Friday, March 30, 2007

Certezas/consolidações

O curioso de traçar planos a longo prazo é que quando os traçamos achamos que tudo é fácil e suportável. Com o passar do tempo vamo-nos sentindo mais impacientes – o tempo vai passando e os resultados demoram a aparecer e quando aparecem são por vezes indícios escassos.

Quando dei por mim a pensar nas escolhas de caminhos, percebi que no centro da minha actuação estava algo que, pela sua natureza própria serve para ser tratado com moderação e com tempo.

A intranquilidade que trazia no inicio foi-se dissipando, vieram depois as discussões sobre qual o método mais eficaz e correcto de actuação. Aqui separaram-se as águas, eu escolhi um caminho diferente do habitual e que não agradava tanto aos restantes.

Muito tempo já passou desde que o escolhi mas parece que finalmente começam a surgir os frutos da minha “teimosia” – provei que tinha razão, demonstrei cabalmente que a minha ideia é a melhor.

Curiosamente, depois de todo o esforço até chegar aqui, não me sinto satisfeito. Acho que cheguei onde queria mas isso não me satisfaz, falta qualquer coisa mais.

O que antes era essencial e pedra de toque passou a ser secundário e para ser tratado com tempo e muita paciência. Houve por assim dizer um desapaixonar meu, uma desilusão.

Ter razão quando já não se vive com a intensidade com que se vivia serve só para nos dar uma sensação estranha de que o esforço foi em vão.

Aqui está a grande questão – foi importante ter razão, mas isso perdeu toda a validade quando a mesma me foi concedida já tarde, de forma enviesada, como o grito de alguém que vem à porta para dizer a ultima palavra quando o outro já está a descer as escadas para sair do prédio.

Ter razão, no plano meramente lógico é uma vitória, no plano moral era uma obrigação, mas curiosamente no plano afectivo já não soube a nada, já me desinteressei…

Monday, March 26, 2007

Votos de futuro

SUSPIRO!

Que venham mais momentos como este e que sejam igualmente agradáveis.



The Dubliners - "Whiskey in The Jar"

Sunday, March 25, 2007

Celebrações

Passam hoje 2 anos desde que este espaço começou a ser feito, com complicações diferentes das actuais, com medos e receios também eles diferentes dos actuais.

A verdade é que celebro hoje 2 anos deste espaço mas em que cada vez mais me sinto distante.

Distante das complicações, não que elas tenham deixado de existir, como nunca deixarão de existir, mas sim porque a minha disponibilidade para elas diminuiu e muito.

A Vida passa pelo caminho que for capaz de trilhar, sem que o passado me torne refém. As coisas aconteceram, pensou-se sobre elas e agora é partir para a frente, é partir à procura de outras realidades e encontrar uma com a qual me sinta bem.

E assim sendo, ficam as “páginas” antigas para revisitar um Luís em mudança, a tentar perceber algumas coisas do Mundo, venham as novas páginas com as questões que os novos rumos colocam, traçarei os paralelismos e… para a frente que é lá que está o caminho!


Wednesday, March 21, 2007

Divagações

Um telefonema feito, uma resposta que não chega.

O estranho é a calma com que aparentemente vivo o facto de mais uma data importante ter passado sob o signo da distância fria e aparentemente irreversível.

Sinto o frio à minha volta, nas relações polidas mas em que falta o calor do ser humano, das decisões temerárias, do impulso generoso.

As vãs tentativas de acartar com mais do que é aceitável aos ombros e sentir-me vergar sobre o peso. A irritação que se nota aparentemente facilmente na voz, o gesto brusco de quem tenta não demonstrar a profunda irritação.

Há sobretudo o medo de azedar, de me perder nas lutas mesquinhas que me rodeiam e de me perder.

Há também histórias de conquistas, de feitos quase inimagináveis…

Desde 2004… E eu que nem dei pelo tempo passar, pelo suceder frenético de acontecimentos. Passei de observador a participante sem saber lá muito bem como. Parece que no meio disto a minha vida também se enredou, se desenredou, se alterou de tantas formas…

Mas de novo à liça que o tempo é de contar espingardas e preparar-nos para mais um assalto, naquilo que se tornou uma série de batalhas em que se joga tudo para ver quem ganha a guerra.

Algumas das batalhas são meramente morais, porque a derrota é certa, mas mesmo assim não há que hesitar, avancemos pois de peito aberto e tentemos pelo menos de forma honrosa mostrar ao que vimos.

A esse propósito fica um vídeo com a cavalgada de Rohirrim – exemplo de que “we shall meet them in battle none the less”…
Não há “high grounds” – há uma guerra sem quartel em que não (nos) podemos perder. E assim, segundo Churchill, lutaremos em qualquer cenário, com todas as nossas capacidades para atingir o fim desejado.




Espero é no fim, contas feitas, não ter ganho as batalhas, vencido a guerra e perdido aquilo que tenho por mais sagrado.

Mas há que ter coragem, acreditar, ser capaz de nos superar, afinal já não deve estar assim tão longe pois não?

