Thursday, August 31, 2006

"As Time Goes By"

Porta Manuelina - Coimbra

intemporal vs passageiro


Wednesday, August 30, 2006

Silêncio

Há momentos em que tudo o que mais quero é o silêncio – não é a ausência de som, é a ausência de vozes.

Não é por ser anti-social mas porque quero estar “só”.

Nem é querer estar só, é querer estar ausente, é ter a companhia de algumas pessoas mas sem que me perguntem, sem ter que falar, partilhar o silêncio, ouvir uma música ou ver um filme sem ter que falar.

Se tal é possível, comunicar através dos silêncios…

Tuesday, August 29, 2006

Diferença

São Tiago – Sé Nova de Lamego

Entre ser crente e ser crédulo…


Monday, August 28, 2006

Encontros imediatos

Ao fim de algum tempo voltei a encontrar casualmente quem eu não queria voltar a ver. As coisas já estavam ditas e claras, tudo agora só serve para degradar ainda mais a situação.

Voltei a pedir a resposta para uma pergunta que é para mim essencial obter resposta – a raiva é enorme porque sei que me mente, mas a lata com que o faz então… Tira-me do sério, é como se nada tivesse importância, é como se os nossos actos não tivessem importância.

Ninguém tem o direito de deixar o outro em risco por pura maldade ou pura estupidez – estupidez porque há alturas em que engolimos o orgulho, reconhecemos que errámos e dizemos aquilo que nos é perguntado.

Entre a mais profunda tristeza, a raiva, o desespero não sei qual deles é o sentimento que mais exacerbado está.

Ninguém percebe o que é sentir que se está fechado num quarto escuro, sentado a um canto, à espera daquilo que a seguir se vai passar e saber que é algo mau e sentirmo-nos impotentes, pedirmos ajuda e ninguém saber bem o que fazer. Mais do que o momento em si, é a (aparente) ausência de esperança. Ter que assistir a um eventual desfecho com consequências que podia tão simplesmente ser evitado…

É sentir o peso da ameaça, saber que ela existe mas não saber bem qual é nem como a evitamos, faz-me sentir perdido, cheio de falta de ar, com muito medo e saber que para o que der e vier eu estou sozinho e a não ser que Deus (se existe) decida intervir.

Amanhã será um novo dia, em que mais uma vez volto a sorrir, a tentar ignorar aquilo que estranhamente me está prometido.

Sinto-me pequenino e muito só neste momento…

Sunday, August 27, 2006

Pequenas coisas (?) 6

Frescos Sé Velha Lamego - "Adão e Eva"
P.S. - Se a imagem estiver muito escura ponham o monitor no mais claro que for possível s.f.f.

Volatilidade

As arrumações têm sempre duas vertentes, a de deitarmos fora aquilo que para nós deixou de ter interesse bem como guardarmos aquilo que tem interesse.

Ora, ando em fase de arrumações – literalmente – e nisto reencontrei as cartas que troquei com quem para mim já foi uma das pessoas mais importantes da minha vida embora ela possa não o ter percebido.

As cartas que se escreve quando se está apaixonado são sempre ridículas – será?

Escreve-se com o coração na mão, supostamente escreve-se exactamente o que se sente e mais nada. Mas será mesmo verdade? Não escrevemos também aquilo que sabemos que o outro quer ler?

Reli parte das cartas que recebi e sorri-me, afinal tantas promessas, tanto apontar para o futuro e afinal…

Estranha forma esta que temos de prometer coisas que depois não cumprimos.

Mais do que tudo, pergunto-me o que leva uma pessoa a dizer: Amo-te – não é uma palavra fácil, bem pelo contrário, não se usa por dá cá aquela palha (acho eu)!

Será estúpido mas depois de reler parte das cartas percebi que há algo que não muda, há coisas que fazem parte de um passado, de uma vivência que foi única e apenas aquelas duas pessoas percebem, que é tão imutável como os rochedos.
No entanto há certezas que vão ficando com o passar do tempo que são também elas imutáveis – decisões que se tomaram a medo mas que agora são lei.

