Saturday, April 01, 2006

A questão francesa e o CPE

Não conhecendo exactamente o CPE, as noticias que tenho visto e lido acerca do diploma legal que teve luz verde do Tribunal Constitucional francês e aprovação por parte do Presidente não deixam de me preocupar.

Mais do que analisar o CPE em si, há uma questão subjacente que é importante.
O modelo social europeu não comporta este tipo de alterações. Estará o modelo social europeu a alterar-se? E em que sentido?

Parece que há uma aproximação em vários campos da Europa aos EUA mas uma das marcas mais distintivas entre estes dois “blocos” sempre foi a questão de modelo social.

Claro está que o CPE poderá ainda cair, o Presidente francês aprovou-o com algumas ressalvas e pedidos de alteração, e dentro de algum tempo existirão eleições pelo que é possível que os partidos que agora contestam a lei sejam eleitos e depois, se forem coerentes, não lhes resta alternativa que não a de a revogar ou suspender (aqui deixo em aberto porque desconheço como funciona o sistema politico francês).

Mas admitamos que o CPE é “alterado” de acordo com a vontade do Presidente, e que entra em funcionamento. Havendo já um país europeu que seguiu este caminho não será de esperar que outros o façam?

Infelizmente já consigo imaginar vários outros países, entre eles o nosso, a dizerem: “Se a França – que é muito mais desenvolvida faz – nós devíamos seguir o exemplo!”

Abriu-se uma porta para um futuro sem duvida diferente em termos de modelo social, resta saber se o que aí vem é bom o que tenho as mais sérias dúvidas.

Como nota de rodapé, e porque não merece mais do que isso: Nicolas Sarkosi - ministro de Estado e do Interior que foi altamente contestado pela sua actuação quando dos incidentes nos subúrbios de Paris e noutras cidades da França – revelou ser um homem fraco e pouco leal para com o Primeiro-Ministro Dominique de Villepin que o defendeu. Se não concorda com o CPE, tem duas alternativas, ou se demite ou então deveria estar em silêncio. Não lhe fica bem admitir em público que discorda do seu Primeiro-Ministro que o defendeu quando pediram a sua cabeça.

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