Passaram já três anos e nem os vimos, fomos totalmente desfeitos pelos ventos que se cruzam e que nos dilaceraram mas voltámos a reunir-nos, conseguimos ir buscar forças ao nosso âmago e agora, não sabemos quanto falta mas pelo menos já somos capazes de rechaçar parte das investidas, já conseguimos manobrar.

Se uns partem em retirada, aproveitemos o alívio e recoloquemo-nos rapidamente, eles voltarão, foram apenas refrescar-se…

O problema é a capacidade de se desmultiplicarem…

Há que ganhar tempo e perceber que os reforços chegarão à medida que o tempo passa e quanto mais resistirmos, maiores a probabilidades de que isso seja em tempo útil para nós.

Resta ter esperança e acreditar nas nossas capacidades e engenho.

Saturday, March 17, 2007

"Manual dos Descontentes"

Quando o autor de “Manual dos Inquisidores” recebe o prémio Camões, arrisco-me numa aventura de proporções épicas, uma loucura de megalómano e escrevo o post sobre o “Manual dos Descontentes”.

Consegui fazer parte das coisas que queria ter feito esta semana, noutros assuntos, que estavam presos há já algumas décadas também se vê uma luz ao fundo do túnel e pode ser que haja desenlaces a curto trecho.

Tudo isto são resultados da minha acção directa e escrito assim até parecem ser por si só suficientemente satisfatório, mas a verdade é que não é.

O ritmo teima em ser excessivamente baixo e as coisas arrastam-se para mim tempo demais. Se somarmos a isso a questão de me sentir frustrado por ter, num caso especifico chegado ao fim das soluções todas possíveis e imaginárias sem obter resultados, então temos uma parte já considerável do meu descontentamento.

Mas não só, porque nunca gostei de coisas pequenas e quando penso, penso em grande (ui, a modéstia agora ficou-me a matar (de presunção claro está)) – penso em mim e nas outras pessoas. Tenho o terrível hábito de tentar gizar planos para as pessoas que me são próximas e importantes. Sinto-me descontente porque aparentemente não seguem o que eu digo e o que ouvem parece entrar por um ouvido e sair pelo outro…

A palavra de ordem é mesmo DESCONTENTE!

Fica a banda sonora do momento por um dos grupos que mais gosto.


"Romeo and Juliet" - Dire Straits
P.S. – Post em movimento porque estou descontente com ele, faltam cá coisas, acho que não estou a ser suficientemente claro, etc..



Thursday, March 15, 2007

Late in the evening

Uma das minhas músicas preferidas, numa versão que desconhecia, que traz lembranças doces, de pessoas que já desapareceram mas cuja importância é inegável na minha vida.


"Adiós Nonino" - Astor Piazzolla

Wednesday, March 14, 2007

Espectros

Todos sabemos que quando a luz atravessa um prisma se dá o fenómeno da refracção e a luz dita branca se abre num espectro de cores que são as do arco-íris. É como se algo comum, banal se transfigurasse para algo de único e de belo.

Durante séculos os pintores assumiram que a luz vinha do escuro e por isso as telas eram pintadas de base com cores escuras e depois, num trabalho de clarear sucessivo surgiam as formas e as cores. O aparecimento do movimento impressionista, com a saída dos pintores dos estúdios para a natureza inverteu-se o processo e o processo de pintura passou a contemplar a passagem de uma tela integralmente branca para outros tons, do branco para o “escuro”.

Diz-se que um pintor se conhece pela sua paleta de cores – há sempre um traço comum em todas as obras mesmo quando este se reinventa.

Ora, também há pessoas que partem do escuro para o luminoso e outros que partem da luz para a escuridão. Numa outra vertente deste paralelismo, há pessoas que possuem um espectro de actuação que é enorme, como uma paleta de cores, reinventam-se, produzem e produzem-se, geram pequenos milagres e/ou desastres.

Como se classifica uma pessoa que é capaz do melhor, dos actos de mais puro altruísmo e ao mesmo tempo é capaz das maiores mesquinhezes?

Talvez o truque esteja na identificação do traço comum. Desengane-se quem pensa que não há padrões, repetições e traços comuns nas situações e no modo de actuar das pessoas.

Se um pintor se identifica pela assinatura, pela paleta de cores (e mais uma série de outros elementos) as pessoas também se identificam.

Diz o provérbio que “burro velho não aprende línguas” – mas mais do que isso, vamos aprendendo ao longo da vida a descobrir as contradições no outro e com isso a perceber melhor os seus motivos. Podemos não os perceber no momento mas percebemos mais tarde se nos dedicarmos a isso ou então por um golpe fortuito.

Na pintura temos também as imitações, feitas por outros que não o verdadeiro Artista, mas por alguém que o copia. Ia-me escapando: “sendo sempre pior que o original” mas depois lembrei-me de Miguel Ângelo que começou por fabricar imitações para depois se tornar um artistas maior.
Na generalidade dos casos, o imitador é pior do que o artista original ou então é tão bom como ele (no entanto não tem criatividade para se assumir como artista independente).