Alguém um dia disse-me: “Se ainda sentes alguma coisa é porque ainda gostas dela…” – não se ama alguém sem que isso tenha um preço, não se apaga um sentimento tão forte como o Amor, altera-se, transforma-se – primeiro um certo ódio, depois a tristeza, depois uma ternura certa de que o que foi já não volta ser que se mistura com um travo ligeiro de: “se fosse hoje era diferente…”
Mais do que pensar no que foi, ou no que poderia ter sido com aquela pessoa, pergunto-me: “e o que aprendeste?” e vou chegando a algumas respostas, que são as minhas, que são pessoais, que não são “chapa 4”.

Uma coisa é no entanto clara, as circunstâncias em que algumas coisas se passam não se repetem e mesmo que se repitam o mais provável é que se actue de forma diferente.

Curioso como o vermelho paixão/ódio se transforma num cor-de-rosa pálido, como podemos olhar para trás, lembrar-nos das coisas boas, sorrir e no entanto ter a certeza – o meu caminho afinal não era por ali…

Thursday, August 24, 2006

Música...




"Every night I hope and pray a dream lover will come my way
A girl to hold in my arms and know the magic of her charms
'cause I want (yeah-yeah yeah) a girl (yeah-yeah yeah)
to call (yeah-yeah yeah) my own (yeah-yeah)
I want a dream lover so I don't have to dream alone

Dream lover, where are you with a love, oh, so true?
And I hand that can hold, to feel you near as I grow old?
'cause I want (yeah-yeah yeah) a girl (yeah-yeah yeah)
to call (yeah-yeah yeah) my own (yeah-yeah)
I want a dream lover so I don't have to dream alone

Someday, I don't know how, I hope she'll hear my plea
Some way, I don't know how, she'll bring her love to me

Dream lover, until then, I'll go to sleep and dream again
That's the only thing to do, till all my lover's dreams come true
'cause I want (yeah-yeah yeah) a girl (yeah-yeah yeah)
to call (yeah-yeah yeah) my own (yeah-yeah)
I want a dream lover so I don't have to dream alone

Dream lover, until then, I'll go to sleep and dream again
That's the only thing to do, till all my lover's dreams come true
'cause I want (yeah-yeah yeah) a girl (yeah-yeah yeah)
to call (yeah-yeah yeah) my own (yeah-yeah)
I want a dream lover so I don't have to dream alone

Please don't make me dream alone
I beg you don't make me dream alone
No, I don't wanna dream"

Dream Lover - Bobby Darin

Já é bem velhinha mas mesmo assim...

Wednesday, August 23, 2006

Pequenas coisas 5

Pormenor - Sé Velha de Lamego

Parece que as palavras perderam sentido, têm pouca força para expressar aquilo que sinto, são curtas, esparsas, são "pequenas coisas" que no final, são apenas pormenores mas que fazem toda a diferença.


Tuesday, August 22, 2006

Altivez/estupidez

Não sei porque raio mas ando com particular intolerância para pessoas que dizem que fazem, que acontecem, que são maiores que a vida. Poderá parecer uma atitude destrutiva mas não o é. É tanto mais irritante quando sabemos de fonte segura que afinal não é nada daquilo, e que afinal quem contou o conto acrescentou o ponto e transformou a história para aparecer na fotografia com o aspecto que nunca teve e um papel que nunca desempenhou.

Gosto particularmente das pessoas que se arrogam pergaminhos, referindo episódios familiares, com personagens ilustres, de façanhas incomparáveis mas que, curioso ou não, foi há mais de um século atrás… O problema é que como em tudo o que não é tratado e estimado os pergaminhos apanham bolor, são comidos por bichos e às duas por três em vez de estarem a exibir um fabuloso “cartão de visita” estão a mostrar algo que de tão puído que está até dá dó e faz com que nos perguntemos: “Pararam no tempo?”

