Wednesday, August 31, 2005

Declaração

Serve a presente para informar os nossos amigos leitores que de facto, não foram só os jornais espanhóis a dizer mal e a expressar admiração pela situação que se vive em Portugal. Os jornais alemães, italianos, franceses e eslovenos também.

A minha relação com os estrangeiros é diferente da maioria das pessoas, vivo com eles muitas horas do meu dia. Trabalho com eles, uns bons, uns maus e uns péssimos. Tenho aprendido muito com eles.

Mas quero avisar-vos que se pensam que os nossos políticos são do pior que há, desenganem-se, eles são assim por todo o mundo, não entrarei em detalhes sobre a minha excelente relação com o George W. Bush ou com o Vladimir Putin, poupo-vos.

Lamento que após as critícas que ontem teceu, Manuel Alegre não avance para a sua candidatura, poderia tornar o debate a nível nacional mais interessante e como "homem de luta", como ele mesmo se intitula, desiludiu. Perdeu a aura do "a mim ninguém me cala", os interesses do PS calaram-no, só estrebuchou um bocadinho antes do silêncio. Ainda assim, espero honestamente que ele repense e apresente a sua candidatura.

A classe política está desacreditada, temos o "queijo limiano", o Avelino Ferreira Torres, a Fátima Felgueiras, o Major Valentim Loureiro e sei que me estou a esquecer de alguém importante, mas vocês certamente lembrar-se-ão.

Será que uma reforma do sistema eleitoral ajudaria? Sim, claro que sim. Mas antes de começarem as reformas, apresentem-se os políticos.

Tudo isto seria cómico, não fosse a classe política e as critícas que se lhe fazem permanecerem as mesmas que no tempo de Eça de Queiroz.

Tuesday, August 30, 2005

Questão política

Não sei se repararam mas anteontem o jornal “El País” tecia duras criticas ao governo português e ao país.
Não que outros jornais estrangeiros não o tivessem já feito antes e noutras circunstâncias e sei que a minha irmã e colaboradora deste espaço vai afirmar isso mesmo mas sinceramente não posso deixar de sentir uma certa irritação pelo jornal ser espanhol.
Afirmava o jornal que o país era ingovernável. A questão creio que se coloca de outra forma: Não teremos nós políticos de fraquíssima capacidade?
Lembrei-me do livro "Frei Luís de Sousa" de Almeida Garret e da cena em que o nobre português que se casara com a mulher de D. João de Portugal, incendeia a sua casa afirmando: Saberão todos que em Portugal ainda há um português…
A vergonhosa escandaleira de ministros que respondem com ar de desdém aos jornalistas, afirmando coisas sem qualquer senso, demagogicamente defendendo modelos que já demonstraram não serem adequados é um cenário confrangedor, dantesco e mesmo grotesco.
O problema não são os portugueses em si mas sim a total incompetência de quem os dirige. As classes políticas estão completamente gastas, são sempre as mesmas caras para os mesmos lugares (e aqui não falo de Soares por exemplo). Temos profissionais da política ou seja pessoas que não sabem ser outra coisa que não políticos e que no dia em que o sistema mudar afundam-se na vida.
Falta uma sociedade que tenha pessoas com capacidade que assumam claramente o papel de líder e que saíam das suas empresas, dos seus escritórios, das suas vidas e assuma, por amor, por honra, por dever os lugares de chefia do estado e que uma vez terminada a sua missão regressem aos seus postos originais não ficando à espera de um qualquer cargo numa empresa publica.
Ganham mais no privado – é o que muitos afirmam, mas a verdade é que o país precisa de quem, com honradez assuma os comandos da nação.
Sei que o que vou escrever a seguir será visto como uma reminiscência de uma qualquer ditadura mas não o é: É essencial que haja quem não tenha medo de tomar decisões e de as fazer cumprir.
Não é possível continuar a assistir a este espectáculo confrangedor de um país que definha por incompetência de uma classe política sem classe, sem capacidade e cuja maior arma é o insulto pessoal, a calúnia, o sacudir a água do capote.
Não haverá nenhum governante que diga: A situação é esta, é daqui que partimos, como cá chegámos não interessa.
Gostaria de referir aqui um acontecimento e uma atitude que eu gostaria de destacar pela brutal pedrada no charco que foi e que representa.
Manuel Alegre, de quem tenho muita pena por não se candidatar, deu uma bofetada de luva branca no Partido Socialista e demonstrou ser um Senhor, exibiu uma classe e uma categoria que não estão ao alcance de muitos, sem se vitimar, pôs os pontos nos i’s e, com toda a dignidade assumiu que era um Homem de convicções fortes de esquerda e que não apoiando Mário Soares, não iria minar o campo politico de onde sai este fóssil renascido.
Os actos ficam para quem os pratica e Manuel Alegre demonstrou claramente que mesmo estando o país a arder – SABER-SE-Á QUE AINDA HÁ UM PORTUGUÊS DIGNO NESTE PAÍS.

Monday, August 29, 2005

Para os homens, por um homem

"Os homens que não perdoam às mulheres as suas pequenas falhas jamais desfrutarão das suas grandes virtudes".
Khalil Gibran in "Areia e Espuma".

Passeios à beira-mar

É tempo de férias (ou pelo menos para alguns felizardos) e mesmo não estando em férias propriamente ditas aproveito todo o tempo que tenho para ir à praia. À minha praia, aquela que sempre conheci…

Têm sido vários os passeios que dou com os pés metidos na água sentido o calor do Sol no corpo e o fresco do mar nas pernas.
Aproveito estes passeios para pensar…

Há uns tempos circulou na blogosfera a questão do tempo, neste momento gostaria que ele passasse depressa...

Sunday, August 28, 2005

"Animal Farm"

Quadro pintado por Jacques-Louis David
Há uma força em nós que nos faz avançar mesmo quando as coisas não saem como queremos, uma vontade férrea de fazer com que as coisas aconteçam.
"Ordeno ou calo-me" afirmou este colosso quando foi destituido.

