Friday, December 29, 2006

Promessas, expectativas e desejos

Não sei explicar nem sequer pretendo fazê-lo mas fiquei a pensar nisto:

Será possível não fazer promessas a quem gostamos?

É justo fazerem-se promessas? É possível (aceitável) “atirar” expectativas para um futuro qualquer que é sobretudo incerto?

Acho que é difícil não fazer promessas às pessoas de quem gostamos quanto mais não seja porque são a verbalização dos nossos desejos naquele momento mas sou da opinião que as palavras devem ser cuidadosamente ponderadas.

Não sei se é justo fazer promessas, acho que não. Tudo o que dizemos e que lança o seu espectro para o futuro deve ser encarado com muita reserva, com muitos “ses”. Claro que é possível criar expectativas mas não as considero aceitáveis porque se não estamos à altura delas vamos decepcionar alguém.

Porque me magoei com expectativas demasiado elevadas, por ter acreditado naquilo que sabia não ser passível de se acreditar prefiro baixar as minhas expectativas e as de quem está comigo.

No entanto confesso que há pessoas com as quais quero partilhar o meu futuro e talvez aí me deixe levar e, secretamente, crie expectativas muitas das quais não partilho para não provocar tensões desnecessárias.

Não acredito em promessas porque as associo sempre a mentiras mais ou menos elaboradas. Umas porque são mentiras descaradas, outras porque, mesmo não intencionalmente se tornam em mentiras porque o tempo nos desmente.

E tenho esta estranha dificuldade porque se não gosto de promessas, sou da opinião de que se devem partilhar os desejos mas que às vezes também eles apontam para um futuro.

Quando falo no futuro, é aquele que desejo e que imagino possível, tentando não prometer sorrisos, afectos e dias de Sol. Prometo isso sim, o meu empenho em que as coisas sejam o mais tranquilas possíveis, agradáveis e suaves mas tendo a certeza de que haverá tempos francamente difíceis e que quando os mesmos chegarem as rosas revelarão os espinhos e o mar tranquilo se transformará numa tempestade.


Nota Final:

Future, n. That period of time in which our affairs prosper, our friends are true and our happiness is assured. – “The Devil’s Dictionary”, Ambrose Bierce

1 Comments:

Blogger Ginja said...

Hegel dizia que a essência da promessa é ela não se cumprir, sob pena de deixar de ser aquilo que é.

Um abraço e bom 2007 !!!

December 31, 2006 7:33 PM  

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