Enfim, não entendo porquê que umas pessoas se agarram a um nome, como se ele fosse uma tábua de salvação quando há muito que ele (nome) é que necessita que o salvem de todas as tropelias que lhe fizeram e de todas as vezes que o deram como penhor e nunca cumpriram com os compromissos.

Lembro-me de quem dizia: “Garantia? Tem a minha palavra e isso basta!”



Sunday, August 20, 2006

Ando...


Sob o signo da Lua ou seja, sonhador, um pouco irrealista mas sinto prazer em estar assim...

Saturday, August 19, 2006

Pequenas coisas 4


Vista do pequeno-almoço



Vista do local onde estive sobre o Rio Douro. Momentos de paz, com muitos pensamentos, chá de limão quentinho pela manhã sentado no relvado acabadinho de regar...

Thursday, August 17, 2006

Aniversário

Celebram-se hoje os meus 25 anos. Completo assim o famoso quarto de século.

Se por norma acho que todos os dias são bons dias para se fazer um balanço do que se fez e do que quereria ter feito, hoje por maioria de razões ainda mais.

Nestes 25 anos que agora se completam tive o privilégio de conhecer (no verdadeiro sentido da palavra) um Homem como não encontrarei igual – o meu avô – vivemos juntos durante 15 anos, aprendi com ele muita coisa, e tenho pena que o destino não nos tenha deixado caminhar mais tempo lado a lado. Homem de uma estatura difícil de alcançar, sempre com uma palavra terna para todas as pessoas, sempre disposto a ajudar o seu neto.

Nestes 25 anos já estive em termos de estudos nas posições mais opostas, desde aluno brilhante com média estrondosa, até aluno médio a medíocre com média de meter medo ao susto. Reconheço que perdi parte da motivação, perdi parte da admiração pelos meus professores.
Queria a esta altura ter o curso já terminado mas parece que ainda não é este ano…

Aos 25 anos sempre imaginei que já teria a carta de condução que é algo que espero começar a tirar em Outubro – nunca tive grande vontade ou necessidade, seja porque vou para todo o lado a pé, seja porque quando foi idade mais “normal” para tirar a carta tinha namorada com carta e que gostava de conduzir.

Por motivos vários tive que assumir antes de tempo uma posição que não seria a minha e que dispensava mas que apesar de saber que há descontentamento, creio que até tenho levado o barco a bom porto.
Tive que ver e mexer em coisas que preferiria nunca ter conhecido ou sabido. Mas o que tem que ser tem muita força e portanto era necessário e foi mesmo.

Não seria um balanço honesto se não me referisse ao meu namoro que durou 4 anos e meio. Teve coisas boas, coisas más, teve as atribulações dos namoros ditos normais apesar de ter sido tudo menos normal. Daí resultou uma frustração tremenda, uma dor intensa, um gato escaldado se preferirem. São muitas as coisas que ficaram no limbo, sem resposta e sobre as quais eu não posso/devo falar. Foi marcante, isso sem qualquer dúvida.

Não me refiro à família (viva) porque esse é um capítulo que não faz parte daquilo que discuto em espaços abertos e por consequência na blogosfera.

Enfim, foram 25 anos diferentes do que esperaria, numas coisas para melhor, noutras para pior dos quais espero que a máxima – Deus coloca as dificuldades na nossa vida na justa medida das nossas capacidade – seja de facto verdade.

Wednesday, August 16, 2006

Entre compassos

Poucas pessoas sabem o que eu sinto ao ouvir Ivete Sangalo. Ao fim de dois anos em que me recusei terminantemente em ouvir (ou voltar a ouvir) musica desta senhora, voltei a ouvi-la.