Saturday, August 27, 2005

O que dizer

Há alturas em que nós queremos muitíssimo dizer a alguém especial que sentimos saudades, que a queremos ver que gostamos dela pelo que ela é.
Não interpretem isto de forma incorrecta, não é o dizer como frase de engate mas sim como o doce aconchegar de quem tem um sentimento de profundo carinho pela outra e que tem medo de a magoar dizendo o que não deve ou por e simplesmente não dizendo.
Não querendo criar pressões desnecessárias ou “climas tensos” mas apenas dizer que de facto aquela pessoa é especial, que nela admiramos qualquer coisa de único que lhe é intrínseca.
Recorrendo a uma imagem, queremos que as nossas palavras sejam o lençol que cobre a pessoa por quem sentimos aquele carinho, o agasalho que a cobre quando as duvidas frias se instalam.

Friday, August 26, 2005

Eu e os Homens II

Penso que não é segredo que o mundo masculino me parece um tanto ou quanto estranho tem, na minha perspectiva e salvas honrosas excepções, os valores todos destorcidos.
Na terça-feira passada estava no messenger quando um amigo meu apareceu e exibia uma foto com duas "bombas". Quando digo "bombas" refiro-me a duas mulheraças dessas que enchem o olho a qualquer homem, mas que olhando para elas qualquer mulher pensa que tirando a maquilhagem não são assim tão bonitas, o corpo mantém-se escultural e o cérebro não foi avaliado por isso mantenho reservas. Já sei que vão dizer que estou cheia de inveja, mas não é verdade.
Ora, este meu amigo, tinha sido namorado de uma amiga comum dos dois que também costuma utilizar o messenger. A relação dos dois terminou há pouco mais de quatro meses e sei que a minha amiga está super em baixo (ela é melhor que eu porque disfarça melhor).
Tentei explicar ao meu amigo que talvez fosse melhor mudar a foto não fosse a ex dele ligar o messenger e ver a foto. Acreditem que eu tenho um sexto sentido para estas coisas, consigo ver lá ao longe...Ele garantiu-me que ela ainda não estava em Portugal e que também não estava ligada e que portanto nunca veria a foto. Eu pensei e disse-lhe que ela poderia entrar em off-line e ver a foto, afinal quem é que não faz isso? Eu faço e por isso presumo que os outros também.
A este meu discurso prudente, levei uma resposta que me deixou boquiaberta e que foi que ele pretendia meter inveja a um amigo dele italiano...a competição entre homens é extraordinária, mas a competição entre homens de países diferentes bate tudo aos pontos, só falta a régua.
Fartei-me dele, desliguei o messenger e pensei que com sorte ela não tinha visto a foto....mas aquele sexto sentido que não falha e claro está, não falhou. Ela telefonou-me a chorar, muito nervosa e com aquilo que vulgarmente se chama de "dor de corno" e sobretudo magoada. Deu-me raiva vê-la tão magoada, tentei acalmá-la mas os resultados foram nulos.
Pergunto-me será que os homens são desprovidos de qualquer sentimento doce? Será que era tão difícil assim conservar aquela competição masculina para outra esfera? Será que não a podia ter bloqueado antes de fazer tudo aquilo?
Não me ponham comentários a dizer que existem homens bons, eu sei que sim, mas infelizmente, este caso representa uma vasta maioria em expansão que deveria ser extreminada ou pelo menos passar por uma casa de correcção. Dos homens bons posso dizer que lhes agradeço infinitamente a sua existência e que se puderem dar umas chibatadas morais naqueles que causam dor aos outros voluntariamente, eu pessoalmente agradeço!

"Vincit omnia veritas"

Thursday, August 25, 2005

Simplesmente...

Tuesday, August 23, 2005

Impressões...


"Impression: Soleil Levant" - Monet - exposto no Museu Marmottan em Paris

Monday, August 22, 2005

Pergunta

O que é a honra?

Sunday, August 21, 2005

Um dos meus favoritos


"The Wreck of a Transport Ship" - Joseph Mallord William Turner - na Fundação Calouste Gulbenkian (o segundo quadro que se julga faz parte da sequência está na Tate)

Saturday, August 20, 2005

Golpe Palaciano

Ontem o engenheiro José Sócrates quando questionado sobre a sua ausência do país enquanto este enfrentava uma devastação fortíssima devido aos fogos florestais respondeu: “Não entendo o porquê de tanta critica… Afinal estava cá o Primeiro-Ministro (referindo-se a António Costa)”
Está explicado, afinal elegemos um mas quem governa é outro.
Deve estar agora um assessor de imagem e pensar em como disfarçar esta gaffe do Primeiro-Ministro…
Ninguém tem vergonha? Assobiam todos ao lado à espera que alguém assuma as responsabilidades?

Queria deixar aqui o meu profundo apoio a Manuel Alegre que, em princípio, após as declarações desastrosas de Mário Soares, se irá candidatar à Presidência da Republica.
Mário Soares terá afirmado que Alegre não tinha apoios e que não representava a esquerda ao que o ultimo tenciona reagir organizando uma candidatura que demonstre a sua força politica e, no meu entender, mostre cabalmente a sua verticalidade politica.
Mário Soares continua a afirmar “O meu amigo Alegre…” – é caso para perguntar “Com amigos assim quem precisa de inimigos?”

