Sunday, April 30, 2006

Pequenas coisas - 2

Capitel - Coimbra

Pontos de vista

Tinha eu não mais do que oito anos quando fui ter com o meu avô (senhor já com mais de oitenta e cinco) e lhe disse:

“Avô, como é que há bons e maus? Os bons acham que são bons e que os outros são maus, mas o maus acham que eles é que são bons e os outros os maus…”

Passaram-se já vários anos e continuo a pensar que a verdade depende dos olhos de quem a vê e que todos somos parciais nos julgamentos que fazemos.

Haverá uma moral mais válida que outra?

Não sei, mas como os pontos de vista são relativos há a nossa moral que é de certa forma a lente que nos permite ver o Mundo e interpretar os actos dos outros e formular juízos.

“Não se deve julgar os outros.”

É uma verdade, mas também não é menos verdade que todos nós o fazemos. Seja pelo aspecto da pessoa, pela sua atitude ou conversa, tiramos sempre conclusões acerca da pessoa.

Formular um juízo em relação a uma pessoa não me parece nada de errado, desde que mantenhamos a capacidade de o alterar consoante os factos que depois surgem.

Voltando um pouco atrás, o que seria de nós sem nos impormos uma determinada conduta?

Fala-se muito em liberdade, mas liberdade não pode ser “fazer tudo o que se quer”. Liberdade implica responsabilidade. É um chavão bem sei.

Quando tomamos a liberdade de trazer alguém para a nossa vida, temos a responsabilidade de olhar por essa pessoa, de a proteger.

Há um respeito pelo outro que, quer seja numa relação amorosa, numa relação de trabalho ou qualquer outra tem de haver.
É criminoso por o outro em risco – seja ele de que natureza for. A questão é que hoje em dia coloca-se o outro em risco frequentemente.

Pequenas coisas

Capitel - Lisboa

Friday, April 28, 2006

“O mal menor”

Numa clara tentativa de ultrapassagem pela direita a um grande amigo e colaborador deste blog –
Igreja dá luz verde aos preservativos

E finalmente os bispos lembraram-se do princípio do “mal menor”.

(Lembras-te de há uns anos termos discutido isto à entrada do metro?)

Agora é seguir atentamente o que se passará no Vaticano porque as “movimentações” parecem indicar que a Igreja se modernizará.

Estou com a telha

Pormenor do telhado edifício da Reitoria - Coimbra
“Já fazes parte da mobília” – já me tinham dito muita coisa, mas esta foi a primeira vez que me disseram isto.
É verdade que não tenho sido um despacho no meu curso, optei por dar prioridade a outras coisas. Se fiz bem ou não, compete-me a mim saber embora todos sejam livres de opinar.

Lembro-me de um provérbio chinês: “Quando era novo tinha certezas, agora que velho não sei nada”.

Wednesday, April 26, 2006

Fiquei a pensar

É estranho quando uma relação acaba e aquela pessoa que julgávamos conhecer decide fazer coisas que são estranhas, esquisitas e mesmo “escandalosas”. Mesmo que conscientemente saibamos que foi a opção do outro quantas vezes não nos perguntamos o que é que temos de errado para que aquela pessoa nos tenha deixado e decidido actuar assim.

Colocamo-nos a pergunta do “um milhão de dólares” – Porquê?

Esta pergunta faz-nos sair da nossa esfera pessoal para entrar na esfera pessoal da outra pessoa. Não sei se a resposta “porque sim” serve, acho que não. Quem me conhece sabe que sou muito desconfiado em relação à psicanálise mas devo dizer que nestes casos acho que só mesmo por ela é que chegamos lá.

Porquê que alguém nos mente numa relação – porque tem medo da nossa reacção perante a verdade, que nos zanguemos e nos vamos embora.
Pois é mas a verdade é que só nos zangamos com quem gostamos, é estúpido mas é verdade.

Há também aquelas pessoas que estão connosco porque não querem ficar sós, têm medo da solidão, dos pensamentos que a acompanham. Há ainda aquelas pessoas que procuram em nós a estabilidade há muito perdida.

Apesar de sabermos que as decisões do outro apenas lhe pertencem, quantas vezes não nos perguntamos onde é que errámos, em quê que falhámos e assumimos uma culpa que não é a nossa.

O que é que nos levou a escolher aquela pessoa? O que é que nos atraiu naquele comportamento? O que é que procurávamos?

Mas depois existem outras pessoas que gostam de nós com os nossos defeitos, com o nosso feitiozinho, que estão lá para nos aguentar e que esperam que nós façamos exactamente o mesmo. São pessoas que não nos “chupam” a energia toda mas que antes pelo contrário nos fornecem energia quando precisamos. Amam-nos naquele que considero o verdadeiro sentido da palavra. Tornam-se os nossos companheiros para uma vida. Não é amizade, é algo mais profundo em que ambos existem “per si”, estáveis por principio mas que se sentem felizes juntos – obviamente que também se discute porque não há relação nenhuma em que não haja diferenças.
Há uma admiração especial, um carinho único, e um cuidado em relação àquela pessoa que transcende o restante.

