Sunday, February 25, 2007

Romeiro

Quem leu “Frei Luís de Sousa” lembra-se sem dúvida do trecho seguinte, que é dos mais marcantes da literatura portuguesa.

- “Romeiro! Romeiro! Quem és tu?”
Apontando para o q retrato de D. João de Portugal
- “Ninguém…”

Das coisas que mais me incomodam são os ausentes sempre presentes. Aqueles vultos que não têm rosto ou nome (ou ambos) e que pairam sobre nós como abutres.

Não temo que se materializem porque uma vez tornados matéria são como tudo – mortais e finitos.

Quando passamos para a dimensão dos não mencionáveis entramos no domínio do transcendente, da fé.

No transcendente temos os fantasmas, as reencarnações, aquilo que não é explicável pela ciência. Temos ainda “ciências” tão puras como a cartomancia, numerologia, radiostesia entre outras.

Se a fé é transcendente, não se explica, também é dogmática – há coisas que não se questionam porque tendo fé, acredita-se sem questionar.

Não gosto daquilo que, por ser transcendente, não é questionável. Não ser questionável implica que está acima da crítica qualquer que ela seja – boa ou má.

Se pensarmos bem, alguma coisa ser “não questionável” é excelente porque está protegida, está imune à crítica, ao contraditório, está ali, pairando…

Habituei-me a que tudo é discutível, não existem propriamente tabus, o limite é o do bom-senso!

P.S. – Para a música do momento clicar no título s.f.f.. Não sendo a versão que mais gosto, é a única que sei colocar aqui…

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