Thursday, August 18, 2005

Momentos especiais

Finalmente, para o bem ou para o mal resolvi a minha questão pendente. O que daí sairá só Deus sabe.
Comecei a gozar de uns dias de praia, não de qualquer praia mas a minha praia, aquele que conheci desde que nasci.
É difícil definir a sensação mas quando tudo parece que se abate sobre nós, há coisas que nos fazem sentir tão bem que não há mais nada no mundo.
Cheguei à “minha praia” exausto, com olheiras, um estranho num local onde antigamente conhecia todas as famílias que já lá não estão, onde os amigos que antes trocaram juras de amizade eterna e prometeram passar sempre férias juntos.
Há anos que as coisas tinham mudado mas este ano porque antes de entrar de férias tive que tomar uma decisão que claramente vai mudar a minha vida a nível de trabalho.
Regressar aquela praia era como que voltar a sentir a despreocupação de quando era uma criança que todos conheciam e todos sabiam qual o toldo onde estava e me encaminhavam até lá quando eu me perdia.
Regressei envolto no anonimato que a idade trás quando as coisas se alteram mas sentido sempre que aquela é a minha praia, o meu cantinho de infância onde nada de mal me pode acontecer.
Qual não foi o meu espanto quando a senhora que me vendia gelados tinha eu 4/5 anos me chama pelo nome e começa a falar comigo – voltei a sentir a doce ternura que aquele lugar tem para mim, foi um momento mágico.
Agora que as decisões estão tomadas, olhando para este episódio, lembro-me de quanto tudo é relativo.
Estou de novo coberto de sal do mar, desgrenhado, exausto mas cheio de vontade de regressar à minha praia onde o tempo afinal parece que pára um pouco e onde as preocupações não entram…

Wednesday, August 17, 2005

Há 24 anos...

...a minha vida transformou-se radicalmente.

Era uma vez, uma menina de 7 anos que vivia com os pais e o avo em Lisboa, um dia, precisamente a 17 de Agosto de 1981, depois do almoco, o avo Jose chegou-se ao pe da menina e disse-lhe:
"Nasceu o teu irmaozinho. Vamos visita-lo ao Hospital!"

A menina estava a espera daquele momento com muita ansiedade desde ha meses, finalmente ia ter um irmao, alguem com quem brincar e poder conversar...

A menina vestiu o seu vestido mais bonito, que era de alcinhas azul escuro com cerejas e como estava em pleno verao umas sandalias. Deu a mao ao avo para ir visitar aquele pequeno que ela aguardava tao ansiosamente. Pelo caminho perguntou ao avo como e que ele era, se tinha deixado a barriga da mae toda arrumada, sim que ela acreditava que a barriga da mae tinha la brinquedos armazenados para os meninos brincarem enquanto esperavam para vir ca para fora, e la foi a conversar com o avo ate ao Hospital.

Quando chegaram, a mae estava la e o bebe tambem, cada um na sua caminha. A menina ficou feliz por ver a mae, mas ja nao tinha muita curiosidade em relacao a ela, afinal conhecia-a de toda a vida. Foi espreitar o bebe, ele era muito pequeno, mas mesmo pequeno e dormia. A menina ficou desiludida, afinal ele nao tinha tanta vontade de brincar como ela.

Ela ficou a olhar para ele durante um bocado e depois perguntou se lhe podia pegar ao colo, felizmente que a tia Isabel estava la, sentou a menina e pos-lhe os bracos em posicao de poder pegar no bebe ao colo, assim com os bracos entrecruzados...a menina estava muito compenetrada naquele momento da sua vida, afinal aquele era o seu irmaozinho e as recomendacoes para nao o deixar cair e lhe segurar bem a cabeca sucediam-se na sua mente... mas correu tudo bem.

Ela adorou desde o primeiro momento aquele irmaozinho que o destino lhe ofereceu, aprendeu muito com ele, teve que ter uma certa dose de paciencia ate ele comecar a poder ser objecto de brincadeiras, sim porque antes de ele sequer falar, ela po-lo a brincar, senao coitadinha, ainda tinha que esperar muito.

Sucederam-se muitos anos na vida dos dois, agora estao um bocadinho mais velhos, ja nao brincam tanto, mas ainda se riem muito, e sao muito amigos, embora tenham enormes divergencias.

Parabens irmaozi

Informação Perfeita

Todos nós tomamos decisões em cenários de incerteza e com custos que nem sempre conseguimos quantificar.
Quanto é que vale para nós ter o conhecimento exacto do que se vai passar?
Não minto, adorava saber o que se vai passar, mas isso retirava o sal da vida ou pelo menos em parte.
Gostava de ter mais informação sobre uma série de assuntos que não estão nas minhas mãos ou exclusivamente nas minhas mãos.

Monday, August 15, 2005

Sinto-me...

"A bull in a china shop"

Sunday, August 14, 2005

Fui comprar tabaco ao outro lado da rua…

Acabei finalmente os meus trabalhos, sigo agora para fase de quase descontracção.
Na quarta-feira que vem encerro outro grande capítulo e selo um dos meus maiores problemas.
É curioso como às vezes me apetece sair daqui, ir para a Patagónia ou algo assim…

Saturday, August 13, 2005

Perdoar

Tenho tido surpresas atrás de surpresas nestes últimos dias, na sua grande maioria foram todas bastante negativas, mas como dizem os meus amigos dominicanos “a todo hay que buscarle la vuelta” coisa que tenho tentado fazer com a maior placidez possível dadas as circunstancias e o meu próprio carácter. No entanto, ontem recebi um telefonema que me deixou muito apreensiva com a minha evolução pessoal.

Uma amiga ligou-me para me contar que se tinha reconciliado com o ex-namorado. Eu vou ser honesta, não digo que fiquei estupefacta porque poucas coisas me conseguem surpreender. Mas fiquei muito apreensiva, por ela em primeiro lugar porque ele é um paspalho (eufemismo) e por mim.

Agora vocês perguntam-se, mas que raio é que a Maria tem a ver com quem as amigas namoram ou deixam de namorar? E a resposta inicial é nada. Mas, neste caso, tenho tudo a haver. Gostava de saber se nas mesmas circunstancias que ela, eu aceitaria uma reconciliação fosse de que cariz fosse. Tenho tido várias dúvidas a esse respeito e penso, porque me conheço, que nunca aceitaria uma reconciliação. Porquê? Bem, em primeiro lugar porque tenho memória de elefante, raramente me esqueço de uma ofensa que me façam. Em segundo lugar, porque dependendo da situação, há coisas que não perdoo. Sou incapaz. Tudo o que para mim possa ser considerado uma falta de lealdade é imperdoável.