Na vida cruzamo-nos com todos estes tipos de pessoas e resta-nos saber escolher (e ser escolhidos) e conseguir “acertar” na escolha.


Tuesday, April 25, 2006

25 de Abril

Celebra-se hoje mais um aniversário da “Revolução dos Cravos”.
Foi hoje proferido o primeiro discurso do Prof. Cavaco Silva na qualidade de Presidente da Republica.

Era um momento aguardado com expectativa – tinham vindo noticias em jornais sobre o teor do discurso e tinha-se assistido a uma movimentação dos partidos que, antecipando o discurso se colocaram contra o mesmo.

O Prof. Cavaco Silva optou por um discurso que revela o seu afastamento em relação ao P.S.D., referindo a necessidade das políticas sociais e marcando a importância do combate à pobreza e exclusão social.

Gorou-se a expectativa de um discurso anti-governo ou meramente economicista. Afinal “há mais vida além do défice”.

Monday, April 24, 2006

Zingarelhos

Hoje é normal ter-se telemóvel e leitor de MP3 ou Diskman.

Sou um enorme adepto do MP3, permite-me levar a música para qualquer lugar ouvi-la quando quero e assim alhear-me da realidade que me rodeia.

Tem vantagens porque as pessoas assumem que, ao termos os auscultadores nos ouvidos estamos com o aparelho ligado e aos altos berros.
Funciona como um destrava línguas, como acham que não ouvimos falam mais à-vontade. Ganha-se informação e percebe-se melhor o que é que algumas pessoas de facto pensam.

O telemóvel para além de aproximar mais as pessoas e permitir falar com aquela pessoa específica a qualquer hora do dia ou da noite em quase todo mundo, tem alguns inconvenientes.

Saber desligar o telemóvel parece que se transformou numa arte que poucos dominam. Hoje liguei a uma pessoa que, pela voz e pela respiração não foi difícil perceber que não era mesmo a altura ideal para atender. Já não foi a primeira vez que isto me aconteceu (embora com pessoas diferentes).

Isto tem qualquer coisa de profundamente errado. É como se num momento supostamente intimo e apenas a dois, o telemóvel assegurasse uma ligação a todo o mundo exterior. É como se as pessoas não se dessem por inteiro ou então, dão-se mas com a segurança de não “desligar” o restante mundo.

Tive que ouvir: “Não é boa altura!” claro está que a resposta foi: “E se desligasses não? Assim não caía em má altura…”

Sunday, April 23, 2006

Telejornais e desgraças

Costumo ver os telejornais, é uma das minhas maneiras de ir mantendo contacto com o que se passa no país e no mundo.
É óbvio que a informação que cada canal transmite está ligada à ligação politica que o mesmo tem, aos interesses dos seus donos etc..
Mas não sei se é de mim mas cada vez mais o que se vê são as desgraças trazidas para o “horário nobre”.
Compreendo que é importante mostrar o outro lado da sociedade e que a televisão pode ser uma importante arma para corrigir alguns desequilíbrios mas sinceramente acho que estamos a assistir à banalização do sofrimento.
Há algo de doentio nesta constante exposição do sofrimento, é como que uma obsessão pelo lado mais duro e mais deprimente da vida.
Parece que nos esquecemos que para além disto tudo há um lado na vida que se desenvolve no ultrapassar dos limites físicos, mentais e técnicos da Humanidade. Há o superar do próprio Homem.
Há todo um lado alegre ligado às artes – pintura, fotografia, música – que aparece em nota de rodapé como se fosse pouco importante.
Talvez seja apenas de mim que me sinto ávido por outras coisas…

Saturday, April 22, 2006

Primavera 1

Ninhada de patos - Jardim da Estrela

Filosofia de vida num court

Lembro-me de ter ido jogar ténis. Estava lá o P. e o T..
Sempre adorei jogar com o P. que é o meu professor de ténis e um grande amigo, não gostava nada de jogar com o T..
O T. jogava muito bem para a idade, tinha um toque de bola de fazer inveja a muito jogador de ténis e conseguia, quando se concentrava, colocar a bola em qualquer ponto do court.
Levei uma “bicicleta” sem saber como nem porquê. As bolas passavam por mim como se eu não estivesse lá. Fartei-me de correr porque ora era à direita, ora era à esquerda.
No fim disto o P. chamou-nos e estava com um ar muito irritado. Achei que era comigo, de facto não fora um adversário nada bom, tinha a pancada inconstante, estava com falta de ritmo.
Perguntou – “O quê que aprendeste com o jogo de hoje?”
Não tinha percebido que a pergunta não era para mim e respondi – “Não posso poisar os calcanhares, tenho que ser mais rápido sobre a bola, não devo abrir as diagonais…”.
Mandou-me calar e disse: “Agora T., o que é que aprendeste?”
Não obteve resposta e fez um esgar de profunda irritação, enumerou aspectos do jogo do T. que não tinha gostado e que queria que melhorassem.
No fim acrescentou: “O Luís não joga nem metade daquilo que tu jogas mas aprendeu alguma coisa contigo, tu devias ter aprendido alguma coisa com ele. Aprendemos sempre com todas as pessoas com que jogamos, quer sejamos melhores que eles ou não.”

