antes de dar esse passo pelo simples facto de que hoje em dia as pessoas se separam com mt facilidade. Provavelmente pensam que se não der certo há sempre a possibilidade de se divorciarem. Todos nós estamos a ficar mais egoístas, menos tolerantes e queremos uma felicidade completa e rápida, se assim não for procuramos outra pessoa. Eu não penso assim ou pelo menos não pensava enquanto estive casada, mas o meu ex agiu assim e o nosso casamento acabou. Temos um filho que ficou a viver comigo que é a pessoa mais importante da minha vida, a minha prioridade, não vai ficar entregue aos avós, eu cuido dele sempre, excepto qd estou a trabalhar e para mim ele não representa um peso, é antes uma parte mt boa da minha vida e que me deu e me dá mt força para ultrapassar os maus momento que tenho passado. Por isso é bom saber que ainda há pessoas que pensam bem antes de dar esse passo importante. Não é fácil partilharmos a nossa vida com alguém, pelo contrário, mesmo qd gostamos mt dessa pessoa, nem sempre o nível de compromisso e de empenho na relação é o mesmo.

September 30, 2007 1:14 PM  

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