Porquê? Porque era/é tempo de deixar cair algumas coisas, porque a pessoa com quem estava é uma das minhas maiores amigas, alguém em quem confio especialmente e que sabe porquê que gosto pouco desta cantora que para mim é de má memória.

Não minto, tem músicas bonitas e fica aqui uma de que gosto particularmente. Sinto-me apesar de tudo mais aliviado por me ter visto livre de um pequeno esqueleto que ainda andava aqui pelo armário.




Se existir imagem que se associe a este momento será a do bardo das aventuras de Astérix que diz adeus aos que partem com um lenço branco. Aqui também eu digo adeus a mais um pedaço, mas que é essencial, diria mesmo vital para mim despedir-me dele.

Tuesday, August 15, 2006

Pergunta retórica

Porquê que as pessoas passam a vida a tentar encontrar quem lhes tire as cócegas e passam a vida a encontrar sarna com que se coçar?

Friday, August 11, 2006

Olhando o horizonte

Daqui a dias faço anos, completo o quarto de século, sobre isso e sobre o balanço que faço dos 25 anos que passaram escrevo depois.

Dentro de horas saio daqui por uns dias, espero que seja uma mudança agradável. Quero outra visão da vida.

Não sei explicar mas desde os abutres até ao café que tomei com uma das pessoas que mais gosto que há algo em mim que está a mudar, que se está a mexer, uma saudade tristonha, uma nostalgia estranha.

É como se muito daquilo que eu fingia acreditar teimasse em ser desmentido e tivesse sentido que o movimento que as minhas pernas há algum tempo queriam fazer não pudesse mais ser adiado.

É enterrar muita coisa, é dizer adeus a muitas pessoas de forma silenciosa e partir.

O perceber que afinal umas coisas não são o que parecem, outras não são o que quero faz-me confusão e como não sou de me calar mas este não é o momento de falar saio, de mansinho e sem fazer barulho.

Tenho a estranha sensação de conhecer uma série de pessoas vazias. Pessoas que estão há espera de algo que as preencha.

Pessoas que dormem umas com as outras porque isso lhes dá a sensação de segurança embora não se amem, pessoas que ficam perdidas à espera sabe lá Deus do quê.

Costuma-se dizer que as pessoas são mais intolerantes com aquilo que as assusta ou com os vícios que já tiveram, neste momento estou muito intolerante em relação às indecisões, aos falsos consensos, às mentiras encapotadas em doces beijos, em rendas, em promessas de amor que não passam de palavras vãs.

Estou intolerante às tentativas de escamotear a sensação de insegurança porque ela existe, todos a temos, e não percebo (ou será que percebo bem de mais?) esta mania de sensações de segurança e mais sensações de segurança mesmo que sejam falsas e que sirvam apenas para não pensar mais no assunto.

Faz falta sentir o frio que nos corta e nos atravessa, dos riscos que se correm, das “jogadas” que temos que fazer, dos momentos em que temos que estar sós e arriscar para depois triunfar.



"Napoleão atravessando os Alpes" - Paul Delaroche - 1850 - exposto no Louvre



Prefiro pessoas que admitem que estão a passar por momentos difíceis do que irritantes que pintam a vida deles como maravilhoso quadro de belezas raras.
Na vida não há só coisas boas ou coisas más, existem ambas e infelizmente temos que consumir o sortido que a célebre caixa de chocolates traz.
Confesso que me assusta o quanto as pessoas estão dispostas a arriscar para terem falsas sensações de segurança. Porquê que digo arriscar?
Porque deitarmo-nos com quem não amamos, vivermos com quem suportamos apenas e só porque nos fazem sentir seguros implica que se está a vender parte da integridade ou seja parte de si. Está-se a arriscar o que de mais precioso existe, a verticalidade. Está-se a viver num engano.

Quem sou eu para dar lições de moral? Ninguém. Mas isto tem-me feito confusão.

Thursday, August 10, 2006

Pensamentos soltos

Numa conversa solta com uma das pessoas de quem mais gosto ficaram uma série de pontas soltas.