Transpondo para os restantes aspectos da vida, acho que aprendemos sempre com as pessoas com as quais nos cruzamos. Podemos concordar com elas ou não, mas aprendemos. Compete-nos ter a “humildade” de perceber que podemos sempre aprender e melhorar.
Ser-se assertivo e marcar as nossas posições não é uma falta de respeito para com os outros. A nossa afirmação não pode ser feita pedindo desculpa por cada opinião que temos.

Thursday, April 20, 2006

Casamentos

Há coisas que não entendo. Falar com alguns amigos é no mínimo estranho.

Estava desaparecido há um ano e hoje decide-me ligar sem mais nada. A conversa evoluiu tranquilamente. Onde estava a trabalhar, quais os planos dele de futuro, a namorada, o que ela estava a fazer e claro está a pergunta inevitável:

“E tu? Continuas alone?”

Ok, a pergunta já tinha sido colocada a martelo na conversa, o inglês apenas piorou a situação e o meu humor.

“Sim, continuo.”

O que se seguiu foi um espectáculo, uma tentativa de consolo em que enumera a quantidade de pessoas que conhecemos em comum que estão sem relações amorosas e um “(…) por isso não te importes…”

Importo, mas não pelo que ele imagina. Há tempos para estar com outros e outro tempo em que o que queremos é estar sós.

Estar com outro implica estar bem connosco próprios e isso, depois de algum acontecimento importante, demora algum tempo. O meu equilíbrio pessoal demorou algum tempo a ser restabelecido e ainda não sei se estou completamente decidido a deixar entrar outra pessoa na minha vida.
O enumerar de pessoas que estão sós foi apenas um triste desfiar de penas alheias que sinceramente não me confortam nada, e não procuro esse tipo de conforto, será assim tão difícil entender que às vezes nos sabe bem estar sós? É que não sou adepto da política de para esquecer uma, siga-se outra. Também não quero propriamente uma relação superficial em que não se fale de nada.

Achava eu que isto era o mais fundo que a conversa ia bater até que:

“Estou a pensar casar sabes, daqui a um ano, ano e meio… Namoramos há já quase 4 anos!”

Fixe para ti, eu não estou a pensar casar-me já.

Não estou pronto para me casar, há tanta coisa que tenho que deixar resolvida.

Não é por medo ao compromisso, é porque para assumir um compromisso dessa envergadura é preciso estar-se de corpo e alma, é preciso que ambas as pessoas percebam bem o que isso implica. Não se casa apenas porque é “porreiro” – assume-se um compromisso que é tanto maior quanto depois aparecem os filhos. Casar implica que se assumem várias obrigações, não se pode por e simplesmente casar num dia e separar-se no dia a seguir se as coisas não correrem bem. É uma decisão importante.

No espaço de dois dias é o segundo amigo a falar-me de casamento e estranhamente, eu que sempre achei que namoraria, casava-me, tinha os meus filhos e viveria feliz para sempre sou cada vez mais desconfiado em relação a isso.

Friamente, acho que muitas pessoas não fazem ideia do que é ser-se casado, viver todos os dias com a mesma pessoa, chegar a casa e ainda ter “disponibilidade” mental para o outro.

É tarde

Painel de azulejos - Universidade de Coimbra

Estou cansado, com sono…

Divirto-me a “destruir” estruturas, a fazê-las colapsar.

Parece que chegou mesmo a Primavera apesar do frio.
Já se notam os sinais da febre da Primavera, anda tudo (ainda mais) atrás do Amor...


Wednesday, April 19, 2006

“Strangers in the night”

Calhou hoje em conversa com um amigo muito especial o tema do Amor.

A páginas tantas encalhei numa pergunta: “Porquê que tantas pessoas têm medo de Amar?”

O verdadeiro Amor, tem várias faces, e uma delas é a paixão e atiçá-la num coração que está como seara seca é convidar o descontrolo.

Mas a verdade é que o Amor não se controla, quando duas pessoas decidem juntas tentar o seu Amor, não há roteiros, não há mapas, não há guias, não há outros, há apenas aquelas duas pessoas e o desconhecido.

Ninguém gosta de embarcar numa viagem de que desconhece o fim e sobretudo o itinerário. Seja porque se tem medo de magoar o outro ou de se magoar a si próprio.

Também não deixa de ser verdade é que o Amor é vivido a dois e a decisão de percorrer aquele caminho é de ambas as pessoas envolvidas, e só percorrem até onde se sentem confortáveis e até onde quiserem ir.

Não é possível dizer que se viverá “feliz para sempre”, isso só acontece nos romances e nas histórias, a vida teima em trazer à nossa mesa algumas prendas amargas e essas, mais adiante são para ser suportadas pelos dois.

A questão é se ambos são capazes de aguentar as circunstâncias e se são capazes de as aguentar juntos, apoiando-se mutuamente e amparando-se.

O caminho do Amor não é passível de ser desvendado, é esse o mistério, no fundo se preferirem é uma questão de fé. Não existem dois amores iguais, não se sente a mesma coisa por duas pessoas diferentes.

