Thursday, September 20, 2007

Segredos bem guardados?

Passados alguns dias da vinda de Dalai Lama a Portugal, e já algum tempo após o sucesso do livro “O Segredo”, formam-se várias correntes de pensamento.

No tocante à vinda de Dalai Lama a Portugal chocou-me o aparente abandono a que foi votado pelas autoridades nacionais bem como a recusa (depois alterada) do P.C.P. em receber o senhor na Assembleia da República. Questões políticas à parte, estamos a falar de um Prémio Nobel da Paz que merecia talvez um tratamento mais adequado.

Aparentemente a sua conferência no Pavilhão Atlântico foi um sucesso, sendo que para mim não faz assim muito sentido ter que se pagar para ouvir o senhor. Não é um contra-senso? Afinal de contas estamos a falar de uma figura eminentemente religiosa que acaba por ficar ligada a um lado comercial que de profundo me parece ter pouco.
À margem disto, a verdade é que foram milhares as pessoas que foram ouvir o que Dalai Lama tinha para dizer – procuram uma filosofia de vida mais agradável, algo que as faça sentir melhor e parece que nesse aspecto o budismo oferece muito.

Um fenómeno que parece ter também ele atingido milhões de pessoas foi o livro “O Segredo” o qual confesso ainda não li, mas do que li em termos de críticas e de descrição do livro leva a subentender que o mesmo se debruça sobre a importância do optimismo, do querer, do desejo e da confiança e em como estes aspectos podem alterar as nossas vidas, melhorando-as.
É um livro que caí dentro da categoria de auto-ajuda/espiritual. Aquilo que percebi das ideias do livro parece sugerir que o mesmo está em sintonia com a “Profecia Celestina” ou os livros de Dr. Joseph Murphy só para citar alguns.

Qual a ligação entre um livro e o Dalai Lama?

A procura que as pessoas fazem de algo que lhes mude a vida, que a torne mais agradável.

Somando a isto o estudo norte-americano que indica que as pessoas se sentem cada vez mais na obrigação de serem felizes e se sentem frustradas por não atingirem a felicidade, parece que há um movimento global desejoso de mudança.

O referido estudo norte-americano também referia que a felicidade era um conceito altamente subjectivo, que variava de pessoa para pessoa, de acordo com experiências passadas, com o nível de vida, da zona do globo, etc..

Ora, por um lado temos uma massa de pessoas a tentar alterar algo na vida delas para se sentirem melhor, mais felizes – acho muito importante – seguindo pessoas ou livros, a verdade é que a felicidade varia de pessoa para pessoa.

Se me parece incoerente esta massificação das receitas para o bem-estar, ainda mais me espanta esta procura num “objecto” externo de algo que deve ser interior.

Cruzemos ainda estes dados com um dado farmacológico que é o do consumo de anti-depressivos e com a ideia de que a O.M.S. alerta que a doença do século XXI será a depressão.

Diria que esta procura de felicidade através de métodos rápidos não se está a revelar eficaz e que há um desfasamento entre o desejo e a realidade. Pior parece ser a “pressa” – todos temos que ser felizes e rapidamente. Não parece haver tempo para momentos mais difíceis, para elaborações ou pensamentos profundos, parece que tudo é para já, para consumo imediato, sem grandes consequências ou esforços.

Reforço a ideia com o pensamento que um dos maiores comediantes portugueses ter-se-á sentido mais deprimido e mais aflito e consultou um psicanalista e ao fim de alguns anos terá encontrado o seu equilíbrio e passou anos a fazer outros rirem-se sendo também ele capaz de se rir e de ser (aparentemente) feliz.

Demorou anos – a ideia de que as coisas levam tempo a ser atingidas…

Sem julgar ninguém, ficam algumas notas soltas sobre o assunto.



1 Comments:

Blogger Ginja said...

Se não fosse por gostar tanto de carne, eu poderia tornar-me budista . Tens razão, as coisas às vezes levam anos a resolver, mas infelizmente, ambém nós levamos anos a decidirmos em primeiro lugar sermos verdadeiros uns com os outros. Isso facilitava muito as vida a muita gente .

September 22, 2007 4:14 PM  

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