Sinto uma estranha ansiedade por não saber se dei o melhor conselho que podia. A verdade é que não me pediu conselho, decidiu, mas eu não consigo perceber se foi uma boa decisão ou não, se devia ter dito (mais) alguma coisa ou se devia ter estado calado.

É estranho ver alguém de quem se gosta mudar (será crescer?) de forma que nós duvidamos que seja a melhor num qualquer futuro incerto.

Sei que não me foi pedida qualquer opinião mas também não sou de me calar, é um defeito que tenho, o que querem…

Sei lá, se fosse eu não faria nada assim, mas afinal a pessoa é outra, os objectivos de vida são também eles diferentes.

Ficou um travo amargo de achar que se ia fazer um disparate que teria um preço importante no futuro mas que qualquer tentativa para o impedir teria um preço ainda maior e apenas aguçaria desejos.

Wednesday, August 09, 2006

Summertime

Verão que já chegou e que eu vou começar a aproveitar agora…

Fica uma versão de uma música bem conhecida ;)


Pequenas cenas domésticas

Estava eu tranquilamente a desfazer uns orcs adversários retalhando-os num belo mar de sangue que ajuda a libertar o stress (um dia escrevo acerca do stress porque adoro a palavra e as suas utilizações nada abusivas) quando oiço uma voz a vir da cozinha:

- “Luís, chega aqui se faz favor – depressa!!!”

Entro na cozinha e deparo-me com o chão todo alagado e a minha mãe com um ar muito inspeccionante a olhar para o lava-loiças que decidiu partilhar a sua revolta interior connosco.

Ora bem, seguiu-se a cena toda, chave-inglesa, chave de fendas, alicates e lá acabei eu a desmanchar ralos, para depois passar parte da noite a deitar longas panelas de água a ferver para dissolver a gordura que se acumulou nos canos…

E ainda dizem que um homem em casa não dá jeito… É só ver amanhã quando tentarem abrir as torneiras, teremos todos banhos gratuitos…

Monday, August 07, 2006

Mucho mistrust



Once I had a love and it was a gas
Soon turned out had a heart of glass
Seemed like the real thing, only to find
Mucho mistrust, love's gone behind
Once I had a love and it was divine
Soon found out I was losing my mind
It seemed like the real thing but I was so blind
Mucho mistrust, love's gone behind

In between
What I find is pleasing and I'm feeling fine
Love is so confusing there's no peace of mind
If I fear I'm losing you it's just no good
You teasing like you do

Once I had a love and it was a gas
Soon turned out had a heart of glass
Seemed like the real thing, only to find
Mucho mistrust, love's gone behind

Once I had a love and it was divine
Soon found out I was losing my mind
It seemed like the real thing but I was so blind
Mucho mistrust, love's gone behind

Lost inside
Adorable illusion and I cannot hide
I'm the one you're using, please don't push me aside
We coulda made it cruising, yeah

Yeah, riding high on love's true bluish light

Once I had a love and it was a gas
Soon turned out to be a pain in the ass
Seemed like the real thing only to find
Mucho mistrust, love's gone behind

Desculpem lá, mas ela diz "Mucho mistrust" e consegue que isso soe bem, acho fenomenal...

Morcegos

Eh pá, mas tiraram todos senha para o meu guichet?

Vou enviado de uma pessoa para outra e chego lá e sou recebido com um esfusiante:

- “Diz que foi fulano que o mandou? Sabe que ele está de férias?”
- “Sei sim, está no Algarve”
- “Veio do Algarve para cá foi?”
- “Não, falei com ele via telemóvel.”
- “E como é que tem o número dele?”
- “Porque ele me deu…”

Ok, a criatura não era um génio, eu não fui eloquente mas caramba! Isto parecia um filme de quinta ordem com diálogos de gosto nada duvidoso.

O pior é que destes têm sido aos molhos ultimamente. Suspiro longamente e espero que isto passe depressa.