O que torna o Amor tão especial é que sempre que aparece voltamos à estaca zero de uma estrada ou viagem da qual desconhecemos o ponto de chegada e as etapas são definidas a dois.

Das decisões tomadas a dois nasce a ternura, a confiança e o respeito um pelo outro. Não que não devesse existir já, mas torna-se diferente, arrisco mesmo dizer que se torna numa admiração muito especial.

Tuesday, April 18, 2006

A encomenda

Saio hoje de manhã, às 8h30 para chegar a horas. Tive que regressar a casa por volta do meio-dia. Meto a chave à porta e, ainda não tinha acabado de entrar quando oiço chamar por mim e dizem-me: “Chegou uma encomenda”.
Começo rapidamente a pensar o que seria, não tinha encomendado nada, pensei se algum dos meus “ódios” de estimação teria passado para métodos mais agressivos…
Aproximei-me da encomenda com ar suspeito e reparo que afinal não vem nas caixas comuns dos CTT mas sim numa “caixa presente”. Não faço anos hoje, ninguém cá em casa faz anos, a data já foi especial para mim, mas a outra pessoa que sabia a importância da data já não habita no meu reino…
Olhei com ar ainda mais desconfiado para a caixa, li o nome do remetente e aí fez-se luz, sorri-me, afinal a minha amiga do Porto tinha-me mandado uma encomenda. Achava eu que sabia o que era – uma caixa da Páscoa (uma caixa com ovos de chocolate, caramelos e amêndoas) – tinha feito 200 delas para os alunos da catequese e na altura em que as estava a fazer eu disse-lhe: “podes sempre mandar uma…”
Bem, não abri a encomenda logo porque estava convencido que sabia o que era.
Passado um bocado e porque sou curioso, decidi abrir a caixa e não é que de lá de dentro me salta uma caixa com o Noddy?
Sei que ninguém vai perceber isto porque é uma “personal joke” mas fez-me rir durante um bom bocado.

Doideiras de dois amigos que se conhecem há já vários anos…

Monday, April 17, 2006

Retratos ou Usos e Costumes?

Ando há semanas a ver se consigo resolver um “pequeno” problema. Depois de sobreviver aos múltiplos impressos muitos em duplicado e triplicado chega finalmente o “papelinho milagroso” que em principio permite resolver a questão.
O que é interessante é que o que antes era para retirar, agora é para manter…

Não há coerência em nada, os processos dependem das pessoas que os instruem, da leitura que fazem das situações e parece que não há guias genéricas.

Pareço uma telefonista, toca o telefone mais vezes do que é humanamente suportável, tento conjugar um batalhão de pessoas e meios que são por natureza inconciliáveis e começo a desesperar. Ninguém cede um milímetro para que o outro possa.

Ao fim de vários anos ainda há papeis a voar, coisas que ficaram por tratar e está tudo à espera que eu tire a solução milagrosa do chapéu.

E tudo isto é um retrato do nosso país, em que os anos passam dormentes, sonolentos e a maior parte das coisas ficam como estavam.

Estou a ser injusto, há uma nova tendência para resolver as coisas, tudo muito mais rápido, sem a papelada toda. Resultados? Poucos ou nenhuns, porque ninguém leu o que estava para trás e portanto as boas intenções de resolver as questões dão em nada porque ficaram mal resolvidas ou seja não ficaram. Mudam as pessoas e os processos voltam à estaca zero…

No fundo é como o Governo deste país, ele muda, mudam as políticas e muitas vezes o que antes era facto consumado volta atrás e é mesmo anulado e alterado.

Sunday, April 16, 2006

Coisas doces





Fica aqui uma das músicas que me faz sonhar.

Saturday, April 15, 2006

Ovos da Páscoa

Lembro-me de quando cá em casa se fazia a caça aos ovos da Páscoa.
Sei que isto não é propriamente estar imbuído do espírito cristão mas adiante – lembro-me dos ovos de chocolate Regina que se abriam em duas metades sendo o seu centro oco.
Quantas vezes não se escondiam pequenas prendas no centro daqueles ovos de chocolate bem duro mas que sabia deliciosamente.
Nunca fui grande fã de amêndoas a não ser de umas de licor que hoje ainda para mais apareceram na televisão onde era apresentado o processo de fabrico.
E é assim, ando com um espírito guloso.

Ao longe

Vista de Coimbra a partir de Santa Clara

Quando empreendemos uma viagem, chegamos a uma altura que o sítio de onde partimos está já distante e o local da chegada ainda está longe.
É como olhar à volta e não encontrar pontos de referência, temos que nos guiar através do nosso próprio sentido de orientação, através da nossa “fé”.
Quantas vezes a meio do caminho não sentimos um certo desespero e uma ansiedade porque sabemos que deixámos para trás um local que conhecíamos e nos lançamos para um que desconhecemos e estamos longe quer de um quer de outro?
Mesmo com todas as tecnologias que existem, muitas são as viagens que fazemos sozinhos, em que as escolhas são integralmente nossas.
E às vezes sofremos de miragens, acreditamos que estamos a ver algo que não existe. E as miragens podem causar dano muito maior do que aquilo que imaginamos. Se pensarmos bem, as miragens têm algo de parecido com a idealização que fazemos dos outros e das situações.
Temos tendência para compararmos a nossa vida, as nossas opções com as de outros, mas porquê? Serão mesmo comparáveis? Acho que não, ninguém sabe verdadeiramente o que leva uma pessoa a agir daquela maneira.

