Monday, October 10, 2005

Medley de pensamentos

Há tanta coisa que se passa nas nossas vidas que às vezes é impossível não pensar em muita coisa ao mesmo tempo.

Às vezes pergunto-me se as pessoas têm dificuldade em dizer: “obrigado”

Parece que todos vivem no imediato em que tudo tem de ser decidido no momento, esquecendo-se do “horizonte temporal”. Há assim uma necessidade tão grande de decidir tudo em poucos minutos? Uns preferem trocar um futuro incerto mas que pode trazer felicidade pela ocasião do momento. Quantas não são as pessoas que preferem uma relação mesmo que frouxa, fraca e superficial mas que dá “gozo” imediato a arriscar algo que não seja imediato e cujos resultados não são garantidos?
Garantias? Isso é com os bancos, os sentimentos não são passíveis de garantias, ou melhor, até são mas dependem do tratamento que damos ao outro e dele recebemos.
Se por um lado o tempo é algo que hoje em dia parece escassear, por outro, nem sempre dispomos de tempo para poder analisar infinitamente as coisas.
Digamos apenas que, no espaço de um mês, apercebi-me de algo que muita gente não entende ou não quer entender. A volatilidade da vida humana – é que às vezes as pessoas fazem disparates e depois, como as crianças que com o braço do lado de fora do carro abrem a mão e apanham logo a seguir a bola, se errarem perdem-na.
Para quê estar a inventar dificílimas coreografias sendo incapazes de dizer exactamente aquilo que pensamos. Se gostamos de alguém devemos dizer-lhe, não para forçar respostas, mas tão somente para que essa pessoa perceba que há quem goste dela (mesmo que tal não seja correspondido) e que portanto é especial. Se não o dissermos, quando o quisermos dizer podemos já não ter essa oportunidade…

Há tanta gente que vive a vida anestesiada, tentando esconder-se na bebida, nas drogas, tentando fugir de si mesmo, fugindo a ter que decidir.
Decidir implica solidão, nunca ninguém decide acompanhado, pode ouvir os outros mas não pode esperar que os outros decidam por si.
É verdade que crescer implica decidir logo estar só. Ter que enfrentar os nossos medos, superarmo-nos mas não vale a pena “atirarmo-nos para o chão a gritar penalti”, fecharmo-nos em casa à espera que o tempo passe, embriagar-nos com coisas que nada resolvem e que apenas atrasam.
É nestas alturas que os verdadeiros amigos aparecem, não porque pressentem o cheiro a desgraça mas porque sabem que, mesmo não podendo ajudar em muitos dos casos podem tão somente estar lá.

E os amigos são espantosos, de certa forma, tipo Harry Potter, andam às vezes nas sombras com os seus mantos pretos passando despercebidos, mas na altura em que nós precisamos, sem ter que chamar, aparecem como que saltando da sombra para a claridade sendo capazes de “cerrar fileiras”, oferecendo-se generosamente para aguentar os embates ao nosso lado e proteger-nos.
Os amigos são aqueles que depois do embate nos põem creme sobre as feridas. Podem achar que as feridas se devem a uma estupidez nossa mas se foram feitas enquanto procurávamos ser felizes, mesmo que não gostem, cerram os dentes e ajudam-nos como podem e sabem.

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