Tuesday, August 30, 2005

Questão política

Não sei se repararam mas anteontem o jornal “El País” tecia duras criticas ao governo português e ao país.
Não que outros jornais estrangeiros não o tivessem já feito antes e noutras circunstâncias e sei que a minha irmã e colaboradora deste espaço vai afirmar isso mesmo mas sinceramente não posso deixar de sentir uma certa irritação pelo jornal ser espanhol.
Afirmava o jornal que o país era ingovernável. A questão creio que se coloca de outra forma: Não teremos nós políticos de fraquíssima capacidade?
Lembrei-me do livro "Frei Luís de Sousa" de Almeida Garret e da cena em que o nobre português que se casara com a mulher de D. João de Portugal, incendeia a sua casa afirmando: Saberão todos que em Portugal ainda há um português…
A vergonhosa escandaleira de ministros que respondem com ar de desdém aos jornalistas, afirmando coisas sem qualquer senso, demagogicamente defendendo modelos que já demonstraram não serem adequados é um cenário confrangedor, dantesco e mesmo grotesco.
O problema não são os portugueses em si mas sim a total incompetência de quem os dirige. As classes políticas estão completamente gastas, são sempre as mesmas caras para os mesmos lugares (e aqui não falo de Soares por exemplo). Temos profissionais da política ou seja pessoas que não sabem ser outra coisa que não políticos e que no dia em que o sistema mudar afundam-se na vida.
Falta uma sociedade que tenha pessoas com capacidade que assumam claramente o papel de líder e que saíam das suas empresas, dos seus escritórios, das suas vidas e assuma, por amor, por honra, por dever os lugares de chefia do estado e que uma vez terminada a sua missão regressem aos seus postos originais não ficando à espera de um qualquer cargo numa empresa publica.
Ganham mais no privado – é o que muitos afirmam, mas a verdade é que o país precisa de quem, com honradez assuma os comandos da nação.
Sei que o que vou escrever a seguir será visto como uma reminiscência de uma qualquer ditadura mas não o é: É essencial que haja quem não tenha medo de tomar decisões e de as fazer cumprir.
Não é possível continuar a assistir a este espectáculo confrangedor de um país que definha por incompetência de uma classe política sem classe, sem capacidade e cuja maior arma é o insulto pessoal, a calúnia, o sacudir a água do capote.
Não haverá nenhum governante que diga: A situação é esta, é daqui que partimos, como cá chegámos não interessa.
Gostaria de referir aqui um acontecimento e uma atitude que eu gostaria de destacar pela brutal pedrada no charco que foi e que representa.
Manuel Alegre, de quem tenho muita pena por não se candidatar, deu uma bofetada de luva branca no Partido Socialista e demonstrou ser um Senhor, exibiu uma classe e uma categoria que não estão ao alcance de muitos, sem se vitimar, pôs os pontos nos i’s e, com toda a dignidade assumiu que era um Homem de convicções fortes de esquerda e que não apoiando Mário Soares, não iria minar o campo politico de onde sai este fóssil renascido.
Os actos ficam para quem os pratica e Manuel Alegre demonstrou claramente que mesmo estando o país a arder – SABER-SE-Á QUE AINDA HÁ UM PORTUGUÊS DIGNO NESTE PAÍS.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Acho que o que está a faltar é dirigentes suficientemente humildes para admitirem os seus proprios erros e limitações e poder superá-las e não autodefendendo-se de poucos ataques de suposta "politiquice".

Portugal e os Portugueses não se podem dar ao luxo de por um lado ter uma atitude de desconfiança e combativa em relação aos governos de centro direita e actuar passivamente com relação a maiorias absolutas só porque são de centro esquerda.

August 31, 2005 3:14 AM  
Blogger radioapilhas said...

O Manuel Alegre é um parolo que vive à conta há muitos anos. Aquilo que parece um acto nobre não é senão uma retirada estratégica - no pouco que de estratégico aquela cabecinha tem. Políticos dignos, nesta terreola?

September 01, 2005 6:35 PM  

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