Thursday, April 13, 2006

Verdades Absolutas

Escadaria e entrada da Reitoria da Universidade de Coimbra

Vivo num país único onde projectos de lei não são aprovados porque na Assembleia da República não estava o número mínimo para se formar “quórum”. Os distintos deputados na sua maioria estiveram ausentes por motivo “desconhecido”.
Se por si só isto já é lamentável – e no entanto não deixa de ser o retrato da produtividade – mais chocante ainda é ouvir o líder parlamentar do maior partido da oposição criticar o partido com maioria absoluta por este não assegurar o número mínimo de deputados. De caricato passa a cómico quando a bancada do P.S.D. apenas tinha 1/3 dos deputados eleitos e a bancada do P.S. responde que por ter maioria absoluta não tem que garantir números mínimos e sublinha a desproporção na bancada rival.
Já todos sabemos que quando há maioria absoluta as bancadas dos outros partidos têm maiores dificuldades em aprovar as suas propostas mas ouvir hoje o líder da bancada do P.S.D. dizer que compete à maioria assegurar os mínimos é a aceitação da podridão de todo um sistema. Se existindo uma maioria os restantes grupos parlamentares são desnecessários, o melhor é acabar com eles, economizando o Estado neste sector.
Eu julgava que todos os deputados eleitos tinham os mesmos poderes e as mesmas obrigações mas afinal parece que não é bem assim.
Depois de tudo isto como é que os políticos têm coragem (para não dizer a lata) de pedirem aos portugueses que trabalhem e produzam? Como justificam os salários que eles tão insistentemente afirmam ser baixos mesmo sendo mais elevados do que os da vasta maioria dos seus concidadãos?
Perdem a razão toda pelo exemplo que dão... E ainda ficam surpreendidos por não serem respeitados...


Inconformismos

Tenho-me cruzado com várias pessoas que não estão satisfeitas com a sua vida.
É curioso como todos nós temos sempre vontade de mais e melhor, é um bom sinal acho eu, mas nem sempre…

Curiosamente aonde as pessoas se sentem menos concretizadas é nas suas vidas pessoais. Sentem a falta daquela pessoa especial, queixam-se da família que têm, da falta de verdadeiros amigos etc.

Quanto à família, cada um tem a que tem, não a pode alterar, não a escolheu, é aquela e pronto. Pode é no entanto não querer seguir exactamente aquele caminho, pode querer ser diferente, querer alterar as coisas. Não é de todo mau nem creio que deva ser encarado como falta de educação mas sim como uma forma de resolver a vida.
No fundo todos nós forjamos a nossa vida e escolhemos o nosso caminho, e o caminho que nós escolhemos não tem de ser o que outro escolheria mas é sim, o caminho que podemos, conseguimos e no qual nos queremos sentir confortáveis ao percorrer.

Há marcas que ficam na nossa vida, desde aquela reprimenda que um dos nossos pais nos deu, até aquele amor que foi tão intenso que nunca desapareceu totalmente.

Às vezes a nuvens cobrem o Sol como os momentos menos bons, em que o desespero se apodera de nós e em que deixamos de acreditar tomam de assalto a nossa vida, mas a verdade é que por debaixo das nuvens o Sol continua lá, imutável.

Todos nós temos uma essência que é só nossa, que nos torna únicos e que constitui a nossa reserva perante os maus momentos. Há alturas em que precisamos de renovar essas reservas e mergulhar de novo nos nossos gostos primitivos, reencontrar aquilo que verdadeiramente nos acalma e nós dá força.

Os medos assaltam-nos ao longo do caminho que é a vida e é natural que tenhamos medos, é até salutar.

Há ainda o arrependimento, a vontade de alterar as coisas, de fazer com que os outros se alterem para serem aquilo que nós queremos.

Talvez nada disto que estou a escrever faça muito sentido, mas há uma sensação estranha de querer dizer qualquer coisa que não sai, que está cá dentro e que não consigo verbalizar.

Subitamente várias peças de um puzzle gigantesco encaixaram-se e consigo agora perceber os contornos do desenho.

Ouvi hoje pela primeira vez a música “Fix You” dos Coldplay.

Lembrei-me do meu papel na peça da quarta classe, da tristeza que tive por não ficar com um dado papel. Lembrei-me da minha educadora de infância, do colégio onde andei…

Lembrei-me de tantas pessoas que gostaria de abraçar e com esse abraço transmitir-lhes uma calma transbordante e sincera. Gostava de ser capaz de, com um gesto, apagar as dificuldades de várias pessoas, umas de quem gosto, outras que nem por isso. A estas últimas queria fazê-lo para lhes mostrar que existe um outro caminho e lá porque se assustaram isso não justifica que me tenham feito mal.

É talvez idiota pensar nessas pessoas, mas penso. Penso muitas vezes porque não quero ser assim, são o meu exemplo a não seguir.

