Thursday, August 03, 2006

Momento de spleen

Devia estar a dormir mas não, hoje tudo saltou cá para fora.

Não entendo porquê. Não percebo como é possível que quem me devia defender se esconda atrás de mim na esperança que eu o tape e seja capaz de afastar os papões. Era suposto ser o contrário.
Não entendi a tua decisão de tomares posição do outro lado da barricada renegando aqueles que – mesmo discordando de ti – quando tocou a rebate se perfilaram a teu lado.

Não entendo as danças macabras das pessoas que se aproximam, que parecem prometer sei lá eu o quê e depois se vão embora. Ainda não entenderam que eu aquilo que quero é algo de tranquilo? Quero a paz de ir passear ali ou acolá, sem pressões idiotas do tipo “isso implica…” – não implica nada, nada está implícito ou definido.

Não percebo porquê que me mentiste e escondeste a verdade com consequências que ainda não sei bem quais foram/são.
Não sou de guardar ódios mas tenho um local muito especial para ti – conheces-me suficientemente bem para saberes que se algum dia a vida nos fizer cruzar eu não te perdoarei nem deixarei passar em claro o que fizeste, a felicidade que me consumiste, as preocupações que me deste.
Doeu tanto mais quanto achava que te conhecia bem e porque confiei em ti.

Fazendo a analogia com uma questão militar, estou a gizar a estratégia que permitirá manter o forte de pé, tem que se evitar a todo o custo que se abram brechas por onde possam passar mas isso implica estar permanentemente atento, implica perceber que há quem não dê ponto sem nó.
Há que perceber que quando o esforço é continuado como este tem sido surge o desânimo e eu já não sei que mais possa fazer para manter a moral elevada.

Se é verdade que quando estou sob a carta, revendo posições, reforçando baluartes e prevendo sortidas para assustar os que montaram cerco, a verdade é que, não duvidando da vitória, tenho dificuldade em me manter.

Não se vislumbram reforços, os mantimentos estão contados e apenas posso contar com o engenho e arte de quem assumiu de forma tácita esta guerra que não permite neutralidades.
Há os aliados momentâneos que partem da velha máxima de que “inimigo do meu inimigo meu amigo é” mas nesses não confio.

E sinto a solidão a entranhar-se a cada dia que passa como se fosse uma doença que me vai corroendo e deixando inválido.

Gostava de poder fazer uma galante sortida encabeçando aqueles que de bom grado têm estado a meu lado mas isso não é possível. Não é possível porque a sortida implicaria expor-nos ao risco e em caso de necessidade sentiria a tentação (que já sinto) de usar todos os meios para preservar o meu lado. A questão por estúpida que pareça é que tenho vontade (e muita) de fazer a sortida, aparentar fraqueza e depois disparar sem qualquer misericórdia em todas as direcções e como se usasse um pavilhão vermelho – não tomar prisioneiros, mas sei que há pessoas inocentes que seriam devoradas pelas circunstâncias e a quem atiraria para as sombras e isso não faço.

Resta resignar-me, perceber que terei que abandonar alguns bastiões para poder manter o principal intacto. Resta-me calar aquilo que penso e a revolta que sinto com várias pessoas não por medo do confronto mas por opção. Talvez medo do confronto, mas medo no sentido de não me querer perder irremediavelmente.

E sinto medo da solidão. Não é o medo de decidir porque isso decido e assumo as consequências, mas medo daquilo que não me deixam assumir, medo daquilo que não sei bem se sinto ou não mas que também me vedam a possibilidade de saber. Percebo que tenham medo, mas a verdade é que retirando a couraça que tenho que usar não sou tão duro como aparento, nem tão áspero como faço parecer. Estou isso sim impaciente por que desejo mais que tudo o momento em que mesmo decorrendo este assalto, possa chegar ao pé de alguém e dizer-lhe: “Dá-me mimos, dói-me aqui e aqui…”

3 Comments:

Blogger Maríita said...

Porque é que não me acordaste? Assim como assim já estava de mau humor...

August 03, 2006 11:39 AM  
Blogger Salta Pocinhas said...

lolol
ele nao te acordou porque ja sabe o que a casa gasta!
;)
bom, se precisares de reforcos (tu tb Johnny) eu nao sou muito boa de estrategia de guerra, mas sou implacavel quando e preciso :D
beijinhos com amizade de sempre

August 03, 2006 4:06 PM  
Blogger João Magriço said...

Meu caro, eu tenho o tlm sempre ligado e se quiseres mimos é só pedir ;-p
Um grd abraço

August 09, 2006 3:11 PM  

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