Já estou a imaginar as caras de horror espelhadas do outro lado do écran. Não é bem assim, eu não exijo a ninguém em termos pessoais, o que não exija a mim mesma, o que se passa e que eu sou mesmo muito exigente comigo. Há quem diga que sou mesmo a minha pior inimiga.

Então o que é que me fez parar e pensar tanto neste caso especifico? O que me fez parar e pensar tanto é pura e simplesmente a noção de que se calhar não posso ser tão exigente com os outros. Se calhar, eu sou um bocadinho radical, fecho uma porta e não a volto a abrir. Não é tanto que tenha medo do que esta por trás dessa porta, mas sim a nítida sensação de que a maioria das pessoas não muda e que portanto, tendo uma segunda oportunidade de voltar a entrar na minha vida, me magoariam outra vez.

Acho que vou continuar a pensar sobre este assunto mais uns dias, mas não garanto conseguir chegar a conclusões rapidamente. Por outro lado, ninguém do meu passado quis voltar a entrar na minha vida por isso, posso e vou adiar a resposta ao meu dilema.

Thursday, August 11, 2005

Exmos. Senhores Politicos

A suas Excelencias
Os Politicos,

Venho por meio desta solicitar-lhes que vao de ferias. O povo agradece. Estamos fartos da OTA e do TGV, estamos fartos das autarquicas e das acusacoes de perseguicao partidaria, estamos fartos dos sucessivos adiamentos de decisoes e dos programas de governacao que teimam em ficar na gaveta.

Nao queremos continuar a abrir os jornais e ouvir os noticiarios para ouvir dizer que arderam 100 mil hectares de floresta ate ao dia de hoje e ouvir as declaracoes de conveniencia do Ministro da Administracao Interna, nao queremos ouvir que o Senhor Jose Faria (ex-colaborador de Avelino Ferreira Torres) se tentou suicidar porque recebeu ameacas de morte apos depoimentos na PJ do Porto, acreditem que nao queremos ouvir falar das querelas entre o Dr. Rui Rio e a Senhora Ministra da Cultura que metem o IPPAR ao barulho.

Um mes, so lhes pedimos um mes de paz e tranquilidade, nao os queremos ver nem ouvir. Talvez se nao trabalharem um mes e nos derem descanso, talvez assim nos seja possivel aceitar com algum pacifismo a proliferacao de campanhas eleitorais que veem a caminho.

Senhor Dr. Manuel Maria Carrilho, faca como os restantes candidatos, desapareca! Faca-nos o favor, isso ou aquele cartaz que ontem lhe caiu em cima da cabeca que passe a ser de betao. Nao vos posso ouvir mais, e aposto que ninguem neste pais tem paciencia para campanhas eleitorais que durem 4 meses.

Sem outro assunto de momento despaco-me de V. Exas. com elevada estima e consideracao,
Maria

Pergunta

Será possível ter saudades do futuro?

Wednesday, August 10, 2005

Carta II

Querido avo,
O tempo tem sido bom comigo. Nao voltei a estar doente e mudei de curso, fiz o curso com uma perna as costas, afinal era o que eu queria fazer. Nao acerto com os homens, mas o avo sempre me disse que eu nao era desta epoca e comeco a achar que vai ser preciso um homem muito forte para me agarrar, continuo com o mesmo mau genio pela manha e tambem nao consigo dominar os meus maiores defeitos, ser impulsiva e teimosa como uma mula.
O seu neto cresceu bem, esta um homem. Tem vindo a assumir a chefia da familia. Infelizmente as coisas nao sao pacificas. E ele tem demasiada responsabilidade para a idade que tem. Mas ele aguenta-se bem, resmunga muito, e questiona-se demasiado. Veja la que lhe deu agora para andar muito preocupado comigo!
Temos que assinar uns papeis que nos podem vir a ser muito prejudiciais se nao conseguirmos acautelar todos os nossos direitos. Sabe? As vezes pergunto-me como e que o avo ia resolver tudo isto. Imagino-o sentado na sua poltrona no quarto a "ruminar" sobre o assunto, e depois levantar-se e ir dar os seus passeios pelo corredor.
Estamos a passar uma epoca de tempestade, mas isto vai passar. Confio plenamente no meu irmao sei que ele anda muito angustiado com as decisoes que estamos a tomar e com os riscos que estamos a correr e fico triste, nao lhe consigo explicar que eu tambem estou angustiada, que tenho os mesmos pesadelos que ele tem todas as noites, e que acordo coberta de suores. Mas avo, alguem vai ter que tomar estas decisoes em mao. E pela minha parte eu ja decidi, agora quero so acautelar algumas coisinhas, e bem, vou/vamos ter que aceitar o que a vida nos trouxer.
Tenho tantas saudades suas, o tempo ainda nao fez desaparecer a dor. De onde esta ajude-nos.
Um beijo muito grande para o melhor avozinho do mundo,
Maria.
P.S. - Este computador nao tem acentos portugueses, mas eu sei que o avo me entende.