E às vezes, só às vezes, chego ao fim do dia e gostava tanto que alguém me recebesse de braços abertos, sem perguntas e tratasse de mim. Mais do que sentir frustrações ou tristeza, sinto cansaço.

A tristeza que senti dissipou-se porque nuns casos não posso alterar as circunstâncias e portanto não me queixo delas, noutros casos, houve quem me fizesse ver que não vale a pena estar triste.

Lembro-me do meu avô, de estudar matemática e história com ele, de jogar a “Batalha Naval” no Diário de Noticias.

Lembro-me daquele senhor que me recebia de braços abertos, com um sorriso, que tantas vezes me viu chorar e que tinha sempre uma palavra amiga, uma história reconfortante.

Vem aí a Páscoa e lembro-me dos ovos de chocolate escondidos pela casa em que ele me dizia sempre para eu procurar bem em determinado local.

Não consigo explicar mas há uma alegria transbordante que faz com que as coisas que me doeram no último mês e meio sejam insignificantes. Quando me lembro daquele senhor lembro-me do exemplo que foi a sua vida e naquilo que quero que seja a minha.

Wednesday, April 12, 2006

Passagens

Reitoria - Coimbra

Tuesday, April 11, 2006

Obsessão

Dei por mim a pensar na mudança de atitude que tenho vindo a ter. Há alguns meses atrás teria ficado irritado com uma série de pequenas coisas como a de me enviarem a conta de algo que não pedi nem aceitei.

Hoje no entanto, ao abrir a carta e ao lê-la encolhi os ombros – é mais uma pequena chatice que tenho que tratar mas que não tem importância.

Muitas outras coisas tornaram-se diferentes, baixei as minhas expectativas, se é que ainda as tenho.

Não é este o espaço para explicar o que levou a esta mudança de atitude, mas infelizmente vi demasiado em pouco tempo.

Descobri que as aparências enganam, que há pessoas “meia bola e força”, que existe um desrespeito enorme pelo outro, pela sua própria saúde e/ou vida. Infelizmente descobri que há quem não tenha vergonha na cara, que arrisque tudo para poder tão-somente ter cara de santo e continuar a ir para a Igreja mantendo uma devoção fraca, frouxa e vazia de conteúdo (meu amigo Magriço, quando estivermos juntos explico-te, peço-te que não te irrites comigo se leres isto).

É assim, uns andam à procura da felicidade nos outros sendo incapazes de assumirem o seu verdadeiro papel enquanto ser humano, espezinhando tudo e todos em seu redor, não me merecendo qualquer tipo de respeito e toda a pena que tive desfez-se.

Deixemos-te “morrer” tranquilamente, há coisas muito mais importantes. Mais do que aquilo que se passou importa saber porquê que eu agi assim, porque raio te dei a desculpa perfeita (esta é fácil, porque eu nunca o faria e portanto nem me ocorreu), porque é que continuei a não querer ver e a negar todas as evidências.

Deixemos definitivamente um passado que deixou bons momentos e outros maus e do qual, agora, não me quero esquecer, mas quero isso sim ficar em paz com ele. Não fique eu pelas meras intenções e torne mesmo em realidade.

Mudaram as minhas prioridades, mudaram as minhas vontades, mudou o rumo da minha vida.

A quem agora tenho que chegar, esperemos que o consiga efectivamente.

Quanto aquela irritação de base que fui tendo ao longo de um tempo e que resultou num tom mais crispado, um pequeno segredo – foi comigo mesmo que me irritei…

Monday, April 10, 2006

Não me apetece escrever

Não sei o que se passa comigo mas não ando com paciência nenhuma. Só me apetece estar num sítio qualquer solarengo.

Queria estar no estrangeiro, talvez São Petersburgo ou Moscovo (ok, de solarengo pode não ter muito). Tenho vontade de viajar, ver outras coisas e depois regressar. É uma sensação tão agradável a do regresso a casa.

Sinto sempre uma felicidade tão grande quando regresso a casa que é difícil explicar. Voltar ao meu espaço, rever as pessoas que fazem a minha vida.

Gosto de viajar, disso não haja dúvida, mas gosto de regressar. Se por um lado gostava de ir para o estrangeiro e viver algum tempo lá fora, a verdade é que não quero deixar as pessoas de quem gosto cá, não quero deixar o meu país. Seria para regressar, mas mesmo assim perderia uma parte das coisas porque uma vez a viver no estrangeiro o tempo passaria, as situações alteravam-se e eu não estaria cá.

Há algum tempo que decidi ficar aqui, neste cantinho do mundo, encontrar aqui a minha felicidade, e depois, se as coisas se proporcionarem então sim, sair para uma estada no estrangeiro com a companhia de alguém que eu ame e sabendo que deixo todas as pessoas de quem gosto razoavelmente bem.

Há uma parte de mim que anseia por estar só, mas há uma outra que deseja encontrar uma companhia – uma “soul mate”. Alguém que me complemente, que ao mesmo tempo que acenda a chama da paixão, tempere os sentimentos com uma certeza terna. Alguém que eu saiba que faz parte de mim como eu farei parte dela, que ao mesmo tempo que incita a conquista, se deixe conquistar e me conquiste também. Alguém que desperte um “amor sereno”.