Fazendo as pazes com o passado

No seguimento do café de hoje, da conversa entre dois amigos, de dois cúmplices que se conhecem há anos, voltou-me à cabeça a música que tantas vezes cantei ao ouvido da A. quando namorávamos. Já passou, já foi, teria ficado a nostalgia não fora outras coisas.



Saturday, August 05, 2006

Amor, apólices de seguros e bolsas de valores – uma ligação evidente?

Esta história dos amores tem muito que se lhe diga, e neste espaço o tema é recorrente.

É verdade que me tornei desconfiado por motivos que não tenciono partilhar mas que, enfim, tenho amplas razões a meu favor mas adiante, cada vez mais noto que as pessoas não querem Amor.

Estarei eu doido? Estarei a renegar tudo aquilo que sempre disse e desejei que é de me apaixonar e perder-me no Amor?

Não, nada disso.

Cheguei à conclusão de que as pessoas querem não ser dependentes de outra pessoa, querem ter um amor na mão e mais um ou dois de reserva para o que der e vier que isto dos amores afinal é como um investimento bancário, há que ter várias contas não vá por acaso a máquina Multibanco comer o cartão e lá se vai o acesso aos valores.

E como todos os investimentos que comportam riscos, vamos lá todos apostar em certificados de aforro – um namorado/a aqui, outro/a ali e um/uma que fica pelo beicinho, de preferência que não desconfiem para que todos possam evoluir e depois escolher consoante o momento qual o que dá mais juros e mais benefícios.

Descartam-se os outros e arranja-se logo mais uns elementos para fazerem de novos depósitos, pelo sim pelo não que isto de vantagens… podem ser só passageiras.

Visão desapaixonada da vida? Talvez…

O que leva as pessoas a terem medo de ficar dependentes? Não há amor sem dependência, sem cumplicidade, sem confiança, sem o risco de descambar e de acabar naquela tristeza das cartas que se relêem e afinal já não fazem sentido, nos planos que ficaram por cumprir.

Mas se o outro também confiar apenas em nós então talvez haja a hipótese de algo verdadeiro e puro.

Para quê a mentira, para quê as histórias mal contadas, para quê os remendos que não pegam?

Fica aqui uma proposta: que tal a criação de uma bolsa de cotações para os solteiros vários, assim conforme a cotação troca-se, vende-se, faz-se stock, como um mero mercado de acções. Proponho ainda que se forme um contrato tipo para que se regulem as relações, uniformizem-se critérios e assim não há lugar a mais nada que não seja o cumprir das obrigações.

Thursday, August 03, 2006

Momento de spleen

Devia estar a dormir mas não, hoje tudo saltou cá para fora.

Não entendo porquê. Não percebo como é possível que quem me devia defender se esconda atrás de mim na esperança que eu o tape e seja capaz de afastar os papões. Era suposto ser o contrário.
Não entendi a tua decisão de tomares posição do outro lado da barricada renegando aqueles que – mesmo discordando de ti – quando tocou a rebate se perfilaram a teu lado.

Não entendo as danças macabras das pessoas que se aproximam, que parecem prometer sei lá eu o quê e depois se vão embora. Ainda não entenderam que eu aquilo que quero é algo de tranquilo? Quero a paz de ir passear ali ou acolá, sem pressões idiotas do tipo “isso implica…” – não implica nada, nada está implícito ou definido.

Não percebo porquê que me mentiste e escondeste a verdade com consequências que ainda não sei bem quais foram/são.
Não sou de guardar ódios mas tenho um local muito especial para ti – conheces-me suficientemente bem para saberes que se algum dia a vida nos fizer cruzar eu não te perdoarei nem deixarei passar em claro o que fizeste, a felicidade que me consumiste, as preocupações que me deste.
Doeu tanto mais quanto achava que te conhecia bem e porque confiei em ti.