Carta

Meu querido avô,
Sinto a falta de falar consigo, e neste momento mais ainda. Tenho que tomar tantas decisões em tão pouco tempo, sinto-me tão pequeno, tão novo, tão incapaz.
Sempre falámos que um dia seria eu que… mas sinceramente nunca pensei que esse dia viesse e tenho imensa dificuldade em manter o sangue frio e a cabeça no lugar.
E se eu falho?
Parecia tudo tão mais fácil quando o tinha a si ao meu lado, com a sua voz rouca. Tinha a convicção de que viveria tanto tempo quanto o que eu precisasse de si.
Cresci muito desde que o avô partiu, passaram nove anos e como é natural mudei muito a minha forma de ver o Mundo, de pensar, de agir. Como tudo mudou…
Há alturas em que passeio pela casa, vou ao seu escritório e fico a olhar para a sua estante. Lembro-me daquelas tardes em que o avô ia buscar um livro qualquer da estante e se sentava na sua cadeira, abria o livro num qualquer mapa, desenho ou imagem e lá passávamos nós a tarde a discutir algum assunto que invariavelmente estava ligado à história de Portugal ou do Mundo.
São tantas as pequenas contrariedades com que nos debatemos, umas mais importantes, outras menos mas tem faltado sempre aquela bonomia que só o avô conseguia ter.
“Os pequenos vão bem…” – resquícios linguísticos usados pela mãe e que remetem para um tempo, uma vivência que parece ter deixado por completo esta casa. Não que nos tenhamos esquecido de quem somos, mas as circunstâncias, essas meu querido avô mudaram tanto e tão drasticamente.
Gostava tanto de falar consigo, de lhe perguntar se está de acordo com as opções que eu quero tomar e que vou “amarrar” a minha irmã a. Sempre soube que o avô esperava que eu tomasse o seu lugar quando partisse, e cada dia que passa sinto mais saudades suas, se o avô se lembra, passava o tempo todo a fazer-me ouvir porque sabia sem margem para duvidas qual o melhor caminho, qual a melhor estratégia, qual a decisão ideal. Sempre me sorriu e me fez ver que havia mais do que uma forma de encarar as questões e que mesmo as que aparentemente eram fáceis podiam ter implicações importantes se não fossem acauteladas.
Tudo me parece tão difícil agora, tão complicado, se há coisas de que tenho certezas, outras existem que tenho dúvidas colossais e que não tenho a quem perguntar e o avô já cá não está para me dar resposta. Sim, de facto sempre achei que o avô tinha a resposta certa, na altura exacta para tudo e tinha/tenho uma confiança cega em si. O avô afirmou em relação ao seu pai que o considerava um homem extraordinário e que por cada dia que passava a sua admiração por ele aumentava, pois bem, comigo passa-se o mesmo mas em relação a si.
Têm sido noites em claro estas ultimas, desesperando por respostas que não chegam, por conclusões que parecem teimar em não me parecer correctas ou lógicas. Queria tanto poder parar um pouco o tempo e assim conseguir “chegar lá”. Sinto falta de me deitar na sua cama, cobrir-me com o seu edredão e dormir enquanto o avô via o telejornal.
O avô nunca teve dúvidas?
Sinto medo, muito medo mesmo, apercebi-me nesta semana que passou que já não sou tão pequeno quanto isso, afinal tenho mesmo mais responsabilidades do que alguma vez imaginei e que o avô desde sempre achou que eu devia assumir. É estranho, sempre achei que o avô o dizia mas que no fundo estaria sempre aqui para as segurar e eu passaria por elas consigo a meu lado. Agora que penso no assunto, de facto o avô nunca demonstrou ter a idade que tinha, sempre conseguiu parecer muito mais nova, com uma energia inesgotável para cuidar de toda a sua família, mesmo quando nós todos sabíamos que isso era um esforço grande.
Sabe avô, sei que daqui a 5 dias a decisão foi tomada e também sei que não estou longe de tomar a decisão possível mas sinto-me angustiadíssimo, estou pela primeira vez a tomar decisões totalmente só, como aquelas que o avô tomou quando chegou a sua altura e sinceramente, aqui entre nós, não tenho a sua capacidade e tenho muito medo de não ser capaz. Provavelmente sentiu o mesmo quando teve que “step foward” mas sinceramente não era nada disto que tinha imaginado. O que tinha imaginado? Talvez algo mais pacifico em que assumiria o seu lugar de forma tranquila.

Tuesday, August 09, 2005

CHUVA

Choveu! Viram? Choveu! Tres gotas, vou continuar a celebrar mais um bocadinho!
Yuppieeee! Ha esperanca!!!!!

Monday, August 08, 2005

Conto – parte III

Ao ver-se preso naquela redoma mágica o cavaleiro encarou de novo a ampulheta.
Os rubis caíam escoando-se e ele pensou para consigo: “É só esperar que passe e poderei sair”.
Mal formulou este pensamento e o fluxo até então constante de rubis cessou totalmente para grande desânimo do nobre cavaleiro.
Desesperado começou a pensar que aquele seria o seu fim e nesta altura os rubis que repousavam no fundo da ampulheta começaram a erguer-se juntando-se aos que ainda não tinham sido escoados. Aterrorizado o cavaleiro deu um passo atrás e à medida que o seu temor crescia mais se acentuava aquele movimento antinatural.
Nesta altura, o cavaleiro pensou na sua amada e os rubis pararam no ar e recomeçaram o seu fluxo descendente, muito devagar, parando por vezes deixando um fino fio vermelho suspenso.
As palavras de Saturno tinham ficado na sua cabeça “(…) através das tuas emoções (…)”
Apercebera-se naquele instante que esta ampulheta reagia ao seu estado de espírito, quando pensava em alguma coisa agradável o fluxo de rubis era descendente e quanto mais agradável e convicto fosse o pensamento maior a velocidade com que se escoariam os rubis restantes.
Sentou-se então no chão, de pernas cruzadas, contemplando a ampulheta e concentrou-se exclusivamente na sua amada – acto contínuo, o fluxo descendente aumentou a uma velocidade impressionante.

Saturno no entanto tinha preparado mais algumas surpresas do que só aquela…
De repente, no interior da ampulheta surge uma névoa que forma a imagem de um outro cavaleiro a abraçar a amada do nobre cavaleiro.
A tristeza invadiu-o e o fluxo parou e inverteu o sentido. A ideia de outro com a sua amada era algo que não conseguia suportar.

Voltou a ouvir a voz rouca de Saturno:
- Tendes a certeza de que ela vos ama? E tendes a certeza de que a amais?

O cavaleiro pôs-se de pé num salto e olhou em todas as direcções procurando o deus mas não o encontrando em lado nenhum. Decidiu responder mesmo assim

- Se não a amasse não teria ciúmes pois não? Só temos ciúmes de quem se ama!
- Verdade (disse de novo a voz rouca)… Mas qual a justa medida do ciúme? Não estarás a ser possessivo?
- Estarei, mas não a imagino com mais ninguém…
- Compete-lhe a ela escolher. Se a tua dúvida sobre os sentimentos que ela sente por ti é assim tão grande, só tendes desconfiança, não tendes amor. Viverás sempre envolto no medo, tornar-te-ás numa sombra assustada. Descobri qual o verdadeiro sentimento e sairás desta redoma.