O paralelismo também me parece evidente, a quantidade de pessoas que são cópias de outras pessoas parece não conhecer limites.

Em parte terá que ver com a produção massificada mas parte tem que ver com o medo que todos temos em assumir-nos como seres independentes e de características únicas.
A célebre expressão: “fazer parte do rebanho” que tanto valor assume na adolescência em que queremos desaparecer na multidão tem o revés de mais tarde termos que retroceder alguns passos para recuperar as nossas peculiaridades.

Há aquelas pessoas com peculiaridades em demasia que acabam por ter um espectro demasiado amplo, que “estão em todo o lado”, que por muito que nós tentemos encaixar numa qualquer categoria e fechar o assunto, se esforçam por quebrar todas as classificações, que por serem demasiado amplas e demasiado espalhafatosas são também elas demasiado absorventes, são consumidoras do nosso tempo, da nossa capacidade, da nossa atenção e da nossa vida.

E depois, todo um espectro de grande amplitude que podia ser algo de único e de belo se transforma em algo doentio e de triste, que se banaliza esvaziando-se.

Monday, March 12, 2007

Estado de espirito

"We shall not flag nor fail. We shall go on to the end. We shall fight in France and on the seas and oceans; we shall fight with growing confidence and growing strength in the air. We shall defend our island whatever the cost may be; we shall fight on beaches, landing grounds, in fields, in streets and on the hills. We shall never surrender and even if, which I do not for the moment believe, this island or a large part of it were subjugated and starving, then our empire beyond the seas, armed and guarded by the British Fleet, will carry on the struggle until in God's good time the New World with all its power and might, sets forth to the liberation and rescue of the Old. . " - Excerto de discurso proferido em 4 de Junho de 1940 por Sir Winston Churchill na Câmara dos Comuns

Saturday, March 10, 2007

Entre mundos

"La Vie En Rose" - Edith Piaf

Friday, March 09, 2007

Notas soltas

Em relação ao que escrevi, há passado(s) que podemos deixar para trás, outros que nos seguem ao longo de um período de tempo e que mesmo sendo passado, são um passado presente.

Estranha conjugação esta em que me encontro, em que por um lado estou bastante mais feliz com a minha vida e por outro lado mais insatisfeito…

Alguém me disse que uma vez que nos habituamos a queixar das coisas, queixamo-nos sempre e azedamos – duvido que as transposições possam ser assim tão “rápidas”.

Acho que as pessoas azedam quando traçam objectivos e não os alcançam e vêem os outros chegar lá sem aparente mérito. Sublinho o aparente mérito porque se há pessoas a quem a vida parece desenvolver-se linearmente sem qualquer engulho, têm de certeza pelo menos o mérito de a saberem aproveitar.

Mais do que discutir caminhos, uma vez que já decidi os mesmos, vou-me perguntando se são os caminhos mais eficazes para atingir os objectivos há muito definidos ou não. É uma pergunta aparentemente simples mas de resposta complexa.
Ninguém consegue decidir em horizontes temporais de 30/50 anos, toma-se o risco e reza-se para que corra bem.

Aqui é que se geram grandes diferenças e provavelmente onde se demonstra a minha natureza complicada – se sou adepto de viver o momento também sou adepto de traçar planos com cabeça, tronco e membros que abarquem grandes horizontes temporais.

O problema dos horizontes temporais alargados é que abarcam também grandes incertezas que não são passíveis de dissipação senão com o passar do tempo. A espera que isto acarreta é que se torna ansiogénica e consequentemente tormentosa.

Tuesday, March 06, 2007

Enredos

Pergunto-me se há enredos mais complexos do que aqueles em que a Vida nos envolve.

Em conversa com um amigo discutíamos a nossa insatisfação com a vida na vertente do trabalho.

Senti que afinal não era o único que estava descontente com o rumo que o trabalho leva.

Há um certo cansaço de sistematicamente andar às voltas com as coisas e obter sempre respostas “menos agradáveis”.

A quantidade de pessoas pouco honestas que tenho conhecido ou descoberto é para mim um espanto. Deduzo na minha ingenuidade que não têm consciência ou então esta não lhes pesa…

Há depois um silêncio sepulcral e assustadoramente próximo de fenómeno do Entroncamento que não creio que seja bom augúrio.

Sinto-me cansado de dar voltas tentando descobrir novas formas que permitam resolver questões passadas…

Enfim, se há quem trocasse o seu reino por um cavalo, eu não tendo reino para trocar, dar ou vender comprava de muito bom grado alguma tranquilidade pacifica…

Novidades? A Terra continua a rodar…

Thursday, March 01, 2007

O apelo da escuridão (1?)

Quando nos sentimos a resvalar para aquele cantinho escuro que todos temos no espírito, em que nos apetece desaparecer ou então pegar numa arma e começar uma cruzada…


"Goodnight moon" - Shivaree