Fazendo a analogia com uma questão militar, estou a gizar a estratégia que permitirá manter o forte de pé, tem que se evitar a todo o custo que se abram brechas por onde possam passar mas isso implica estar permanentemente atento, implica perceber que há quem não dê ponto sem nó.
Há que perceber que quando o esforço é continuado como este tem sido surge o desânimo e eu já não sei que mais possa fazer para manter a moral elevada.

Se é verdade que quando estou sob a carta, revendo posições, reforçando baluartes e prevendo sortidas para assustar os que montaram cerco, a verdade é que, não duvidando da vitória, tenho dificuldade em me manter.

Não se vislumbram reforços, os mantimentos estão contados e apenas posso contar com o engenho e arte de quem assumiu de forma tácita esta guerra que não permite neutralidades.
Há os aliados momentâneos que partem da velha máxima de que “inimigo do meu inimigo meu amigo é” mas nesses não confio.

E sinto a solidão a entranhar-se a cada dia que passa como se fosse uma doença que me vai corroendo e deixando inválido.

Gostava de poder fazer uma galante sortida encabeçando aqueles que de bom grado têm estado a meu lado mas isso não é possível. Não é possível porque a sortida implicaria expor-nos ao risco e em caso de necessidade sentiria a tentação (que já sinto) de usar todos os meios para preservar o meu lado. A questão por estúpida que pareça é que tenho vontade (e muita) de fazer a sortida, aparentar fraqueza e depois disparar sem qualquer misericórdia em todas as direcções e como se usasse um pavilhão vermelho – não tomar prisioneiros, mas sei que há pessoas inocentes que seriam devoradas pelas circunstâncias e a quem atiraria para as sombras e isso não faço.

Resta resignar-me, perceber que terei que abandonar alguns bastiões para poder manter o principal intacto. Resta-me calar aquilo que penso e a revolta que sinto com várias pessoas não por medo do confronto mas por opção. Talvez medo do confronto, mas medo no sentido de não me querer perder irremediavelmente.

E sinto medo da solidão. Não é o medo de decidir porque isso decido e assumo as consequências, mas medo daquilo que não me deixam assumir, medo daquilo que não sei bem se sinto ou não mas que também me vedam a possibilidade de saber. Percebo que tenham medo, mas a verdade é que retirando a couraça que tenho que usar não sou tão duro como aparento, nem tão áspero como faço parecer. Estou isso sim impaciente por que desejo mais que tudo o momento em que mesmo decorrendo este assalto, possa chegar ao pé de alguém e dizer-lhe: “Dá-me mimos, dói-me aqui e aqui…”

Sem nexo

Estou farto desta história sórdida. O pior é que não é uma, são várias, com episódios atrás de episódios que fazem qualquer telenovela parecer um conto para crianças.

Quero resolver as coisas tipo o “Padrinho” – umas cabeças de cavalo e as pessoas talvez entendessem a mensagem.

Estou farto de olhar por cima do ombro à espera de perceber o que vai acontecer ou não vai acontecer. Estou farto das mentiras que as pessoas dizem e do mal que causa com isso.

Daqui a dias faço 25 anos e nessa altura farei um balanço daquilo que passou mas a verdade é que me sinto pequeno. Pequeno porque já comecei a fazer esse balanço e seja porque é de mim seja porque é de qualquer outra coisa sinto-me insatisfeito. Queria mais, queria melhor.

Lembro-me do meu avô de quem posso afirmar com toda a certeza – nunca conheci Homem com aquela estatura e gostava de lá chegar.

Uns querem carros, casa com piscina, court de ténis e outro tipo de “mostrantes”, eu quero encontrar alguém de quem goste, alguém que ame verdadeiramente, alguém a quem seja capaz de falar de tudo, com quem chorar, com quem rir, com quem estar como se o resto do mundo não existisse. E é assim esta estranha forma de vida…



P.S. - E esta era uma música a partilhar