O cavaleiro, mais abatido do que nunca, caiu sobre os seu joelhos e, com a face coberta de lágrimas desejou mais do que nunca ter certezas e sair daquele sitio infernal.
Pensou que iria morrer naquele local, perdido nas suas dúvidas, consumido pelos seus medos…

A ampulheta já tinha todos os rubis recolhidos na sua metade superior quando o desespero do cavaleiro atingiu o seu máximo…

Coisas simples (2)

Sunday, August 07, 2005

Elefantes Brancos

O Governo quando anunciou o seu plano estratégico de investimentos fez de dois projectos bandeiras. São eles o TGV e o aeroporto da OTA.
Nestes dias houve um movimento de blogues que requeriam ao Ministério da Economia na pessoa do Ministro Manuel Pinho que divulgasse os relatórios que serviram de base à decisão.
Pessoalmente considero irrelevante a consulta dos relatórios uma vez que neles qualquer um lê aquilo que quer. No caso destes dois empreendimentos, grande parte da justificação passa pela estimativa de fluxos de passageiros e cargas e estes têm por base modelos de previsão que são objecto de grande polémica entre os especialistas.
Associadas às previsões de fluxos estão associadas as previsões financeiras que deverão contemplar vários cenários, genericamente o cenário pessimista, o mais provável e o optimista.
Ora, se as previsões são razoavelmente falíveis e se há, a nível nacional, pessoas com créditos internacionais, que duvidam das previsões de fluxos apresentadas, parece-me que quem ler os relatórios se não souber como são calculados os fluxos e quais as subtilezas das previsões, entenderá daquele relatório o que quiser entender ou pior, o que quiserem que nós entendamos.
Sairá daquela leitura apenas os números ligados ao resultado financeiro perdendo-se a visão da base onde assentam e se esta é credível ou não.
Analisar projectos desta envergadura é tarefa para um grupo de pessoas e não apenas uma e nesta controvérsia, creio que continuamos todos a assobiar para o lado. Há um custo de oportunidade que é essencial quantificar, há uma discussão de prioridades que é necessária existir mas com base em exemplos concretos e com dados credíveis. Estamos todos a entrar no “diz que disse” em que todos falam mas ninguém sabe do quê exactamente.
Tenho ouvido um argumento que me confrange pela incoerência que revela: “Espanha também fez…” – notar bem: nós não somos Espanha nem temos neste momento uma economia florescente como a deles.
Para quem tiver curiosidade aconselho a espreitar este site: http://www.schiphol.nl/ – descreve a política associada à gestão deste aeroporto que é um exemplo da boa integração de transportes e de uma interface que se conseguiu tornar um nó principal da rede criando mais valias e valor acrescentado.
Quanto ao TGV, continuo a defender que é um projecto europeu do qual não sei se será benéfico para Portugal não participar mas também não sei se nesta altura, mesmo com as comparticipações da União Europeia não tem um custo social incomportável.
Bem sei que neste momento estou exactamente a fazer aquilo contra o qual me insurgi linhas acima que é falar do desconhecido mas permitam-me mais um pequeno passo – onde estão os canais de rega do projecto da barragem de Alqueva?
Era a parte mais onerosa e mais extensa da obra que sem que nos tivesse sido explicada foi retirada como que por magia da fase de execução ou melhor, continua à espera de melhores dias. Eram salvo erro 10000 Km de canais de rega que permitiriam abastecer várias plantações impedindo que, havendo falta de chuva, estas morressem causando prejuízos avultados. Não se fez porque era muito caro… Os espanhóis do lado de lá fizeram e agora compram a água da barragem para se protegerem da seca. Como o pensamento é diferente de um lado e do outro da fronteira…
Fala-se dos projectos mas ninguém se lembra de interrogar o Governo sobre isto?
Não se construí Foz Côa por causa das gravuras rupestres porque eram um enorme património, trariam turismo etc.. A barragem de Foz Côa iria permitir uma politica de transvazes que acautelaria as situações de seca extrema que vivemos. Optou-se mas sem explicar aos portugueses quais os riscos e não revelando o que se faz no estrangeiro. No Egipto fez-se a barragem de Assuão cujas águas iriam submergir templos considerados importantes – a decisão foi a de avançar com a barragem mas ao mesmo tempo “transplantar” os templos para uma zona segura.
Creio que mais do que forte investimento publico em projectos “emblemáticos” deve-se estudar o que existe, porque é que não funcionaram e corrigir o que for essencial. Quanto aos novos projectos, tem que haver discussão clara e com “cabeça tronco e membros” olhando para fora e ver o que é adaptável e o que é disparatado. É necessário um ministro que explique claramente como é que se vai fazer, com que fins, com que cautelas e o porquê da prioridade de uns projectos face a outros.
Não só ao Governo mas a todos os partidos compete explicar sem falácias ou tendências quais as vantagens e desvantagens e quais os tempos escolhidos.
Portugal não pode continuar a ser um sonho adiado, um império por cumprir, um país que adormeceu à espera de um Salvador.
Temos a obrigação de exigir mais e melhor mas também temos que saber exigir.

Saturday, August 06, 2005

Eu e os homens

Em primeiro lugar, deixo uma nota de advertência aos leitores assíduos do “Complicómetro”, antes de postar fosse o que fosse, tive uma longa conversa com o Luís. Assim, sinto-me com total liberdade de escrever o que me apetecer e como já sou grandinha, sou também totalmente responsável pelo que escrevo.

O tema que me proponho hoje tratar, é de certa forma delicado. No fundo é parecido com a minha relação com ele. Tenho maioritariamente amigos homens, trabalho num serviço só com homens, mas em termos de relações afectivas, tenho que confessar que eles deixam muito a desejar. E porquê? Ainda não entendi se nasceram com alguma deficiência mental, genética ou se são deficientes emocionais. Às vezes tenho a sensação que aquilo lá por dentro não funciona muito bem, mas já lá vamos.