E no fundo, não me apetece assim muito escrever, apetece-me sobretudo aproveitar a vida naquilo que ela tem de único. E naquilo que é único, escrever neste espaço é algo que me dá um prazer imenso.

Contradições…

Sunday, April 09, 2006

Fim-de-semana

Há muito tempo que estava “prometido” ir a Coimbra por causa de um casamento de uns amigos.

Sexta-feira lá me meti no carro com a minha irmã e seguimos. Ela a conduzir porque eu, mesmo com idade para isso já lá vão uns aninhos ainda não tirei a carta…

Hoje, antes do regresso achámos por bem ir visitar a Universidade e a Biblioteca Joanina. A Biblioteca é visitada em grupos e com horas estabelecidas. Chegamos à porta da Biblioteca e esperámos que abrisse. Ao abrir, não estive de modas, entro todo lampeiro. Já lá dentro e a avançar a passos largos oiço a voz da senhora que tomava conta: “O seu bilhete se faz favor!”

Bem, como é meu hábito que sou despistado, nunca me passou pela cabeça que se tivesse que pagar para entrar. Escusado será dizer que fui convidado a sair e a regressar depois de ter comprado o dito ingresso…
Linda figura a minha com cara de parvo a olhar para a senhora…

Só hoje é que percebi que para a semana é a Páscoa. Ando tão “perdido” no meu trabalho que nem me apercebi que era mesmo “já a seguir”…

Enfim, começa uma nova semana.

Friday, April 07, 2006

Ideias dispersas

Os últimos dias têm sido um teste à minha paciência.

Ando escamado com os ditos serviços públicos.

Não sei se é de mim mas acho que anda tudo demasiado lentamente, com uma burocracia atroz e em que ninguém dá despacho. Irrita-me para lá do que é possível imaginar esta questão de, a qualquer critica feita ao funcionamento dos serviços, a pessoa que a recebe automaticamente a personalizar. Não estou a pôr aquela pessoa ou outra em particular em causa mas sim o modelo organizacional do serviço.

Isto de se fazer uma critica e de a pessoa que a recebe a tomar como ofensa pessoal é demais. Há uma instituição por detrás daquela pessoa e em muitos dos casos a questão é com a instituição e não com a pessoa. Não entendo como é que não separam as relações institucionais das pessoais.

Em conversa com um colega discutíamos a diferença entre a vida politica e pública em Portugal e em França.

Em França por cada manifestação anti CPE há uma contra manifestação a favor. É óbvio que as manifestações a favor são muito menos visíveis e muito menos “fortes”.
Em Portugal o Governo anuncia um défice de 6% e as reacções são ténues ou inexistentes. Na minha conversa com este meu colega ambos estávamos de acordo em relação a duas coisas:

- É essencial saberem-se os verdadeiros valores das contas públicas para que a generalidade dos portugueses saiba do que realmente se trata e possa formar uma opinião;

- O Governo deve tomar decisões de acordo com as suas convicções politicas e depois ser “julgado” ao fim dos 4 anos de mandato.

Em Portugal dá-se uma importância excessiva, na minha opinião, aos comentadores políticos. Como é que é possível e mesmo aceitável que um comentador politico tenha um espaço televisivo em que diz “(…) segundo as minhas informações (…)”. Estranho ainda que quando comenta acções do Governo, os membros visados apareçam a comentar o comentador dando-lhe um peso que sinceramente não creio que possa ter. A oposição ouve as ideias deste senhor e muitas vezes repete-as inclusivamente em debates parlamentares em que o nome do senhor aparece referido sem se perceber porquê.

Parece que em Portugal tudo é tratado por apenas uma pequena “elite” que tem acesso a informação e que, em jogos de bastidores, organiza o país a seu prazer.

Thursday, April 06, 2006

Cansaço

Hoje estou exausto. Chego ao fim do meu dia de trabalho com a sensação de que ficou muita coisa por fazer.

Desespera-me ficar depende do trabalho de terceiros para fazer as coisas avançar e neste momento enquanto eles não se mexerem fico com o meu trabalho todo preso.

Irrita-me ainda mais demonstrar por A + B que não se pode fazer daquela forma e ainda assim insistirem no erro.

A juntar a isto tudo, fico a saber que, por falta de dinheiro, não se contrata a pessoa mais capaz para ajudar a resolver a situação. É lastimável que um organismo público se encontre basicamente falido porque esbanjou o dinheiro.

Vivemos claramente no país da Nossa Senhora de Fátima, deixamos à Divina Providência a resolução dos assuntos mais terrenos que podem existir e depois, claro, as coisas dão para o torto e ficam todos a olhar para o parceiro do lado à espera que ele saiba explicar.

Há uma frustração enorme em ver que ninguém se mexe e está tudo à espera do colega de trabalho, das verbas (que nunca são suficientes) e que essa coisa de reaprender é para os outros.

Wednesday, April 05, 2006

E de hoje resulta

Seis milhões de portugueses deprimidos e amanhã um dia em que a economia se ressente.

