Tuesday, April 17, 2007

Como???

Quando começamos uma nova relação há sempre aquele momento crucial em que podemos falar do passado, das relações que já tivemos, das que não tivemos mas gostaríamos de ter tido e afins.

Há pessoas que usam esse momento para falar sem rodeios do passado, destilando fel, outras há que falam no passado sistematicamente realçando os pontos fortes dos outros – o que, se diga de passagem, dá vontade de perguntar: se era tão bom porque é que acabaram? – outras há que por e simplesmente fazem do passado tema tabu.

Normalmente com o desenvolvimento da relação acabam por aparecer referências a pessoas do passado.

Quem passou pelos amargos de logo de inicio ter “expiado” o passado não treme com as referências a outr@s porque por e simplesmente encaixa-os nos seus locais.

Já quem só teve coisas boas, referir o passado comum com outr@s torna para o actual a relação numa espécie de Inferno em que tem sempre a sombra dos “bons” com comparações mais ou menos veladas que acabam por ser desgastantes. Se somarmos a isso a tendência natural de ficarmos com alguns hábitos/gostos parecidos com os das pessoas que vamos conhecendo (amorosamente ou em termos de amizade) o actual passa por um mau bocado em que só pensa que nunca faz nada bem, nunca consegue chegar à idealização que o outro tem.

Chegamos então ao último caso que referia antes: o dos que fizeram do passado tabu.

Neste caso, as pessoas aparecem como que por acaso e a ideia que se formou pode ser totalmente distorcida – afinal havia uma vida paralela qualquer que não entendemos lá muito bem.

Não sei se há alguma receita, duvido, mas pergunto-me se às vezes não vale mais a pena por as cartas na mesa, tomar logo o remédio amargo e “get done with it” do que andar para aí com cuidados, caldos e paninhos quentes que num momento de distracção colocam o outro numa posição incómoda porque afinal não era bem assim.

Creio que é a mania do politicamente correcto, em que se fala muito pouco do passado, não se critica ninguém e todos vivem “felizes para sempre”.

Discordo deste método, deixa-nos descalços, inseguros e a tentar competir com sombras que não se sabe muito bem qual o grau de realidade que têm. São fantasmas sem nome que se perpetuam.

1 Comments:

Anonymous Caiden C said...

Great reading your bllog

March 24, 2022 5:06 PM  

Post a Comment

<< Home