Comecemos pelos meus amigos homens, adoro-os! Nada me dá mais prazer que discutir com eles política, futebol e o que mais houver. Claro que quase sempre acabamos por falar sobre mulheres. Aqui tenho que fazer uma distinção entre os meus amigos casados, como o Carlinhos e o Neto, com quem falo sobretudo de política, trabalho (já trabalhei com eles e agora sofro de saudosismo agudo) e futebol, e os solteiros. Entre os solteiros, tenho aqueles que mantém um certo ar de reserva e mistério quanto às suas relações e tenho os que me contam mais ou menos o que se passa na vida deles. E claro, sou Amiga deles e farto-me de rir. Mas uma coisa é certa, eles são um bocadinho redutores em relação à sua visão do feminino. Para eles, as mulheres são uma espécie rara e totalmente incompreensível que anda à procura de um casamento e que para atingir esse objectivo está disposta a tudo. As escolhas deles baseiam-se em dois factores interessantes. A durabilidade que pretendem dar à relação, se for uma coisa rápida com duração máxima de uma semana só interessa o corpo e no corpo não interessa tudo, são digamos as linhas exteriores o que mais importa. Se, pelo contrário, a relação for para durar mais que uma semana, entram em linha de conta outros factores, tal como a inteligência e simpatia. Mas estes são os meus amigos, gosto mais deles do que de chocolate, e não me afectam grandemente as decisões deles. O meu problema é quando eu conheço um tipo que me interessa…

Então, no meio de muitos homens encontro um que me interessa. Proponho-me dar-lhe um bocadinho mais de atenção para ver o que é que acontece. Invariavelmente acontece o mesmo, escolhem uma putéfia qualquer que tem um sorriso delicodoce, um decote até ao umbigo e um cérebro do tamanho de meia ervilha. Não sou bonita, mas não sou um espavento, sou muito simpática (sobretudo com quem gosto e por quem sinto empatia) e sou inteligente. Então qual é o meu problema? Nenhum, quer dizer, não tenho o corpo com as dimensões que os homens consideram importantes, mamas e rabo em primeiro lugar, seguidos a curta distância pelas ancas. Ah, esqueci-me dos olhos, os meus são castanhos como os de quase todas as portuguesas, mas têm vida. As mulheres que eles escolhem têm invariavelmente olhos de carneiro mal morto. E tenho um defeito que aos olhos dos homens é imperdoável, penso. Pensar e agir em conformidade deixa a maioria dos homens paralisados. Mas já alguém viu um homem tomar uma decisão? É que eu ainda não! Tomar uma decisão implica o risco supremo, aquele cujo nome nem devia ser pronunciado, mas eu não tenho medo. O risco supremo é o compromisso. É por causa do compromisso que os homens não tomam decisões. Combina-se um ir tomar um café. Onde? Decide tu. Mas porque é que tenho que ser sempre eu a decidir? Porque no dia em que um homem decidir que quer ir tomar café à beira rio, ou à Versailles, ou ao Corte Inglês, compromete-se. Claro que isto só se passa lá na cabeça deles. Ninguém no seu juízo perfeito considera que escolher um local para tomar café implica compromisso, mas aquelas santas alminhas acham que sim…

Por isso, estou sozinha. O último fugiu assustado. Ainda estou para entender com o quê, mas já decidi que essa parte do meu passado vai ser exorcizada noutro lado. Ainda assim, a minha dúvida mantém-se, será que nasceram com alguma deficiência mental, genética ou se são deficientes emocionais? Se alguém souber a resposta, dê-ma! Eu agradeço.

“Enola Gay”

Sessenta anos depois, um Fat Man após, a Humanidade deve-se recordar das portas do inferno que abriu.
Um país posto de rastos com duas bombas, uma actual potência que por ter visto o inferno não quis nunca ter armas nucleares.
Quando discutimos às vezes coisas tão insignificantes, não nos podemos esquecer daquilo que é realmente importante.
Enola Gay- entrou para a história, o avião que lançou a primeira bomba atómica faz hoje sessenta anos.

Friday, August 05, 2005

Um país em chamas

Foi mais um dia em que o país ardeu de Norte a Sul sem que houvesse nada que os bombeiros pudessem fazer.
Aldeias cercadas por chamas, casas ardidas, vidas de pessoas completamente desfeitas. Houve uma imagem que me marcou especialmente – uma senhora que chorava, porque a sua casa ardia, agarrada a uma imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Não costumo escrever sobre estes assuntos porque são complexos e complicados de analisar e porque tenho uma visão muito pequena da real dimensão e complexidade deles mas hoje é mais forte que eu.
Há um ano atrás tínhamos os jornais a pedir a cabeça do Ministro da Administração Interna acusando o Comando do Serviço Nacional de Bombeiros de descoordenação e o Governo de não agir em conformidade. Este ano, mais uma vez a situação repete-se, há uma área ardida comparável à do ano anterior e não se ouve uma única critica. Porquê?
Creio que mais importante que a “guerrilha” politica em que os nossos partidos políticos são tão hábeis a questão se deve colocar porque parece evidente uma falta de gestão impressionante ou se existe, parece não surtir qualquer efeito porque ano após ano a história repete-se.
Em Portugal é tradição haver fogos florestais, sempre houve desde que Portugal existe. Os Bispos podem absolver alguns pecados que os padres comuns não podem, e em Portugal, desde a idade média que entre estes pecados está o atear de fogos – curioso não é?
Mas é chegada a altura de perceber quais as verdadeiras causas por detrás de estes desastres porque se o clima explica muito, outros há que parecem evidenciar mão criminosa e no entanto os resultados das investigações não parecem reverter em resultados visíveis, palpáveis.
As questões de organização das forças de bombeiros devem ser discutidas abertamente, reconhecendo que não há dinheiro para o ideal mas que com o que há talvez se possa fazer melhor. Como é possível que um país que tinha na floresta uma das suas maiores riquezas seja incapaz de a defender? A questão é que nunca encarámos a floresta como riqueza mas sim como inevitabilidade e ainda hoje olhamos para ela sem perceber todas as suas potencialidades que vão desde fornecimento da matéria prima madeira, ao lazer, passando pela importância ecológica que portanto se reflecte na saúde de todos nós.
Várias causas têm sido apontadas por diversos especialistas e várias possíveis soluções também mas a verdade é que “os cães ladram e a caravana passa”.
Não sendo um ecologista fanático devo dizer que este delapidar do nosso património natural com os evidentes prejuízos quer para a saúde da população quer económicos para o país me choca. Parece que não damos importância a estes factores e nos perdemos deleitadamente a discutir energias alternativas mais ecológicas, parques eólicos que resolverão o défice energético do país permitindo cumprir os valores impostos pelo protocolo de Quioto.
Estranho país de contrastes em que se deixa arder um bem dificilmente recuperável danificando muito o ambiente e aparentemente (e friso o aparentemente porque como disse antes a complexidade da rede de decisão assim o impõe) não se faz nada quanto a isso mas depois temos os políticos a tentar justificar planos de investimento recorrendo aos méritos ecológicos que estes têm associados.