Tuesday, April 04, 2006

Sem medos



Repair Credit Denver Real Estate Music Video Codes


"Staying Alive" - Bee Gees

Duas frases para o futuro:

"Querida, afinal vou ter contigo"

e

"A nobreza em Portugal está em queda"

Monday, April 03, 2006

Primaveril

“Shadows falling , baby , we stand alone
Out on the street anybody you meet got a heartache of their own
Make it a crime to be lonely or sad
You got a reason for livin'
You battle on with the love you're livin' on
You gotta be mine
We take it away
It's gotta be night and day
Just a matter of time

And we got nothing to be guilty of
Our love will climb any mountain near or far, we are
And we never let it end
We are devotion
And we got nothing to be sorry for
Our love is one in a million
Eyes can see that we got a highway to the sky
Don't wanna hear your goodbye

Pulse's racing , darling
How grand we are
Little by little we meet in the middle
There's danger in the dark
Make it a crime to be out in the cold
You got a reason for livin'
You battle on with the love you're buildin' on
You gotta be mine
We take it away
It's gotta be night and day
Just a matter of time

And we got nothing to be guilty of
Our love will climb and mountain near or far, we are
And we never let it end
We are devotion
And we got nothing to be sorry for
Our love is one in a million
Eyes can see that we got a highway to the sky
Don't wanna hear your goodbye
Don't wanna hear your

And we got nothing to be guilty of
Our love will climb and mountain near or far, we are
And we never let it end We are devotion
And we got nothing to be sorry for
Our love is one in a million
Eyes can see that we got a highway to the sky
Don't wanna hear your goodbye
Don't wanna hear your

And we got nothing to be guilty of (fade)”

“Guilty” – Bee Gees



A cortar o cordão umbilical que me liga a uma forma de ser que está em mudança efectiva.
Arrisca-se o que se tem que arriscar, noutros momentos dá-se tempo para assentar ideias, ler outros livros, e de vez em quando desligar o mundo em meu redor.
Há uma curiosidade própria dos gatos que me assalta, há um sem número de coisas que quero descobrir.

É giro ter quem nos ponha o dedo na ferida e nos diga algumas verdades mesmo que isso às vezes nos custe a engolir.
Começo a sentir uma sensação muito boa de que há luz ao fundo do túnel e que afinal, algumas decisões discutíveis se tornaram irreversíveis e mesmo indispensáveis.

Sunday, April 02, 2006

Notar bem

"Não é não"

Saturday, April 01, 2006

Igualdade dos sexos

A Assembleia da Republica aprovou uma lei que estipula o número mínimo de mulheres que cada lista deverá ter.

As célebres quotas ficaram portanto consagradas – descriminação positiva segundo uns.

Não acredito que exista descriminação positiva, qualquer descriminação é sem dúvida negativa, é um mau sinal.

E o que pensam as mulheres disto? Como se sentem? São tratadas como números, impõe-se-lhes a entrada na vida politica quer queiram quer não.

Sinceramente acho uma vergonha e se fosse mulher sentia-me ofendido com esta lei.

A questão francesa e o CPE

Não conhecendo exactamente o CPE, as noticias que tenho visto e lido acerca do diploma legal que teve luz verde do Tribunal Constitucional francês e aprovação por parte do Presidente não deixam de me preocupar.

Mais do que analisar o CPE em si, há uma questão subjacente que é importante.
O modelo social europeu não comporta este tipo de alterações. Estará o modelo social europeu a alterar-se? E em que sentido?

Parece que há uma aproximação em vários campos da Europa aos EUA mas uma das marcas mais distintivas entre estes dois “blocos” sempre foi a questão de modelo social.

Claro está que o CPE poderá ainda cair, o Presidente francês aprovou-o com algumas ressalvas e pedidos de alteração, e dentro de algum tempo existirão eleições pelo que é possível que os partidos que agora contestam a lei sejam eleitos e depois, se forem coerentes, não lhes resta alternativa que não a de a revogar ou suspender (aqui deixo em aberto porque desconheço como funciona o sistema politico francês).

Mas admitamos que o CPE é “alterado” de acordo com a vontade do Presidente, e que entra em funcionamento. Havendo já um país europeu que seguiu este caminho não será de esperar que outros o façam?

Infelizmente já consigo imaginar vários outros países, entre eles o nosso, a dizerem: “Se a França – que é muito mais desenvolvida faz – nós devíamos seguir o exemplo!”

Abriu-se uma porta para um futuro sem duvida diferente em termos de modelo social, resta saber se o que aí vem é bom o que tenho as mais sérias dúvidas.

Como nota de rodapé, e porque não merece mais do que isso: Nicolas Sarkosi - ministro de Estado e do Interior que foi altamente contestado pela sua actuação quando dos incidentes nos subúrbios de Paris e noutras cidades da França – revelou ser um homem fraco e pouco leal para com o Primeiro-Ministro Dominique de Villepin que o defendeu. Se não concorda com o CPE, tem duas alternativas, ou se demite ou então deveria estar em silêncio. Não lhe fica bem admitir em público que discorda do seu Primeiro-Ministro que o defendeu quando pediram a sua cabeça.