Thursday, November 23, 2006

“Prometi a mim mesmo não voltar a sofrer”

No espaço de dois meses ouvi esta frase proferida por seis pessoas diferentes.

Todas elas referiam-se a questões com os namorados/as e a insatisfação que sentiam com algumas atitudes ou falta delas.

Estranha forma esta de não querer sofrer a qualquer custo – o que é que isto implica de sofrimento “a priori”?

Alargando o tema, a quantidade de pessoas que parece ter medo de que alguém lhes diga: “gosto de ti” parece ser esmagador. Não sendo propriamente um optimista por natureza porque não sou, espanta-me que haja tanta relutância em aceitar que alguém possa gostar do outro “per si” ou seja sem que haja um interesse qualquer. Existe sempre interesse aliás, caso contrário não se estabelecia a relação, mas quando me refiro a interesse refiro-me a: sexo, ele/a tem dinheiro/influência, etc.

Todos sabemos que as relações interpessoais são das coisas mais complicadas que existem.

Os anos passam, as desilusões vão acontecendo e vamos ganhando medo. Acho que é um processo natural e inevitável. O que a mim me espanta e assusta é a quantidade de pessoas que se escudam tanto que se tornam inacessíveis, que têm medo de ceder um bocadinho e assim se tornarem vulneráveis.

Esta aparente moda de se ter namorados/as apenas e só para mostrar com a ressalva de ao mínimo desentendimento: “Adeus que me fui embora” preocupa-me.

É como a ideia de chamar à namorada “princesa” – mas “princesa” de quê? Porque carga de água? Isso não faz parte dos contos infantis? Não é idealizar o outro?

Estaremos assim todos à espera do nosso complemento perfeito? E tem que ser tão perfeito que nunca se discute, que nunca se diverge.

Não acredito nisso, ninguém é perfeito, nem numa relação com alguém que vamos conhecendo somos a exacta medida do complementar. Somos diferentes, temos as nossas ideias, as nossas convicções.

Acredito que todas as relações têm as suas fases de discussão sem que a mesma implique ruptura. Discute-se porque se tem pontos de vista diferente, porque não se gostou da atitude do outro, por um sem número de coisas.

Claro está que das discussões resulta sempre algum sofrimento, mas também são elas que permitem que após o afastamento haja um reencontro em que cada um tenha percebido o ponto do outro e tenha tentado chegar mais próximo daquilo que lhe pedem.

Será então um processo iterativo?

Não sei. Não acredito que haja o complemento perfeito, acho que se vai aprendendo e numa relação isso vai acontecendo ao longo do tempo, com a confiança que se ganha, com o à vontade, com o ideal comum que une as pessoas.

10 Comments:

Blogger Anne Marie said...

Olá!
... na minha humilde opinião, uma pessoa só está bem com outra, se estiver bem consigo. É um cliché, eu sei... tal como "se não gostar de mim, ninguém gostará" e essas coisas.
... Cada vez digo mais bullshit! :)
Beijo!

November 23, 2006 6:21 PM  
Blogger Rita said...

s a pessoa sofreu uma decepça, é normal q diga "n volto a sofrer". mas é cm em td na vida, fica-se calejado mas dps aparece alguem q nos volta a cegar... o amor é mmo assim ; )

November 24, 2006 3:42 PM  
Blogger Joana said...

Não é normal não haver discussão numa relação. Ela existe porque há cumplicidade, porque há divergência e só porque há amor. E a discussão é construtiva. Permite-nos conhecer o outro, os seus limites, as suas reacções. Se o amor existe, a discussão nunca pode originar a ruptura. É a falta de amor, de coragem, de persistência que a originam.
Joana

November 24, 2006 4:55 PM  
Blogger João Magriço said...

É normal existir discussão numa relação. É sinal de que se conversa e se partilham opiniões, mau era não discutirem...

E qual é o teu problema se eu quero chamar princesa à minha menina, anh? O sentido de chamar princesa remete à idade média com as preincesas que precisam de ser salvas e dos cavaleiros que iam em seu auxílio. A minha princesa é aquela que eu quero proteger de todo o mal que existe no mundo. Não achas isso bom, sinal de amor? Se não, azar :-p

Um grd abraço meu caro amigo

November 24, 2006 6:34 PM  
Blogger Ginja said...

Ora esta... Eu sou das tais que assume esse pânico todo e mais o pânico de me ver outra vez numa situação em que seja EU a dizer ou sequer a pensar "gosto de ti". Não tenho namorados de "olá-adeus", porque não sou do 8, sou do 80. Mas hoje tem-se medo das pessoas do 80, porque se acha que todo o 80 implica querer-se tudo e não ceder em nada, e não é bem isso. Sou do 80 também com os amigos. E a esses digo-lhes o que é preciso dizer e que é tão importante: que gosto deles. Por isso ... gosto de TI :)

November 25, 2006 10:59 PM  
Blogger Mariazinha said...

Gostei do seu blog e sendo assim cá vai o meu post.
Tambem é uma questão de educação.
Um companheiro tem que respeitar e ser respeitado. O mal é quando não se sabe o que isso é. Contratos há os de toda a forma, mas uma união entre duas pessoas tem muito que se lhe diga. Partilhar é dificil,prescendir em prol de alguem sem cair na subserviência ou ser ausente,é um exercicio arriscado. Depois é este "material world" em que vivemos, as aparencias,a eterna procura daquilo
que não há.
Caros amigos como eu costume dizer,quem não gosta de mim tem mau
gosto.Tambem reconheço que não é facil viver comigo, mas há pior!
Abraços e tentem ser felizes.

November 27, 2006 2:44 PM  
Anonymous Anonymous said...

Já não sei como vim parar a este blog!Mas gostei do que li, talvez passe mais vezes :)
Não podia ignorar este post, pois concordo com ele a 100%!

November 27, 2006 3:57 PM  
Blogger jessica elin bispo rodruigues said...

Muito interessante...
nós seres humanos somos tão complicados que foje da razão do certo ou errado.

July 07, 2011 4:21 PM  
Blogger jessica elin bispo rodruigues said...

This comment has been removed by the author.

July 07, 2011 4:22 PM  
Anonymous Anonymous said...

Todos nós temos medo de sofrer e isso é totalmente natural...
só que muitas vezes perdemos a razão de dizer o que é certo ou errado.

July 07, 2011 4:24 PM  

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