Thursday, August 04, 2005

Coisas simples

O Telemóvel e o Livro

Vinha hoje toda contente para o trabalho, passo o exagero do “toda contente”, quando reparei que ainda antes das nove horas da manhã, já havia muita gente a falar freneticamente ao telemóvel. Este facto não teria nada de extraordinário, não fosse eu estar cheia de sono e a pensar que aquilo era claramente um desperdício de forças e energia.

Desci a avenida em direcção ao metro, e cruzei-me com pessoas que tinham conversas de todos os tipos, desde a conversa de anuir, em que se ouve, ouve, ouve e se diz sim, hum, hum, hum, e conversas mais sérias. Finalmente cheguei à minha estação, invadiu-me uma sensação imediata de alívio. Foi quase instantâneo, podia ouvir unicamente o ruído dos rolamentos da escada rolante, e os semblantes sonolentos dos outros passageiros que me fizeram sentir menos só no meu mau humor matutino.

Entrei no comboio propriamente dito, e olhei com atenção à minha volta. Já estava mais desperta, e reparei que a maioria das pessoas estava a ler. Desde jornais diários e desportivos, a revistas de todos os tipos e livros. Fiquei deveras interessada pelos títulos dos livros ao meu lado, esqueci-me de vos mencionar que sou uma leitora compulsiva, havia quem estivesse a ler “O Profeta”, uma senhora lia os “Cem anos de Solidão”, um senhor estava a ler o nosso amigo Harry Potter com um entusiasmo que eu achei seria pouco característico dos seus quarenta e alguns anos.

E, ainda que não tivesse sequer aberto o meu livro do momento (“Brida” do Paulo Coelho), fiquei entusiasmada a pensar que os portugueses estão a mudar. Quem diria há dez anos que haveria tanta gente a ler no metro? Fiquei extremamente confortada com esta imagem e cheguei ao meu destino, os Restauradores.

Saí do metro e oiço aquele fantástico “Nokia Tune” que me irrita solenemente porque se mete na cabeça e até se ouvir algo decente ecoa, ressoa e chateia. E regressei à realidade. Pergunto-me agora, passadas todas estas horas, se eu não estaria com inveja daquelas pessoas terem alguém a quem telefonar ou alguém que lhes telefonasse às oito e meia da manhã....

Wednesday, August 03, 2005

Uma primeira vez

Pois é amiguitos, na vida de uma pessoa, há uma primeira vez para tudo.
O Luís, decidiu correr o risco de aceitar a minha colaboração aqui no complicómetro e pelo menos nunca poderá alegar desconhecimento sobre a minha forma de pensar e agir!
Compotinha e Xavier, colaboradores deste blog, uma saudação muito carinhosa para vocês.
Salta Pocinhas, onde andas?
Beijinhos,
Maria

Almoço de amigos

Hoje fui almoçar com um grande amigo e colaborador deste espaço para podermos conversar um bocado. Como é natural lá acabámos a discutir a nossa “vida sentimental”.

Após uma conversa animada sobre as desventuras de quem espera e desespera, e já desesperados a pensar que não entendíamos as mulheres eis que nos ocorre esta frase: “Porque é que as mulheres não vêm com livro de instruções?”
A minha resposta foi: “Elas pensam o mesmo de nós, elas queixam-se que nós não vimos com livro de instruções”
A réplica desarmou-me pela verdade universal que encerra: “E para quê que elas precisam? Quando nós gostamos delas fazemos tudo o que elas querem…”

E assim, entre um café e um sumol de laranja resolvemos as nossas questões amorosas (ou não)…

Apesar da brincadeira evidente que está patente nesta conversa – a brincar a brincar dizem-se grandes verdades…

Tuesday, August 02, 2005

Dúvidas

Esboço aqui uma tentativa de pôr por palavras aquilo que vou sentindo, num exercício que não deixa de ser doloroso, espero que ele me alivie.
Há dois anos atrás tomei uma opção e investi muito para chegar a determinado fim, agora, por motivos que não os que eu previra, parece que está ao alcance da mão e de repente pergunto-me se vale a pena.
Não deve ser normal mas agora que aqui cheguei não sei se quero esticar a minha mão e agarrar.
Sinto uma mescla de prazer e tristeza – aparentemente conseguirei lá chegar e afinal tinha razão mas... Valeu a pena?

Estava prometido

Ficam aqui os links que prometi incluir neste espaço ;)

http://www.mypreciousthings.blogspot.com/
http://www.pringicfb.blogspot.com/
http://pwp.netcabo.pt/infocatalogo/smile/ - como são vários blogs do mesmo autor, preferi colocar cá o seu universo…
http://threwthewindow.blogspot.com/

Para aqueles momentos em que uma imagem vale mais do que mil palavras:

http://www.cliffordross.com/index.html